segunda-feira, 17 de junho de 2024

PRESTÍGIO  e …… QUE MAIS?

Direi que nas "bolhas" vai uma certa excitação com a provável ida de António Costa para presidente do Conselho Europeu.

Fora das "bolhas", que português comum se preocupa com essa possibilidade, que português se interessa e acompanha a coisa?

Não sei, naturalmente, mas cheira-se que a esmagadora maioria dos meus concidadãos se está borrifando para esse assunto. 

Está quase de certeza interessado é nas assembleias gerais dos grandes clubes de futebol nacional, nas transferências futebolísticas, no campeonato Europeu de futebol, e à espera que o tempo fique mais quente para ir à praia.

A ida de criaturas das nossas elites (???) para cargos internacionais ocorre há vários anos em grande parte como consequência da nossa adesão à CEE/ UE. Mas, igualmente fruto da integração de Portugal na OCDE, no BEI, na ONU, na OTAN, nos tribunais internacionais, e em outras organizações internacionais, e ainda fruto de acordos bilaterais, e por isso há décadas que civis e militares são colocados em cargos internacionais.

Sou um desses casos, basicamente um cidadão anónimo desconhecido dos meus concidadãos. Estive no estrangeiro em vários períodos da minha carreira, com duração diferente, 3 meses, 5 meses, quase dois anos e três anos. Para já não referir a quantidade de deslocações ao estrangeiro em serviço do país por imensos períodos normalmente de uma semana, às vezes 15 dias. Reuniões, cursos, conferências.

Isto dito, é muito provável que uma grande parte dos meus concidadãos tenha presente que António Guterres cumpre um segundo mandato na ONU como secretário-geral da organização.

Admito provável que muitos se recordem que Durão Barroso esteve dois mandatos como presidente da Comissão Europeia.

Mas, quantos se recordarão que Freitas do Amaral esteve, salvo erro, um ano na ONU?

Quantos saberão dos nossos representantes nas organizações judiciais internacionais? Quantos se recordam dos comissários portugueses na Comissão Europeia?

E dos nossos representantes nos mais diversos e diferentes "fora" internacionais?

Vem tudo isto a propósito do processo que está iniciado e decorrente dos arranjos e jogos subsequentes aos resultados das eleições Europeias. E Costa tem uma boa oportunidade.

Que ganha Portugal com a ida de Costa para a Europa? Que ganhou com Durão Barroso 10 anos em Bruxelas? E com Freitas do Amaral na ONU?

Naturalmente, os correligionários das famílias políticas dos que têm ido para o estrangeiro louvam sempre e enormemente os indigitados/ nomeados/ eleitos para os cargos lá fora.

No presente, nomeadamente os socialistas, louvam Costa e salientam, "ad nauseum", o prestígio que advém para Portugal da possibilidade de Costa ser eleito.

Concedo que certamente algum prestígio escorre para o país. Como é o caso de Guterres.

Mas, quando se olha para coisas concretas, e sendo certo que as pessoas nesses cargos se devem pautar pela decência e pela imparcialidade, que coisas concretas e boas e importantes aconteceram a Portugal fruto da presença de portugueses em certos e importantes cargos internacionais?

Por mim e admitindo como sempre poder estar enganado ou mesmo a ser injusto, a noção que tenho é que nada de concreto o país beneficiou dessas nomeações. Arrisco, ZERO!

Por exemplo, gostava de saber que esforços ou pelo menos que manifestações de interesse tem manifestado Guterres quanto ao processo do nosso pedido de alargamento da plataforma continental que jaz num departamento da ONU há pelo menos 11 anos?

Basicamente, esses nossos representantes melhoraram o "Curriculum", granjearam reputação. 

Aguardemos.

António Cabral (AC)

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