FOI DIA MAU, MAS REPAREI NELE, TORNOU O DIA PIOR
Este Sábado foi um dia mau.
Aliás vai ser um fim de semana horrível a começar manhã Domingo na igreja da Praça de Londres, e continua por 2ª Feira, para muito dolorosa despedida.
Numa vã tentativa de desviar o cérebro do choque, a dada altura andei pela gordas via internet.
Entre muitas outras coisas dei com uma notícia em que, naquele seu ar arrogante e quase malcriado, o patrão do PS arrotava que nunca nenhum governo tinha feito tanto pela ferrovia em Portugal.
Como estou destroçado pelo desaparecimento de um dos meus melhores amigos naturalmente que nada mais aumentaria o meu choque.
Mas recordei atrasos e decisões de compras discutíveis e que, aliás, parece que não estão assim muito bem. Mas adiante.
Isto vem a propósito do neto do sapateiro e da sua arrogância e, simultaneamente, da notícia acerca do descontentamento da MEDWAY que anunciou que, provavelmente, vai passar-se para Espanha.
E porquê?
Porque os tais bons governos PS para a ferrovia terão decidido coisas e legislado e terão assumido compromissos de subsídios e pagamentos que, vejam lá os marotos, parece que nada aconteceu do prometido.
É o que diz o homem da MEDWAY
A ser tudo exactamente assim como com desgosto foi confessado, pode legitimamente dizer-se - enfim, o costume à boa maneira a PS.
AC
Medway avisa Governo: empresa pondera sair de Portugal e mudar-se para Espanha
Em declarações à TSF, o presidente da Medway acusa o anterior Executivo de "inação" e de "não cumprir uma decisão que estava tomada e garantida"
A Medway, empresa de transporte ferroviário de mercadorias que comprou a CP carga e que tem 80% da quota de mercado em Portugal, pondera abandonar a operação no nosso país e ir para Espanha. Em causa está a falta de pagamento dos incentivos fixados pelo anterior Governo, a nível de energia (eletricidade e combustível), que até hoje não foram pagos ao setor, e o aumento de 22% da taxa de uso da ferrovia.
Em declarações à TSF, Carlos Vasconcelos, presidente da empresa, confirma que essa possibilidade é real. "O grupo está a ponderar, de facto, se vale a pena continuar a operar em Portugal, quando em Espanha tem todo o apoio. A taxa de uso em Portugal na ferrovia foi aumentada 22% este ano e há um discurso que nós sabemos que é uma esquizofrenia permanente deste país e que nos deixa numa situação complicada. Como é que o Governo de um país soberano assume um compromisso, publica uma lei, assume um compromisso com um grande investidor em Portugal e depois não cumpre?", questiona.
"Não compreendemos o anterior Governo, esta inação, não cumprir uma decisão tomada e garantida. Ninguém o obrigou a tomar [esta decisão], ninguém lhes pediu que garantissem, mas eles não só tomaram a decisão, legislaram nesse sentido, o próprio primeiro-ministro do país garante uma coisa que vai pagar imediatamente e depois não cumprem. É evidente que isto gera um desconforto enorme e leva um investidor estrangeiro a dizer: 'Em que raio de país é que eu estou a trabalhar e a investir, em que tenho projetos que ultrapassam os 390.000.000 de euros, o que é que eu estou aqui a fazer? '"
O presidente da Medway assume que, em aberto, está mesmo a paragem da atividade em Portugal e a ida para Espanha, onde a empresa tem vários incentivos, por exemplo, um custo da taxa de uso oito vezes inferior.
"Eu vou é para Espanha, onde apoiam, têm uma taxa de uso da via-férrea oito vezes inferior à portuguesa, apoiam na energia e no combustível", afirma.
Carlos Vasconcelos espera que o novo Governo resolva a situação. "Tenho esperança que este novo Governo resolva a situação, é sempre desagradável a um governo herdar uma situação destas, mas institucionalmente o que existe é um país, mas eu tenho uma esperança que este Governo não seja, nesta matéria, como o anterior, que prometeu, prometeu, prometeu, legislou, legislou e não fez nada. Espero que este faça alguma coisa para bem do país, porque nós temos uma empresa sustentável, que tem gerado postos de trabalho, que tem investido fortemente na ferrovia em Portugal, que tem projetos grandes para Portugal, como seja uma oficina de manutenção e eventualmente construção de vagões", sublinha.
O responsável pela Medway esclarece que já teve um contacto com o Governo de Luís Montenegro e espera por uma reunião em breve. Para já, nota recetividade do Executivo para resolver a situação. O prazo para a decisão é o Orçamento do Estado para o próximo ano.
"Espero que este governo, de facto, seja sensível. Já tivemos só um pequeno contacto com o Governo, que nos mostrou simpatia, compreensão, problema e precisava de o estudar. Obviamente espero ter uma reunião brevemente com o Governo para discutir o assunto já a outro nível e de forma mais assertiva. Quanto ao prazo, a questão das compensações para nós é absolutamente urgente e precisávamos disso. Eu diria que era para ontem, mas aqui não dá para estar à espera muito tempo. Era bom que todas estas medidas até setembro ou outubro estivessem aprovadas. Depois, o Orçamento do Estado tem de contemplar isto", acrescenta.
Miguel Rebelo de Sousa, diretor-executivo da Associação Portuguesa de Empresas ferroviárias, na entrevista d'A Vida do Dinheiro desta semana, diz que será uma tragédia se a Medway sair de Portugal para se fixar em Espanha, mas compreende, uma vez que esta é uma decisão que cabe ao acionista.
"Representa cerca de 80% do mercado e, portanto, se acontecesse uma coisa dessas, era negativo. Mas é verdade que a Medway opera em Portugal e opera em Espanha. É verdade que a Medway tem tido em Espanha um aumento muito grande de quota de mercado e, portanto, faz sentido. Tem um grande incentivo pela parte das autoridades espanholas para continuar a sua senda de investimento no mercado espanhol. Vai passar a ser responsável pela Renfe mercadorias (...) No final do dia, é normal que um acionista pese até que ponto é que faz sentido continuar a insistir num mercado onde, pelos vistos, não tem condições para ser competitivo, quando, ao lado, tem outro mercado, onde tem incentivos para operar, tem incentivos à transição modal, incentivos à descarbonização dos transportes. Portanto, até para comprar comboios elétricos tem incentivos em Espanha. Recebe financiamento sem custo. E nós, cá em Portugal, não só não damos qualquer tipo de apoio, como ainda por cima tornamos mais caro o transporte de mercadorias e isso é um contrassenso", alerta.
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