AUTARQUIAS, GOVERNOS CENTRAIS, ELEIÇÕES
Aconteceu em Espanha uma tragédia de proporções avassaladores.
Oficialmente, mortos ultrapassam pouco mais de duas centenas.
Dizem que os desaparecidos poderão chegar aos dois mil.
Se é já um drama quando morre tragicamente uma única pessoa,
se este trágico número se vier a confirmar estaremos perante uma monstruosidade de vítimas.
O que se passou em Espanha, o que se está a passar em Espanha, foi despontado pela mãe natureza, e a mãe natureza sabe que pode contar, SEMPRE, com a demagogia, corrupção, incompetência, compadrio, nepotismo, mentira, manipulação, ocultação de realidades, de políticos e decisores.
A televisão mostra zonas destruídas, escombros por todo o lado, infra-estruturas arrasadas, lama, desespero das pessoas.
As imagens televisivas mostram o resultado da força da mãe natureza exercendo a sua fúria sobre superfícies onde, provavelmente, nunca devia ter sido autorizada construção.
A televisão mostra aquilo que nos legitima pensar na e duvidar da qualidade de sistemas, de várias instituições, de organização, local e estatal.
A televisão mostra-nos um horror e eu penso que de tudo o que vi ficou à vista o resultado da miséria moral de muitos na Espanha das autonomias, das comunidades, dos nacionalismos, das brutais desigualdades.
A televisão mostra-me - sem os visualizar - os políticos que vivem nas suas bolhas. A começar pelo socialista Sanchez.
A televisão mostra-me a ausência de decência nos palradores que discursam à distância.
Mas o que tem sido observado em Espanha na sequência do iniciado pela mãe natureza, não é monopólio de Espanha.
Em minha opinião, está dormente em muitos países, em muitas sociedades, a revolta das populações.
Um evento da natureza, uma tragédia como um gravíssimo incêndio, uma catástrofe industrial, despontarão a ira pois os problemas das pessoas não são resolvidos, de facto.
Passam os anos e trabalham para as eleições, para a manutenção no poder, a todo o custo.
Mas as populações, iradas, têm fraca pontaria.
O rei espanhol, que me parece uma pessoa decente (veja-se as suas posições para com o pai e restante família embrulhada em porcaria) tem muito pouca culpa.
Contrariamente a uma criatura ansiosa por morar em apartamentos caros, eu não vejo culpas da tragédia em Espanha exclusivamente num lado das barricadas políticas.
Posso estar enganado, mas o que a mãe natureza pôs ao léu foi uma Espanha podre, que os principais partidos espanhóis foram construindo ao longo dos anos, o PP e o PSOE.
Junte-se a isto os nacionalismos, e os ódios e está aí um caldinho que vai dar mau resultado.
Pessoalmente, creio que o PSOE do Pedrinho espanhol tem mais responsabilidades na Espanha do presente, a Espanha que se esboroa, a Espanha dos que tudo fazem para se manterem no poder, mas dizendo-nos sempre - somos os mais democratas de todos.
A seguir.
AC