Com este título, o antigo presidente do IPMA publicou no "Observador" um artigo que reputo de bastante interessante.
Refere-se às candentes e problemáticos questões da água, elemento indispensável à vida na superfície terrestre.
Refere-se às candentes e problemáticos questões da água, elemento indispensável à vida na superfície terrestre.
Evoca, entre outras coisas, as organizações ambientais, as decisões políticas, o Alqueva em concreto, e as fragilidades crescentes no Sul do nosso Continente no que à disponibilidade de água respeita.
Reproduzo partes desse artigo.
Muitos dos atores da discussão acalorada sobre o Alqueva não terão mudado de opinião, mas há que confrontar as suas previsões com a realidade. Ouçamo-los com respeito, com saudável memória de elefante . . . . . . .
Como previsto por muitos, e ansiado pelo Alentejo, o Alqueva é hoje um elemento fundamental da sustentabilidade económica do sul do continente: . . . .
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Apesar da real importância do Alqueva, a sua construção foi tudo menos consensual. Graças ao site “arquivo.pt” é possível fazer um pequeno exercício de memória e voltar ao dia 11 de abril de 2001 onde um comunicado de uma associação ambientalista muito respeitável, o GEOTA, escrevia (versão em inglês) sob o título “Dinheiro europeu a ser desperdiçado na região do Alentejo” algumas frases contundentes: “O projeto do Alqueva é a pior forma de promover o desenvolvimento”, “Este projeto só pode ser concretizado se os impostos portugueses e europeus oferecerem a água aos agricultores”, “A título de exemplo, e se tudo se confirmar, em 2025 o crescimento da produção agrícola portuguesa, devido ao projeto, deverá ser de apenas 0,65%”, “A salinização das terras irrigadas será um problema imediato, uma vez que as terras irrigadas são sensíveis ou muito sensíveis à salinização (65%) e a qualidade da água prevista é, na melhor das hipóteses, média”.
Um cientista português muito relevante, Miguel Araújo, exprime o seu ponto de vista num fórum de discussão, de uma forma ainda mais expressiva: “Que diremos aos nossos netos para justificar a indiferença com que a nossa geração aniquilou um património que a eles também pertencia? […] Quem irá beneficiar do investimento de 300 milhões no plano de rega do Baixo Alentejo? […] Também se fala de Alqueva turístico. Mas pergunta-se, qual o valor acrescentado de uma charca de água, barrenta, a cheirar a cágados, num país com uma das maioríssimas linhas de costa, por metro quadrado, na Europa?” e aponta quem vai beneficiar: “Naturalmente que o Alqueva irá trazer benefícios imediatos a alguns concidadãos.
Apesar da real importância do Alqueva, a sua construção foi tudo menos consensual. Graças ao site “arquivo.pt” é possível fazer um pequeno exercício de memória e voltar ao dia 11 de abril de 2001 onde um comunicado de uma associação ambientalista muito respeitável, o GEOTA, escrevia (versão em inglês) sob o título “Dinheiro europeu a ser desperdiçado na região do Alentejo” algumas frases contundentes: “O projeto do Alqueva é a pior forma de promover o desenvolvimento”, “Este projeto só pode ser concretizado se os impostos portugueses e europeus oferecerem a água aos agricultores”, “A título de exemplo, e se tudo se confirmar, em 2025 o crescimento da produção agrícola portuguesa, devido ao projeto, deverá ser de apenas 0,65%”, “A salinização das terras irrigadas será um problema imediato, uma vez que as terras irrigadas são sensíveis ou muito sensíveis à salinização (65%) e a qualidade da água prevista é, na melhor das hipóteses, média”.
Um cientista português muito relevante, Miguel Araújo, exprime o seu ponto de vista num fórum de discussão, de uma forma ainda mais expressiva: “Que diremos aos nossos netos para justificar a indiferença com que a nossa geração aniquilou um património que a eles também pertencia? […] Quem irá beneficiar do investimento de 300 milhões no plano de rega do Baixo Alentejo? […] Também se fala de Alqueva turístico. Mas pergunta-se, qual o valor acrescentado de uma charca de água, barrenta, a cheirar a cágados, num país com uma das maioríssimas linhas de costa, por metro quadrado, na Europa?” e aponta quem vai beneficiar: “Naturalmente que o Alqueva irá trazer benefícios imediatos a alguns concidadãos.
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Cinco associações ambientalistas juntam-se numa plataforma de protesto afirmando que o projeto do Alqueva é um crime, acusam o governo de falta de vontade e incompetência, e procuram impedir o cofinanciamento comunitário, o que não conseguem.
Estes exemplos são todos de organizações e de pessoas que têm dado contributos significativos para a preservação do ambiente e o desenvolvimento científico. . . . .
Estes exemplos são todos de organizações e de pessoas que têm dado contributos significativos para a preservação do ambiente e o desenvolvimento científico. . . . .
No calor da discussão são vulgares o exagero e as teorias da conspiração. . . . .
Cada elemento da sociedade tem um papel a desempenhar . . . . . . É preciso introduzir na equação a componente económica que é quase sempre tratada de forma sobranceira pelas avaliações unidimensionais. As organizações vocacionais são importantes, mas não são juízes independentes.
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Do que sabemos hoje os decisores políticos estiveram bem no Alqueva. . . . . . .
Estamos agora perante novas decisões complexas que envolvem assegurar a disponibilidade de água ao sul do continente e uma partilha equilibrada deste recurso entre as regiões e os utilizadores para viabilizar todas as atividades económicas, bem como os caudais necessários para a proteção dos ecossistemas aquáticos. Muitos dos atores da discussão acalorada do princípio do século não terão provavelmente mudado de opinião, porque ela radica numa hierarquia de valores muito firme, mas na qual outros setores da sociedade se não revêm. Mas temos sempre de confrontar as diferentes previsões com a realidade.
Ouçamo-los a todos com respeito, mas mantendo sempre uma saudável memória de elefante.
Gosto deste artigo de opinião particularmente porque, por um lado salienta a importância para a sociedade dos contributos das organizações ambientais mas, por outro lado, salienta que a vida não se esgota nos protestos e nos contributos deles, pois é necessário que uma decisão política seja sobre o que for tenha em conta todos os contributos e todas as vertentes, e depois decida.
AC
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