terça-feira, 21 de março de 2023

. . . . .Há muitas maneiras de observar o caso NRP Mondego. Uma tem a ver com a falta de manutenção dos equipamentos, o que é lamentável e responsabiliza o atual Governo, mas também os anteriores, que cativaram as verbas. A outra remete para alguma megalomania do Almirante que tem como uma prioridade a construção de um navio ultramoderno para o qual não há dinheiro nem no PRR. Seria provavelmente mais uma unidade a ficar sem peças e motores a curto prazo, ou até sem um canhão como um dos nossos NRP. Gouveia e Melo afirmou ao Nascer do Sol que uma das motivações para o circo que se instalou à volta do caso Mondego é por causa da popularidade que lhe tem sido atribuída. Uma tirada tão egocêntrica prova que é preciso, antes de mais, ter os pés assentes em terra (passe a ironia). Na verdade, se o caso se desse com o seu antecessor era provável que este fosse responsabilizado e destratado pelos média e pelos políticos. Já para com este Almirante têm prudência redobrada por ter um peso político que não querem afrontar. Poucos foram os que comentaram a lamentável humilhação pública a que sujeitou os militares acusados. O ângulo fulcral do caso Mondego prende-se com a grave insubordinação, sendo essencial saber se já houve outros que desconhecemos. Mesmo quem não é militar percebe que o comportamento é indesculpável e revelador de um mal-estar latente os políticos, dos radicais de direita aos de esquerda, tratam com paninhos quentes, o que tem um óbvio efeito perverso. Há que ter mão firme para que situações destas não se repitam. 
(Jornal I, Eduardo Oliveira e Silva, sublinhados meus)
AC

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