domingo, 16 de janeiro de 2022

GNR, e os Titulares de Órgãos de Soberania.
E ponderar os assuntos seriamente?
Tenho por hábito periodicamente "passar em revista" assuntos do passado mais ou menos recente, nacionais e estrangeiros. Estive a fazer isso à volta de temas diversos e notícias relacionados com a GNR. 

Voltei a notícias dos OCS sobre inadmissíveis comportamentos havidos da parte de alguns agentes da GNR.
Inadmissíveis, degradantes, revoltantes. A repudiar, liminarmente. 
Presidente da República e Primeiro-Ministro repudiaram.
Fizeram bem.
Vários agentes estão suspensos. Presumo bem decidido.
Se recuássemos anos, devagarinho, e o sucedido ocorresse (como eventualmente foi ocorrendo, deste e de outros géneros, vindo a lume alguns ou, na maioria, não vindo à luz do dia), passando portanto por  anteriores Presidentes da República, Primeiros-Ministros, governantes  e deputados das sucessivas Assembleias da República, todos eles certamente repudiariam. Fariam bem.

Mas, para além de repudiar, para lá de tratar de investigar a fundo, e castigar quem, de ser humano mostrou basicamente quase nada ter, o que têm feito os poderes públicos quanto às forças de segurança e, neste caso concreto, quanto à GNR?

Estas espúrias, poucas, (espera-se) acções têm fundamento no universo recrutável, e o universo é………exacto, adivinharam, é a sociedade portuguesa. 
O universo é o das classes sociais portuguesas. 
Será preciso fazer um desenho para os cidadãos comuns, jornalistas e os políticos e governantes perceberem?

É facílimo, e fica muito bem comentários do tipo - fascismo nunca mais.
Mas, e o fundo da questão? Que tal olhar seriamente para o universo recrutável?

Será que esta vergonhosa ocorrência no seio da GNR é mesmo e apenas - mais uma prova da penetração da violência xenófoba e racista no seio das forças de segurança

Será que exclamações do género -"Sabemos quem é o autor moral deste e de outros abusos que se vêm avolumando, não sabemos"? -solucionam alguma coisa, justificam seja o que for?

Que tal olhar para as decisões políticas relativas à GNR, tomadas particularmente desde os tempos Miguel Cadilhe ministro das finanças que, não tendo a tutela da instituição, teve intervenção no moldar de certas áreas da actual GNR?

Não seria de olharem seriamente para o que é a sociedade portuguesa e nomeadamente nos bairros periféricos das maiores cidades, e para Leste de uma linha Norte- Sul marcada a 70 Km da costa de Portugal Continental?

Olharem para a formação de base do universo recrutável, para verificar se é de facto a tal geração mais bem preparada de sempre? 
E olharem para as condições oferecidas para ir e permanecer, fazer vida na GNR?

Sei bem que duas ou três árvores não são a floresta. E sei bem que se evoluiu.
Mas também me parece que para alguma coisa servirá ponderar sobre quatro casos. Refiro-me a quatro postos da GNR. Refiro-me concretamente às instalações desses quatro que bem conheço, um na Estremadura, três na Beira-Baixa. Refiro-me concretamente aos elementos com que eu contactei ao longo de décadas, e ainda há poucas semanas contactei num deles. E, tenho sempre presente o que tenho sabido e aprendido das conversas com o meu melhor amigo militar que, particularmente entre 1983 e 1995 por razões profissionais muito contactei com a GNR. 

Ouço, leio, e respeito sempre opinião de outrem, concordando ou não, e neste caso discordo de certas considerações vindas a público. 
Posso estar enganado, mas não estou convencido que a justificação para o deplorável acontecimento seja explicável apenas pelas frases da moda que parcialmente acima reproduzo independentemente de, infelizmente na minha opinião, andarem por aí gérmenes de duvidosa qualidade.
AC

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