quarta-feira, 2 de outubro de 2024

MINISTRA, AUTARCA, o COSTUME

O politicamente insuportável (opinião pessoal, naturalmente) autarca/ vice-rei do Norte teceu umas considerações sobre as declarações da actual responsável pela Administração Interna, declarações proferidas quando as escadarias exteriores da Assembleia da República estavam assaltadas por ( dizem) 1300 bombeiros sapadores e mais os "adereços" que eles para lá levaram.

E o que em síntese disse a senhora?,  creio que foi mais ou menos isto - o patrão dos bombeiros sapadores não é o Estado, são os municípios.

E respondeu o vice-rei do norte - "a senhora ministra não sabe o que está a dizer"

A ministra avançou assim - as negociações que estão a decorrer com os bombeiros vão chegar "a um bom termo", mas recordou que os sapadores "dependem das autarquias" e "não do Estado"

E o autarca continuou assim - já estou habituado que quando as coisas correm bem, é o Governo, e quando as coisas correm mal, são os municípios". "A senhora ministra já está há algum tempo em funções, devia estar a par da situação e, portanto, se não sabe, devia saber, e pode passar a saber a partir das nossas declarações"

E depois ainda mais assimque o Governo responda às reivindicações dos bombeiros sapadores, que "não custam um tostão ao Estado e serão asseguradas plenamente pelo município".

E ainda acrescentou mais isto - a única coisa que pedimos à senhora ministra, ela se quiser que descentralize, que faça o que quiser, agora que não diga que este é um problema dos municípios. É um problema que os municípios sentem na pele, os bombeiros sentem na pele, mas que não temos [autarquias] meios para resolver"

Salvo melhor opinião, parece-me natural o desejo de melhoria da parte estatutária respeitante às carreiras e face a condições de desempenho profissional. Como compreensível é o desejo de melhoria das condições salariais tenham elas as parcelas que tiverem. Indesmentível que a profissão bombeiro é uma das várias com desgaste elevado.

Isto recordado, julgo que a senhora ministra se espalhou um bom bocado.

Como é evidente sra ministra, são os governos (deixem esta treta de invocar sempre o Estado) e também o Parlamento nos casos em por força de normas Constitucionais isso tenha de ocorrer, que definem estatutos e carreiras (de bombeiros e não só) e que definem os respectivos vencimentos.

Depois, o enquadramento operacional, a gestão diária etc. cabe aos municípios, como lhes cabe pagar os salários mensais dos bombeiros na sequência das normais transferências anuais de verbas para os municípios.

Um pouco mais de rigor sra ministra.

E já agora sra ministra, se o governo anterior nunca tratou de nada como sempre lhe esteve na massa do sangue, também lhe convinha tratar de não engonhar as negociações no presente, e tratar as coisas com honestidade intelectual, com seriedade.

A propósito de honestidade intelectual política, o grande autarca além de chamar à atenção do espalhanço da ministra podia ter sido muito assertivo e muito enfático criticando fortemente os governos de António Costa.
Mas não convinha, era chato, não era?

Quanto ao Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores que promoveu esta arruada, é compreensível que lutem por um aumento salarial para compensar a subida da inflação.
Como natural me parece que desejem um subsídio de risco diferente e para melhor.
Como natural me parece o anseio por uma reforma aos 50 anos de idade.

O que me parece também, é que podiam ter sido muito assertivos e muito enfáticos contra os governos de António Costa, que nada lhes resolveram neste assunto. 
Claro que têm a desculpa da falta de tempo, pois só lá estiveram um pouco mais de oito anos! 

Mas não convinha nada não é, era chato terem tido essa honestidade intelectual política, não era?
AC

Ps: fiquei hoje a saber que os salários dos bombeiros sapadores do Porto não são pagos por verbas que são transferidas do OE para a Câmara Municipal do Porto, portanto, imagino que saiam da conta bancária pessoal do grande autarca (reivindicações dos bombeiros sapadores, que "não custam um tostão ao Estado e serão asseguradas plenamente pelo município)

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