BACALHAU. FROTA de PESCA.
E o desleixo e a pouca vergonha do costume.
Neste algumas vezes chamado "País de Marinheiros" mas que, na realidade, década após década demonstra ser antes um viveiro de palhaçadas e avesso a honrar e orgulhar-se do seu passado, neste país em que umas quantas criaturas batem furiosamente no peito pelo mar e pelos horizontes que possibilita mas, depois, nada fazem de concreto, neste país em que foi necessário que fosse um velho almirante a primeiro pugnar pela recuperação da destruída "Fragata D. Fernando II e Glória", neste país passam-se há décadas as coisas mais inacreditáveis em assuntos vários com ligações ao mar.
Num país com história e tradições ligadas ao mar e que do mar tirasse proveito, não aconteceria desperdiçar-se o passado.
Veja-se o que ganham Dinamarca e Holanda, por exemplo, mais pequenos que Portugal Continental.
Em Portugal tempos houve em que tínhamos frotas de navios de pesca designadamente para o bacalhau. Naturalmente, o tempo corre, navios chegam ao fim de vida, guarnições devem ser melhor consideradas e remuneradas pelo árduo trabalho, navios novos são necessários, as áreas de pesca tornam-se menores, há restrições várias, leis internacionais, há que cuidar das espécies e pescar com tino.
Época houve em que uma determinada companhia / família teve típicos navios de pesca do bacalhau, como recordo em cima: Argus, Hortense, Creoula, Gazela Primeiro, Neptuno. A marcha inexorável do tempo e das circunstâncias acabou com eles. E havia mais bacalhoeiros.
No folheto em cima diz-se que o Creoula foi vendido ao Estado e recuperado foi entregue à Armada.
Tanto quanto julgo saber, creio bem mais rigoroso dizer que ele ficou propriedade do Estado, sim, e ficou concretamente nas mãos do Ministério da Defesa Nacional. Não passou a ser um navio da Marinha.
Este ministério tinha a obrigação de anualmente dedicar verbas específicas para a manutenção do navio e para a sua operação, devendo a Marinha encarregar-se de planear as viagens e atribuir militares para guarnecer o navio.
E começou a navegar, em treino de mar, cruzeiros de duração variada, embarcando juventude com o objectivo de atrair os jovens para as coisas do mar.
Naturalmente, digo eu, caberia ao dito ministério anualmente atribuir as verbas específicas, mas extra orçamento anual da Marinha, para a operação do navio e para a sua manutenção.
Não sei o que se foi passando, mas o navio permanece parado no Alfeite, há bastante tempo.
À boa maneira socialista ou melhor, à boa maneira de uma súcia de criaturas devem estar quase a vir demonstrar que a culpa deste abandono é da Marinha e, concretamente, da anterior chefia da Marinha.
Pelo que se vai lendo, concretamente em mais uma etapa de marketing do ex-almirante das vacinas agora à frente da Marinha, entre as várias notícias sobre actividade e decisões do foro interno decorrentes do actual chefe da Marinha, surgiu a nova de que estará já a ser estudado o que fazer para reabilitar o Creoula. Desejável, louvável.
Como sempre, faz-se propaganda, muita e programada propaganda. Mas a comunicação social é, maioritariamente, aquilo que se conhece.
Dada a vacuidade do comunicado da Marinha dado a conhecer pelos OCS, podiam os pés de microfone ter perguntado à Marinha e concretamente ao actual almirante CEMA, pelo menos o seguinte:
> concretamente, há quanto tempo está o navio inoperacional?
> quando o sr almirante foi Comandante Naval, o navio já estava inoperacional e, se sim, que propostas ou análises houve acerca do assunto, que alertas partiram do Comando Naval?
> as verbas necessárias para manter o navio a navegar (operação e manutenção) foram sempre anualmente entregues à Marinha pelo MDN, ou o MDN foi impondo que essas verbas saíssem do orçamento anual da Marinha?
> para o estudo que agora determinou, tendo em vista a reabilitação do navio, o sr almirante tem o compromisso do ministro quanto ás verbas que vierem a ser necessárias à recuperação do navio?
É que de propaganda e loas ao mar estou cansado.
E cansado estou de mariolas vários. Tanto de civis como de certos militares.
AC
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