quarta-feira, 15 de março de 2023

QUEIJOS


Outro dia dei com isto e, para lá do que vejo nos lugares 8º e 43º, lembrei-me de uma tarde em Setembro de 1979, na aldeia, na propriedade de um primo direito da minha sogra, com quem eu tinha prolongadas e diversificadas conversas. Às vezes horas, em que ele me contava muitas histórias, de família e do seu passado profissional.
Engenheiro agrónomo, ele esteve décadas ligado à agricultura, ao vinho e ao azeite.

Nessa tarde de Setembro falou-me de um evento que ele realizara em 1977 se a memória não me falha.
Por razões profissionais, ele conhecia muita gente do "metier" designadamente em Espanha, França, Itália e Grécia. Tinha nesses países bons amigos naturalmente ligados ao mesmo negócio e profissão.

Um dia convidou vários amigos para virem em simultâneo passar uma semana de férias a Portugal, devendo trazer bons vinhos e queijos dos seus países. Ele organizaria logo no início dessas férias uma prova/ concurso de vinhos e queijos. E assim foi.

Ele arranjou pães diversos, enchidos dos bons, bons vinhos tintos rosés e brancos e espumantes todos nacionais.
Na sua quinta organizou-se a "festança".
Todos as garrafas de vinhos foram tapadas, por fora via-se apenas um número e a dizer tinto, branco, rosé ou espumante.

Quanto a queijos, fizeram coisa idêntica para não se detectar de imediato a origem.

Resultados das provas:
> o queijo da Serra da Estrela que ele arranjou ficou em 1º lugar.
> os nossos espumantes e vinhos brancos não tiveram classificação especial
> os tintos diversos ficaram sempre no podium, vários 2º e alguns 3º.

Se fosse hoje repetida a cena, os nossos brancos teriam de certeza lugares de honra.

Enquanto o Tó viveu sempre me considerou o seu favorito de entre os familiares jovens. Eu e ele fizemos várias mini patuscadas destas, abrindo preciosidades da adega dele. 
E com bom pão e bons queijos, Estrela, Azeitão, Castelo Branco, Nisa, Soalheira, Portalegre, Alcains, Celorico da Beira.
E muitas horas de conversas, incluindo sobre livros, agricultura, e caça, e algumas vezes mexendo nas diferentes e diversas armas de que era detentor.
E olhar a adega? Um regalo.
Bons tempos.

António Cabral

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