domingo, 23 de dezembro de 2018

Um PAÍS RICO, CADA VEZ mais RIDÍCULO
Parece-me que a realidade é, infelizmente, esta, a de um País "rico", "ridículo", recheado de elites ricas financeiramente, e ridículas na maioria dos casos. 
Para se avaliar deste grau, basta atentar nos que andam a correr a apagar as tonteiras, videos, dislates e outras coisas, que estavam colocados nas redes sociais muitas vezes pelos próprios "cromos" de forma a provar hoje que não houve nada do que se suspeita sobre a dignidade deles no passado recente ou, então, atentar nos alarves que se borrifam para as leis e culpam, assessores, colegas de escritórios, funcionários ou até familiares, de não terem feito o que deviam (!!!) de modo a que não surgissem depois coisas complicadas badaladas nos OCS. Ainda que sem qualquer consequência prática, ou jurídica, ou penal, ou criminal.
Um País de ricos ridículos que deixam uns tempos de continuar a ganhar fortunas para, despegados das coisas materiais da vida, transitar para os governos abraçando a causa pública sem quaisquer contrapartidas, que não seja fazer o bem pelo próximo.
É lindo.

E entregando-se à causa pública, com denodo, não descansam de fazer publicar em Diário da República M**** atrás de M****.
Devo ser um dos (não são de certeza muitos) que se preocupam em periodicamente passar os olhos pelos DR, 1ª e 2ª séries. E faço isto com insistência desde 1985, tendo tido alguns chefes que recriminavam esta atitude de cidadania. Um deles dizia que só nos devíamos preocupar com a nossa redoma!!! Que tolo.
Mais ou menos uma vez por mês, passo os olhos pelos sítios da Presidência, dos ministérios, da AR, dos partidos, da Procuradoria Geral da República e em particular a área de Lisboa, da GNR, da PSP, das Forças Armadas, da PJ, e por aí fora, em tudo o que possa dar uma amostragem do estado deste Estado!.
E digo-vos, prezados leitores, é uma delícia ver com que prioridades se preocupam os nossos dirigentes e responsáveis (!!!) a todos os níveis. Estes, os actuais geringôncicos, bem como todos os anteriores. Uma delícia.
A minha mulher diz que isto tem um certo "quê" de masoquismo!
Talvez.

Um País rico e ridículo, onde instantaneamente se consegue saber onde está uma trotinete mas levaram horas para descobrir onde tinha caído um helicóptero.
Ou, outro exemplo, desde o 25 de Abril apesar de uma lei em 1982, mais outras em 1993 e outras mais recentes, se continuar a não ter uma definição adequada quanto a que Forças Armadas queremos melhor, que o País deve ter, tendo presentes, a dimensão territorial, a dispersão geográfica, a vizinhança/ envolvente, a dimensão da área molhada sob nossa jurisdição ainda por cima com a questão da extensão da plataforma continental, riscos e ameaças, entre outras variáveis.
Uns pândegos argumentam que não senhor, que está tudo lindo e adequado, que participamos em missões internacionais, que a Força Aérea está atenta a tudo o que voa, e que as Forças Armadas estão catitas e adequadas à nossa dimensão, e não têm problemas de inventários. Até se diz com frequência "somos os melhores dos melhores.
Na realidade, creio que somos muito razoáveis, bons em certas áreas "nicho", mas andamos sempre a correr atrás das desgraças.
Até o CEMGFA vem dizer na sua mensagem Natalícia qualquer coisa que eu vou traduzir assim - vai havendo umas broncas do caraças mas os portugueses distinguem bem que uma coisa são as muitas broncas, outra coisa são as FAs, e que os Portugueses têm muita consideração pelas FA do País." POIS TÁ Claro!
Pessoalmente tenho há muitos anos as ideias valores e princípios bem organizados/ arrumados/ interiorizados e, no caso das FA, sei bem o que é a instituição militar, o seu indispensável papel na democracia, e que é uma instituição respeitável, e que merece todo o respeito. Um pilar da democracia, do regime.
Mas tenho as maiores dúvidas quanto a vários dos que por lá andaram, e andam.

Se olharmos por exemplo à realidade, vemos que Portugal é um País pequenino (um amigo diz que não passa de água por todo o lado incluindo na cabeça dos dirigentes e com uns cagalhotos dispersos pelo Atlântico e um cagalhoto maior agarrado à Europa), temos uma despesa do Estado a subir cada vez mais anualmente, temos consignado em OE centenas de milhões de €€ para as despesas de funcionamento do governo e da Presidência da República e da AR, incluindo as inúmeras passeatas, perdão, deslocações de serviço e trabalho político e diplomático, e participação em reuniões na NATO, UE e etc. 

Temos este PM politicamente um aldrabão, como politicamente aldrabões mais uns quantos, pois outra coisa não pode ser dita quando neste OE voltam a prometer basicamente o que prometeram no primeiro OE desta legislatura. Exemplos? Ferrovia, etc.
Temos um PR, governantes, deputados, presidentes de câmaras municipais que têm orgasmos cerebrais com as pompas dos desfiles nas festividades anuais da GNR, das FAs, da PSP, na passagem de revista aos corpos de bombeiros aquando das constantes deslocações em trabalho político (!!), e nem pensar em dispensar essas coisas.  
Como nem pensar em diminuir a quantidade de tribunas periodicamente montadas nessas festividades para albergar as Exas todas, desde os muitos titulares de orgãos de soberania, os muitos convidados nacionais e estrangeiros, aos vários agraciados, e ás muitas mulheres ou maridos deles e delas. 
Temos afectos em cada momento, para todos os momentos, para novos e velhos, carícias no pescoço, mas que rapidamente passam e são esquecidos os osculados e os abraçados.

Mas temos sobretudo gentinha com uma completa ausência de, sentido de Estado em tudo, sentido das proporções, noção das limitações gritantes de um pequeno País que é POBRE de recursos materiais e humanos.
Não percebem por exemplo o que implica este mar imenso sob nossa jurisdição, jurisdição/ responsabilidade que pode vir a ser bastante alargada a breve prazo.
Não percebem a necessidade de ter aviões que possam patrulhar a imensidão dos mares, nem a necessidade de ter nas ilhas muito mais do que o pouquíssimo que lá se tem quanto a navios, para acorrer ao que for detectado num dado ponto do oceano. Como ter no Continente adequados meios navais.
E quanto a navios, e não falo de "barcoitas saloias", não percebem a diferença entre o que é andar/ navegar num rio ou na foz dos rios, ou navegar no mar sendo que, há mar e mar, e há oceanos. 
Há mar calmo, há rugido de mar, há diferenças de mar quer em termos de, ondulação, comprimento de onda, periodicidade, força de vento, etc.
E por isso, há navios muito diferentes, concebidos para aguentar coisas diferentes e para executar missões diferentes. E, depois, não basta ter navios, é preciso ter estrutura de retaguarda, para apoio logístico, para apoio na manutenção. E é preciso dinheiro a sério para os navios, para o apoio logístico, para a manutenção.
É o que se vê há décadas, certo????

A realidade é que voltamos a ter em Diário da República consignações para uns "barquinhos" para a GNR.
Quando vejo estas coisas lembro-me logo de Cadilhe, pois foi no tempo dele que o convenceram que a GNR devia ter uns barquinhos.
Basta ir percorrer certos portos, como Sines, Setúbal e Lisboa, para constatar o ridículo e a inoperância, o estado dessas coisas.
Olhando à nossa história, depois da instauração da República, houve uma época em que já era tão escandalosa a desproporção entre o poder militar material da GNR comparativamente com o do Exército de então que, num assomo pouco vulgar de racionalidade, a GNR foi desapossada de imenso material militar.
Mas os tempos vão correndo e há sempre um parolo qualquer que é ministro e que se deixa convencer. 
Estou até a lembrar-me de um tolo que telefonou para casa a dizer que já era ministro e, pouco depois, num gesto de magnanimidade, no resto do chão da casa familiar nas Beiras foi instalado um balcão de um conhecido banco. 
E neste momento, lá estão consignados mais uns milhões para barquinhos da GNR, sem ninguém parar para ir verificar a sério o historial dos barquinhos que eles têm ainda, e não os filmes que ás vezes passaram nas TV.

É a história, pelo menos, das capelinhas.
Mas, também, da luta para destruir algumas coisas no âmbito da Marinha. E é, também, a continuada desatenção quanto ao que se tem passado a nível da UE e da célebre questão - guarda costeira.
E também as questões à volta da autoridade marítima.
Sempre, sem se atender à realidade do País, sempre sem evitar sobreposições, sempre sem racionalizar e aproveitar o que existe, ampliando, e para apoio a instituições diversas. CAPELINHAS.
Como isto é um País rico, eu acho até que António Costa devia tratar de criar na GNR, um departamento para uma guarda costeira com no mínimo 6 corvetas ou mesmo mais uma ou duas fragatas, e helicópteros, reerguer a guarda fiscal, aumentar a capacidade bombeiral nos GIPS, aumentar o departamento de guardas florestais, incrementar a Brigada de Trânsito de modo a ter drones e também bastante mais polícias de giro e substituir os Toyota por BMW ou Mercedes senão mesmo por Panameras, porventura um departamento com malta que pudesse ser rapidamente aerotransportada e, portanto, para não estar dependente da Força Aérea, ser dotada de helicópteros pesados de transporte de pessoal.
E, já agora, aumentar mais o quadro de pessoal na GNR, para poder lá ter mais gente do Exército em comissões de serviço. Dá umas vagazitas!!!!
Estamos nisto, galhardamente a caminho do precipício.
AC


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