sábado, 8 de julho de 2017

NOMEAÇÕES
Para selecionar o CEO de cada uma das três empresas que tutelava, o ministro tal como os seus antecessores, costumava olhar para uma proposta de três nomes que periodicamente cada uma das empresas lhe entregava, coisa que corria de acordo com a legislação então em vigor.
Um dia, estando aberto o processo de seleção para CEO de uma das empresas, e um bocado à margem do que a lei estipulava, o ministro fez constar que gostava de ver na proposta que deveria receber um determinado nome, nome que integrava de facto o conselho de administração da dita empresa.
Mas, surpresa das surpresas, a lista com 3 nomes que de acordo com a lei a empresa enviou à tutela, não integrava o nome desejado pelo poder político. Mas nada havia a fazer, pois fora cumprida a lei, e o ministro, muito agastado, não teve outro remédio senão dar andamento ao processo.
Consequências?
O novo CEO não foi o que o ministro queria para agradar sobretudo ao primeiro-ministro.
O primeiro-ministro ficou irritadíssimo com o que acontecera e tomou duas decisões:
> arranjou um bom tacho ao amigo que não fora colocado na tal lista
> tratou de alterar a lei em causa: de aí em diante, o CEO de cada uma das tais três empresas passou a ser directamente selecionado pelo ministro, ouvindo em audiência privada, cada um dos senhores que em cada altura compunham os respectivos conselhos de administração.
Resultados?
Os resultados falam por si. Tirando poucas excepções, em pouco mais de 20 anos, os CEO escolhidos  pelos ministros da tutela para levar aos primeiro ministros são, dóceis, obedientes, fazem mais com menos, por vezes duros dentro da empresa mas sempre procurando que nada venha a público.
Se as coisas derem para o torto, uma secretária ou contínuo poderá ser culpabilizado.
Além disso, existe sempre o twitter e o facebook para justificações posteriores.
Entretanto, as ditas empresas estão num estado confrangedor.
António Cabral

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