Nas minhas passagens diárias pelos "media" tugas "online", dado que escassas vezes compro jornais e quando nisso gasto euros é para jornais da área económica e pouco mais, já tinha passado os olhos pelo "peculiar" semanário que tem o título de SOL.
Entre outras coisas os olhos demoraram mais sobre dois ou três artigos, e é sobre um deles que vou discorrer um pouco.
Porque é um tema da cultura nacional, e porque li um post do embaixador Seixas da Costa sobre esse assunto.
No online vê-se a capa do semanário com um título "Tudo em família", e fotografias de Carlos César, do seu filho (creio), Ana Gomes e a filha (creio), Pinto Balsemão e uma filha.
No interior, encimado pelo título "onde param as famílias mais influentes do país", estão textos sobre essas senhoras e senhores e mais alguns. Com fotografias.
O embaixador, atirando-se ao artigo, e em que na minha opinião tem alguma razão, não faz a coisa por pouco: refere a insídia, a suspeitazinha, as teorias da conspiração, a inveja, os despeitados com o sucesso alheio, as insinuações.
A meio do seu post, o embaixador reconhece - É claro que não é possível negar que, algumas vezes, isso pode ter ocorrido.
Vá lá, reconhece.
O jornal afirma - O poder anda de mãos dadas com a influência. Mas mais do que aproveitar-se a influência para proveito pessoal, muitas vezes a influência parece estender-se à família. Não é difícil encontrar mulheres, maridos, filhos, filhas, sobrinhos e outros parentescos em posições de topo de grandes empresas ou da administração pública; nalguns casos, os curriculum vitae comprovam as competências e a experiência necessárias para desempenhar a posição, noutros nem por isso. Se ali estão por influência dos familiares ou não, é uma questão que ficará sempre por responder. O SOL quis saber onde andam e por onde já passaram as famílias das pessoas mais influentes do país.
Pergunto: são estas as mais influentes? Que pachorra.
Antes de prosseguir, não me arrogo o poder nem a competência para analisar com profundidade este tipo de assunto.
Mas imagino que o embaixador e muitos mais concidadãos não discordarão que se verificam imensos casos, ligados a muitos partidos ou não, em que é legítimo ponderar sobre a coisa. Mas ponderar sem querer ser "achista", maldoso, invejoso. Nada disso, apenas reparar em casos concretos.
Por exemplo: ter sido assessor de um Presidente da República tem, na esmagadora maioria dos casos, ajudado ou não a carreira de diplomatas, militares, economistas, jornalistas, juristas?
Há certamente mérito nessas pessoas, mas terá sido só isso?
Por exemplo: João Soares foi para nº 2 na CMLisboa com Jorge Sampaio; foi só mérito de João Soares?
Por exemplo: João Cravinho (pai) ter ido salvo erro para o BEI, mérito próprio e competência específica para o cargo, apenas?
Por exemplo: e para não falar só de civis, um oficial ser automaticamente condecorado quando sai da casa militar do Presidente da República, ou um oficial ser automaticamente condecorado quando sai do gabinete de um chefe militar quando, antes desse cargo, e apesar de ter feito uma boa comissão de serviço não foi condecorado, essas condecorações devem-se a mérito, apenas?
Outro exemplo: em sentido mais ou menos contrário, porque os há e imensos, aquelas situações em que se nega a ida para um cargo ou posto no estrangeiro por raiva do decisor, ou se nega não por raiva mas para dar lugar a um apadrinhado politicamente ou até apadrinhado por via uterina e que já agora até facilitará a vida a essa família toda.
Até me lembro de um outro caso, em que alguém se estava já a imaginar a ir para Bruxelas e, de repente, quem mandava, nomeou outro.
O assunto não merece gastar muito tempo.
Concordo que muitas pessoas vão para bons cargos e postos por mérito próprio decorrente da respectiva carreira até aí.
Algumas pessoas são escolhidas para bons cargos ás vezes também porque se alguns outros estivessem disponíveis no momento da escolha o seu superior valor os faria ganhadores.
Mas muitos, também, vão para cargos e postos lá fora ou mesmo importantes lugares cá dentro, porque pertencem a uma seita, à seita, qualquer que ela seja, ou porque a influência dos progenitores conta muito, ou as duas coisas.
Se nisso haverá corrupção passiva, tráfico de influências, não estou em condições de o assegurar com certeza absoluta.
Mas não me venham com conversa de salão.
Denunciar é sempre difícil.
Deixemo-nos de conversa de salão.
Ou alguém de bom senso acredita que (imaginemos um hipotético exemplo) um filho de Presidente da República fraquito academicamente é convidado para uma empresa, porque teve notas fraquitas?
Ou (outro "suponhamos") um acabadinho de se licenciar vai para um escritório só por mérito próprio, o nome do pai não contou? E pela vida fora só trabalhou na política?
Tal como respeito as opiniões alheias, respeito o artigo do Sol, mas considero-o um mau artigo/ texto, até porque se atira a 7 ou 8 casos, em que até pode ter alguma razão, mas se quisermos falar das famílias mais influentes temos que ir a outras sedes, a outras gentes.
E se existem muitos, que são influentes, em muitas dessas famílias existe muita gente de elevado mérito. Muita.
Sinteticamente, é isto o que penso.
Certamente que haverá mérito de muitos, porventura a maioria, mas não me venham com histórias da carochinha. A minoria não é nada escassa.
Até porque como diz o povo, em que pé estará um filho de enfermeiro com melhores notas que o filho de um titular de orgão de soberania?
Ou, para ser mais brutal, falemos de oportunidades reais de acesso. Naturalmente que na vida pública existe um aspecto que é de facto importante, a confiança política.
E será porventura isso que fará que se salte de um gabinete para uma fundação, ou se desmultiplique em cargos não executivos.
Respeito a opinião alheia, mas não me venham com esta idade fazer crer que os bebés chegam de Paris no bico da cegonha.
AC
Entre outras coisas os olhos demoraram mais sobre dois ou três artigos, e é sobre um deles que vou discorrer um pouco.
Porque é um tema da cultura nacional, e porque li um post do embaixador Seixas da Costa sobre esse assunto.
No online vê-se a capa do semanário com um título "Tudo em família", e fotografias de Carlos César, do seu filho (creio), Ana Gomes e a filha (creio), Pinto Balsemão e uma filha.
No interior, encimado pelo título "onde param as famílias mais influentes do país", estão textos sobre essas senhoras e senhores e mais alguns. Com fotografias.
O embaixador, atirando-se ao artigo, e em que na minha opinião tem alguma razão, não faz a coisa por pouco: refere a insídia, a suspeitazinha, as teorias da conspiração, a inveja, os despeitados com o sucesso alheio, as insinuações.
A meio do seu post, o embaixador reconhece - É claro que não é possível negar que, algumas vezes, isso pode ter ocorrido.
Vá lá, reconhece.
O jornal afirma - O poder anda de mãos dadas com a influência. Mas mais do que aproveitar-se a influência para proveito pessoal, muitas vezes a influência parece estender-se à família. Não é difícil encontrar mulheres, maridos, filhos, filhas, sobrinhos e outros parentescos em posições de topo de grandes empresas ou da administração pública; nalguns casos, os curriculum vitae comprovam as competências e a experiência necessárias para desempenhar a posição, noutros nem por isso. Se ali estão por influência dos familiares ou não, é uma questão que ficará sempre por responder. O SOL quis saber onde andam e por onde já passaram as famílias das pessoas mais influentes do país.
Pergunto: são estas as mais influentes? Que pachorra.
Antes de prosseguir, não me arrogo o poder nem a competência para analisar com profundidade este tipo de assunto.
Mas imagino que o embaixador e muitos mais concidadãos não discordarão que se verificam imensos casos, ligados a muitos partidos ou não, em que é legítimo ponderar sobre a coisa. Mas ponderar sem querer ser "achista", maldoso, invejoso. Nada disso, apenas reparar em casos concretos.
Por exemplo: ter sido assessor de um Presidente da República tem, na esmagadora maioria dos casos, ajudado ou não a carreira de diplomatas, militares, economistas, jornalistas, juristas?
Há certamente mérito nessas pessoas, mas terá sido só isso?
Por exemplo: João Soares foi para nº 2 na CMLisboa com Jorge Sampaio; foi só mérito de João Soares?
Por exemplo: João Cravinho (pai) ter ido salvo erro para o BEI, mérito próprio e competência específica para o cargo, apenas?
Por exemplo: e para não falar só de civis, um oficial ser automaticamente condecorado quando sai da casa militar do Presidente da República, ou um oficial ser automaticamente condecorado quando sai do gabinete de um chefe militar quando, antes desse cargo, e apesar de ter feito uma boa comissão de serviço não foi condecorado, essas condecorações devem-se a mérito, apenas?
Outro exemplo: em sentido mais ou menos contrário, porque os há e imensos, aquelas situações em que se nega a ida para um cargo ou posto no estrangeiro por raiva do decisor, ou se nega não por raiva mas para dar lugar a um apadrinhado politicamente ou até apadrinhado por via uterina e que já agora até facilitará a vida a essa família toda.
Até me lembro de um outro caso, em que alguém se estava já a imaginar a ir para Bruxelas e, de repente, quem mandava, nomeou outro.
O assunto não merece gastar muito tempo.
Concordo que muitas pessoas vão para bons cargos e postos por mérito próprio decorrente da respectiva carreira até aí.
Algumas pessoas são escolhidas para bons cargos ás vezes também porque se alguns outros estivessem disponíveis no momento da escolha o seu superior valor os faria ganhadores.
Mas muitos, também, vão para cargos e postos lá fora ou mesmo importantes lugares cá dentro, porque pertencem a uma seita, à seita, qualquer que ela seja, ou porque a influência dos progenitores conta muito, ou as duas coisas.
Se nisso haverá corrupção passiva, tráfico de influências, não estou em condições de o assegurar com certeza absoluta.
Mas não me venham com conversa de salão.
Denunciar é sempre difícil.
Deixemo-nos de conversa de salão.
Ou alguém de bom senso acredita que (imaginemos um hipotético exemplo) um filho de Presidente da República fraquito academicamente é convidado para uma empresa, porque teve notas fraquitas?
Ou (outro "suponhamos") um acabadinho de se licenciar vai para um escritório só por mérito próprio, o nome do pai não contou? E pela vida fora só trabalhou na política?
Tal como respeito as opiniões alheias, respeito o artigo do Sol, mas considero-o um mau artigo/ texto, até porque se atira a 7 ou 8 casos, em que até pode ter alguma razão, mas se quisermos falar das famílias mais influentes temos que ir a outras sedes, a outras gentes.
E se existem muitos, que são influentes, em muitas dessas famílias existe muita gente de elevado mérito. Muita.
Sinteticamente, é isto o que penso.
Certamente que haverá mérito de muitos, porventura a maioria, mas não me venham com histórias da carochinha. A minoria não é nada escassa.
Até porque como diz o povo, em que pé estará um filho de enfermeiro com melhores notas que o filho de um titular de orgão de soberania?
Ou, para ser mais brutal, falemos de oportunidades reais de acesso. Naturalmente que na vida pública existe um aspecto que é de facto importante, a confiança política.
E será porventura isso que fará que se salte de um gabinete para uma fundação, ou se desmultiplique em cargos não executivos.
Respeito a opinião alheia, mas não me venham com esta idade fazer crer que os bebés chegam de Paris no bico da cegonha.
AC
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