Donald Trump quer comprar a GronelândiaSigo com curiosidade esta inarrável telenovela.
O meu velhinho dicionário tem muitas palavras que, tenho a certeza, se aplicam limpinho limpinho a este cabelo oxigenado.
Começo aliás por aqui, pelo cabelo: será que os produtos que coloca nos capilares do bestunto há vários anos são os causadores da verborreia que constantemente vomita?
Será que a mulher não partilha o leite deste balofo oxigenado e isso o leva dizer coisas sobre amor como - a invasão do Capitólio foi um acto de amor?
Vamos à galhofa e ao dislate.
Que me dizem os meus dicionários?
Vamos por letras:
Aldrabão de alto coturno, Besta, Cabrão, Doido, Energúmeno, Facínora, Gabiru, Hiperbólico, Imbecil, Jactancioso, Kepleriano (porque se calhar quer alterar as leis da atracção universal), Labrego, Maníaco, Negacionista, Oscitante, Parvalhão, Quadrúmano, Rancoroso, Safardana, Tarado, Untuoso, Vigarista, Xenófobo, Whisky drinker, Zouvineiro.
Vê-se que, aparentemente, o tipo está numa de compras.
Pois peço-lhe que me compre o terreno na aldeia de Monsanto, tem 0,782 Ha de área, pequenino mas mais do que suficiente para instalar uma boa parabólica de seguimento de satélites e mísseis e ainda os contentores de comando e sofisticada electrónica. E está junto da estrada.
Só tenho uma condição: tem que ser em Euros, nada de criptomoedas!
Mas falando agora com menos galhofa, estas sucessivas cenas de Trump e dos seus extremistas detractores (que, na minha opinião, têm razão em muitos aspectos), leva a recordar-me de outros presidentes americanos.
Concretamente de Carter e Reagan.
Quando da subida de Carter a presidente creio que por cá na altura falaram sobre o homem dos amendoins.
Foi há muito tempo, não vou perder tempo a procurar coisas de décadas passadas mas, tenho quase a certeza, houve alguma ênfase no facto do produtor de amendoins ter chegado a presidente.
Admito que posso estar enganado, mas na altura fiquei com a sensação de haver algum escárnio sobre isso.
Quanto a Reagan, coisa idêntica, um fraco actor de cinema de segunda ou terceira categoria chegar a presidente. Quanto à categoria de actor creio que era justa a classificação.
Mas tal como hoje acerca de Trump, por cá escreve-se muito sobretudo acerca do folclore à volta das criaturas. Muitas ideias feitas.
Mas, sendo na minha opinião três homens completamente distintos e diferentes e de origens sociais diferentes, estou certo que nenhum deles era/é burro, completamente desqualificado para a função presidencial.
Salvo melhor opinião, creio que o cerne da questão estava/ esteve /estará nos governos respectivos.
Estava/ esteve/ estará na qualidade dos assessores, dos homens e mulheres nos, NSA, FBI, CIA, Reserva Federal, Câmara de Representantes, Senado, representantes na ONU, embaixadores nas principais capitais mundiais, etc.
E, claro, na minha opinião, há que ter em conta o complexo militar-industrial, a alta finança americana, etc.
Parece-me legítimo eu e muitos outros olharmos com cautela e apreensão para muitas das escolhas anunciadas por Trump.
Sobretudo à esquerda e particularmente a mais acirrada, classificam quase como fascista o oxigenado Trump. Parece-me muito precipitado e folclórico.
Como cidadão comum, com uma pequena experiência internacional isto é, com algum ligeiro conhecimento das sociedades, Francesa, Belga, Holandesa, Britânica, Espanhola, Americana, Islandesa e Norueguesa, que me advém de anos no estrangeiro, sempre interessado e curioso pelas relações internacionais e pela geopolítica e pela história, creio que estamos a entrar ou entrámos mesmo há tempos num novo mundo.
Esta é uma verdade "de La Palisse", naturalmente, mas creio que aferir este recente novo mundo com as mesmas "ferramentas" de análise com que se foram observando os conflitos e os ciclos mundiais até há cerca de dois anos parece-me muito imprudente.
Posso estar enganado, naturalmente.
Haverá viragem dramática na América doNorte, designadamente nos EUA e no Canadá?
Trump tentará tornar os EUA mais nacionalistas, mais fechados?
Como olhará ele para a Rússia, China, Europa, NATO, Ucrânia?
E os acordos presentes envolvendo Austrália, Japão, Nova Zelândia etc.?
Como enfrentará a crise económica?
E a imigração ilegal?
E a questão nuclear?
E o Médio Oriente?
Ele e conselheiros vão continuar a estar firmes quanto à Coreia do Sul, Formosa/ Taiwan, Filipinas?
Vai/ vão continuar a manter as linhas definidas há anos quanto ao "tabuleiro" da EuroÁsia (Zbigniew Brzezinski)?
O Outro queria um cavalo para se safar e por ele dava o reino.
Este quer a Gronelândia e outras coisas parvas.
Eu só quero ter sossego, saúde, e que me comprem o terreno em Monsanto!
Ah, e quero um Porsche.
António Cabral (AC)