quinta-feira, 7 de abril de 2016


A propósito do mar, divagações.
"O tempo dirá tudo à posteridade. É um falador. Fala mesmo quando nada se pergunta" (Eurípedes)

Vivemos numa sociedade em que, estou em crer, a maioria acredita no que vê na TV ou lê em jornais e revistas. 
Esquece a questão da cor da vida. 
Tal como no mar que, quando o olhamos, ora parece verde, azul, ou cinzento, há muito colorido nas coisas da vida, por sombria que esteja. A cor do mar também depende da profundidade, dos fundos, das algas, da temperatura, etc. Na vida, a cor depende também da profundidade com que olhamos as coisas, e das "algas" que nos tolhem na sociedade.
A doutrina do "politicamente correcto" sustenta a ideia de que é perfeitamente possível pegar num pedaço de bosta pelo lado limpo. Não é.
Tal como não é possível que o mar seja sempre belo e manso. Que não agrave a erosão costeira, que não vire barcos "maltrapilhos", que não maltrate irresponsáveis. 
Há sempre quem não respeite o mar, quem não se prepare antes de se fazer ao largo. 
A falta de respeito traz sempre consequências trágicas, porque o mar aguarda sempre a conjugação de mais do que uma imprudência ou má preparação para mostrar o seu poder. 
Também na sociedade, a falta de respeito pelas pessoas é o detonador de descontentamento colectivo. Há quem sempre ignore estas coisas básicas da vida. Depois surgem as tragédias. E os OCS retransmitem muitas vezes coisas erradas, não estudadas, não aprofundadas, deturpadas, e muitas vezes como favores a quem lhes paga. Total desrespeito pelo cidadão.
Como o mar, sempre presente, malfeitores e delinquentes de natureza vária continuam por aí. 
Há imensa gentinha que devia, de facto, ser julgada pelas consequências das suas negligências, irresponsabilidades, malfeitorias, inações, roubos, fraudes, a pouca vergonha com que exerceram cargos públicos, com que não serviram a sociedade. 
Mas só possível se estivessemos num País a sério. 
Designadamente porque, a titularidade de cargos públicos deve pautar-se pela excepcionalidade do discurso, pela coerência das acções à luz de projectos anunciados e sufragados, e deve ter em conta a responsabilidade assumida para com os seus concidadãos os quais, têm quer o dever como o direito inalienáveis de exercer, desde o primeiro dia, escrutínio constante relativamente à legitimidade de exercício desses cargos. O que não acontece por cá. 
E a amoralidade verificada no desempenho de cargos públicos têm décadas, por muito que os OCS digam o contrário, e apesar de agora se assistir a sucessivos e grotescos episódios de branqueamento dos passados.
O mar recua e avança. Tal como o mar sempre lembra, convinha não esquecer aquela outra gentinha que devia ser igualmente responsabilizada pelos desmandos e patifarias que também anteriormente promoveram, e pela situação a que nos conduziram, pelo respectivo descalabro na sua legitimidade (??) de exercício. 
E dar-lhes até a oportunidade democrática para explicarem de forma cristalina, como foi possível estarem agora tão financeiramente ricos, comparativamente com a sua situação pessoal à data dos anos 1970. Isto para os "meninos" actuais, e os de idades várias que estão para trás. Alguns dos que estão para trás, têm alguma razão em partes do que dizem hoje (creio), mas querem passar pelos pingos da chuva. E vão passar, pois a maioria dos meus concidadãos isso promove, e amnesicamente aplaude. Dessas criaturas, muitos têm a mania que são os donos de todos nós, que são os puros, os éticos, os honestos. Enriqueceram muito laicamente.
Mar, marés, rebentação das ondas, água salgada que esteve está e estará lá, sempre. Um vai e vem. 
A propósito, é aliás exercício curioso verificar o trajecto da esmagadora maioria dos figurões da política, dos negócios, dos escritórios, das lojas, das corporações, dos OCS, e os saltos que em décadas têm dado, mudando de poleiros, mas sempre dentro do sistema, incluindo cargos no estrangeiro. O vai e vem destas marés que nos ensopam. Lindo, como sempre. 
AC

(reproduzo a 99,9% este meu post de mais de dois anos, a propósito da porcaria que nos inunda cada dia que passa)

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