sexta-feira, 17 de março de 2023

Almirante Gouveia e Melo

1. O Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Gouveia e Melo, que o governo PS teria querido a chefiar a Marinha meses antes da data em que de facto tomou posse (creio que foi em 27 de Dezembro de 2021) pois a sua popularidade crescia e era portanto urgente manietá-lo (opinião pessoal, naturalmente), está envolvido num recente berbicacho. Refiro-me obviamente ao caso do patrulha na Madeira.

2. Por vezes falho, erro, engano-me, quando disso me apercebo dou sempre a mão à palmatória.

3. Isto para dizer que procuro sempre ser abrangente, olhar a todas as vertentes de um dado problema ou assunto. E procuro dizer tudo o que entendo dever ser dito, e dizer sempre em primeiro lugar o mais importante, determinante, estruturante, o enquadramento, o fundamental. Mas não esquecendo outras coisas, secundárias que sejam. Procuro nunca me esquecer da imparcialidade e da honestidade intelectual que sempre tenho por guias na minha vida.

4. Assim, o que se passou em 11 de Março passado por parte dos 13 militares é, para mim, um claro acto de indisciplina. Um acto de enorme e indesmentível gravidade. 
Num navio que, creio, tem comandante e mais 2 oficiais e 26 sargentos e praças, parece contudo que presentemente só teria 24. 
13 é metade da guarnição de sargento praças, mais de metade em 24, é obra. 

5. Não creio que este acto tenha surgido do acaso, do nada. Que representará? Alguma coisa por trás? Haverá algo mais, para além de um problema (falta) de manutenção desta unidade naval, de outras ou mesmo todas as unidades navais, haverá insatisfação generalizada no seio do pessoal da Marinha e no da Autoridade Marítima?

6. Alertaram-me que o CEMA ia à SIC esta noite. 
Escutei-o com toda a atenção e, a partir de meio das suas explicações lá me veio à cabeça o verso de António Aleixo. 
Apercebi-me depois do anúncio de que alguém mais iria falar sobre o inacreditável caso. 
Escutei, e lá veio outra vez o António Aleixo. 
Fui depois à procura de declarações do Presidente da República na Madeira e antes do dia de hoje. 

7. O que retive:

Presidente da República

* . . . . . não falou de disciplina, disse muito importante a manutenção,

> Presidente da República, na Madeira
* . . . . . um chefe militar que está em funções tem a confiança do Presidente da República,
* não pretende visitar o navio,
* estamos a falar de um processo que está em curso . . . .

Alm Gouveia e Melo,
* apanhado de surpresa, nada lhe chegou pela cadeia de comando,
não percebe porque até não contactaram o seu gabinete, 
* a disciplina não tem SES,
* falou em público porque se falasse em reservado rapidamente as suas palavras viriam a público,
* falou para a Marinha e para o país,
* acto pouco pensado dos 13 militares, acto de indisciplina
* ao fim do dia de hoje, 17 de Março do corrente, a Marinha tinha 15 navios em prontidão de 48 horas e 3 em prontidão de 5 dias,
* para manutenção a Marinha dispõe das verbas do orçamento próprio,  mais as da LPM e os 39 milhões agora anunciados,
* admitiu faltarem recursos humanos, materiais e financeiros.

> representante da Associação de Sargentos das Forças Armadas,
* os 13 militares são disciplinados, formaram no cais,
* militares condenados em público,
* para terem feito isto, alguma coisa andava mal,
* porque é que a existência de problemas não subiu na cadeia de comando, há quanto tempo calam os problemas?
* CEMA falou da prontidão dos navios mas, e o factor humano?
* os militares sabiam perfeitamente o que lhes aconteceria e mesmo assim tomaram a decisão, portanto algo está mal, porque chegaram ao limite?
* deixou no ar haver outros objectivos por parte de Gouveia e Melo

jornalista Vitor Matos,
* acto inaceitável dos 13 militares,
* CEMA devia ter falado em reservado,
* há muitas formas de falar à Marinha sem dar espectáculo público,
* falou à Marinha para que se visse a sua forma de actuar,
* nenhum outro chefe militar faria isto,
* quis mostrar que tem autoridade.

8. O jornalista da SIC e sobretudo a peça jornalística mostrando navios parados há anos, alguns que vão sendo canibalizados etc., tentaram que Gouveia e Melo falasse disso também, dessa REALIDADE.
Mas escudou-se na prontidão que lhe deram antes de ir a estúdio.
Pessoalmente parece-me pouco, e é esconder o Sol com uma peneira.
Quando se diz que um navio está pronto em 48 horas isso quer também dizer que à parte algumas maleitas materiais, a guarnição está incompleta? Prudentemente não referiu nada.

9. Quando o Alm Gouveia e Melo afirmou que quis falar para a Marinha comecei a lembrar-me do António Aleixo. Para mim, considero legítimo que tenha outros objectivos na vida, é lá com ele. 
Mas começo a ter dúvidas se percebe a envolvente. 
Se nomeadamente já percebeu ou não que não o querem a estorvar o Augustinho
Pessoalmente não o queria como Presidente desta República, e sou dos que acha inaceitável que um militar não possa ser PR.

10. Vou aguardar. 
Não me admirará:
> que a curto prazo se venham a conhecer videos do interior do navio,
> videos do interior de outros navios, 
> videos de muitas outras coisas dentro da Marinha e dentro dos outros ramos, como aliás cada vez mais virão a público as desgraças materiais e não só deste Portugal modernaço. 

11. Isto começa a parecer-me como final de 1972 e 1973 . Só falta a brigada do reumático mas lá iremos, para Marcelo poder repetir - os melhores dos melhores.

12. Voltarei ao tema Marinha, porque como digo em 3. há muito mais a ponderar e dizer.
Ah, e começo a perceber melhor a escolha do novo CEMGFA.
António Cabral

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