AINDA o GOLFE com SALVAS MILITARES
Sobre o recente episódio passado na Madeira que levou à exoneração de um oficial do Exército a poucos dias de terminar a sua comissão de serviço naquela região autónoma, chamaram-me à atenção para um artigo que li com muita curiosidade, escrito por um senhor advogado, e que me fez pensar sobre muitas coisas, directamente relacionadas com a instituição militar mas, também, com certos poderosos neste momento sentados.
Mostraram-me o artigo do apêndice ao Jornal Económico de 8 de Novembro passado e que tem por título - O disparo do canhão no torneio de golfe e que futuro das relações entre o Exército e a sociedade civil?
O artigo termina assim ...."pedir aos portugueses que paguem cerca de 2 mil milhões de euros por ano para os militares ficarem nos quartéis, parece-me bastante caro".
Como sempre, respeito as opiniões de outrem, mesmo delas discordando quase nada, pouco, ou completamente.
Para o autor parece que não devia ser um escândalo uma peça de artilharia do Exército num torneio de golfe.
O autor, a propósito deste episódio ocorrido na Madeira, traz à colação e numa perspectiva comparativa a questão Tancos e, salvo melhor opinião, creio que tem muita razão sobre as considerações que faz acerca do que designa por "vergonha nacional".
O autor lembra, e bem, que quem está em determinados cargos tem inerentemente uma grande responsabilidade social, deve ter bom senso, prudência e ponderação, e exige-se-lhe uma intensa dignidade ética (palavras do autor).
O autor considera que o "único intuito de disparar uma munição de pólvora seca no referido torneio de golfe foi de dar visibilidade à instituição militar na Madeira num evento organizado em parceria com instituições militares e, acima de tudo, promover relações humanas e uma aproximação entre a sociedade civil e militar e nunca qualquer intuito de apropriação ou qualquer outro efeito para além deste".
O autor considera que depois da exoneração do comandante militar na Madeira, "os seus sucessores se manterão ainda mais nos quartéis, o que produzirá um afastamento entre instituições militares e a sociedade civil".
O autor termina o artigo como referi no início deste meu comentário, não sem antes escrever - ....."contrapondo estes valores (despesas com as FA) com o disparo de uma munição de pólvora seca num campo de golfe, parece uma coisa pequenina para que possa levar à destituição de um homem que dedicou toda a sua vida à causa militar".
Como disse e sempre assim faço, respeito a opinião do autor mas, para lá de comparações que faz onde me parece que tem muita razão, nas suas próprias palavras encontro argumentos suficientes para dizer que a defesa que faz do oficial em causa não está coerente com as suas afirmações sobre as responsabilidades de quem está em determinados cargos.
Por outro lado, o autor não aborda uma questão que pessoalmente me parece central, uma vez que, parece, o que se passou no torneio de golfe era mais ou menos uma rotina antiga, sabida em muitos círculos. Não me admirava até que o oficial destituído tivesse antecipadamente informado os seus superiores hierárquicos do que mais uma vez ia fazer.
Nisto tudo, parecendo-me que não se promove a ligação instituição militar à sociedade sobretudo com coisas deste género, e baseando-me no que um amigo militar me contou, penso que esta destituição deve ter tido sobretudo origem em jogos do xadrez político-militar. Gostava de saber.
Diz-me esse amigo militar que a rapidez (poucas horas) da substituição do militar destituído cheira muito a esturro, quase cheira a coisa programada, e eu concordo. Parece estranho.
Nisto tudo poderá haver questões de jogos entre ramos das FA, jogos de número de cargos a distribuir, rotações.
O meu amigo militar sugere-me estas coisas, e como percebo pouco disto ouço-o e fico por aqui.
Mas que parece tudo um bocado estranho parece.
Se eu fosse à missa nos mesmos dias e horas do comandante supremo das forças armadas, tinha-lhe perguntado se tinha sido informado previamente pelo CEMGFA e o que pensava da coisa.
Assim, é mais um dos múltiplos episódios militares e políticos que fica com nebulosidades. E muitos ficaram mal na fotografia.
Com nebulosidade ou não, o comandante supremo das forças armadas nada comentou publicamente.
AC
Se tentaste fazer alguma coisa e falhaste, estás em bem melhor posição que aqueles que nada ou pouco tentam fazer e alterar e são bem sucedidos. O diálogo é a ponte que liga duas margens. Para o mal triunfar basta que a maioria se cale. E nada nem ninguém me fará abandonar o direito ao Pensamento e à Palavra. Nem ideias são delitos nem as opiniões são crimes. Obrigado por me visitar
terça-feira, 26 de novembro de 2019
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