QUE DESASSOSSEGO . . . . .
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Três dias seguidos de calor sem calma, tempestade latente no mal-estar da quietude de tudo, vieram trazer, porque a tempestade se escoasse para outro ponto, um leve fresco morno e grato à superfície lúcida das coisas. Assim às vezes, neste decurso da vida, a alma, que sofreu porque a vida lhe pesou, sente subitamente um alívio, sem que se desse nela o que o explicasse.
Concedo que sejamos climas, sobre que pairam ameaças de tormenta, noutro ponto realizadas (…)
A imensidade vazia das coisas, o grande esquecimento que há no céu e na terra . . .
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(Livro do desassossego, pág. 173, Fernando Pessoa)AC
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