quinta-feira, 7 de abril de 2016


RECORDAÇÕES
Um bom amigo fez-me chegar este texto. Vale a pena reflectir.

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS
> Poema de Mário de Andrade

Contei meus anos
> E descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente
> Do que já vivi até agora
> Tenho muito mais passado do que futuro.
> Sinto-me aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
> As primeiras ele chupou displicente,
> mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
> Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
> Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
> Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
> Cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
> Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
> para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
> que nem fazem parte da minha.
> Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas
> que apesar da idade cronológica, são imaturos.
> Detesto fazer acareação de desafetos que brigam pelo
> Majestoso cargo de secretário geral do coral.
> As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
> Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
> Minha alma tem pressa...
> Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
> Muito humana; que sabe rir de seus tropeços,
> não se encanta com triunfos,
> não se considera eleita antes da hora,
> não foge da sua mortalidade.
> Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
> O essencial faz a vida valer a pena.

AC

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