CULTURA
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Nada esperam, os corpos,
frente a frente separados por outros corpos.
O enxame da luz come-lhes a boca,
as mãos crescidas de ossos, a magreza dos braços.
Insaciáveis, estes insectos
tornam a morte um futuro luminoso.
Parecem olhar-se, os homens,
pés mergulhados em merda e urina
no fundo apodrecido do barco.
Por vezes, dizem algumas palavras
e elas rastejam:
não se juntam numa matilha
nem se erguem num hino.
. . . . . .
(Lampedusa, de Rui Nunes)
AC
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