terça-feira, 19 de outubro de 2021

19 OUT 1921 - Noite Sangrenta - I República

Passam 100 anos sobre este trágico/ deplorável acontecimento, em que entre vários outros, dois relevantes actores do 5 de Outubro de 1910 foram assassinados tanto quanto se sabe por gentalha com ligações fortes à Carbonária e à "formiga branca".
Pouco mais de três anos antes fora assassinado Sidónio Pais. 

Menos de 5 anos depois o 28 de Maio de 1926. Quantos falam deste acontecimento de há 100 anos, nos nossos jornais, rádios e canais de televisão?
Olho para o texto da CRP sobre liberdade de expressão, liberdade de opinião, etc., e cada vez me interrogo mais sobre certos silêncios no Portugal contemporâneo. Silêncios, agendas selectivas, quase só publicar artigos e cartas ao director de amigalhaços ou militantes apaniguados.

Da I República vem-me à memória coisas que sei de fonte segura ainda que não as tenha vivenciado. Mas aconteceram.

Um tio da minha idosa (96) mãe, homem importante na implantação da República, em Portalegre, foi preso por diferentes razões políticas e em diferentes alturas, e mantido em cativeiro vários meses no forte de S. Julião onde, na maré cheia, a água do mar inundava parte das masmorras. Aí apanhou artrite reumatóide, problemas pulmonares e etc.

Tempos tutelados por arruaceiros autênticos terroristas a mando de certos senhores. Tempos complexos a vários níveis, sociais, económicos, de segurança, etc. Tempos de lutas inacreditáveis, no plano político, lutas também envolvendo constantemente as Forças Armadas de então e a força de segurança GNR que, gradualmente e sobretudo a partir do assassinato de Sidónio Pais, foi crescendo em poder político e de meios humanos e materiais.

A tal ponto, e como primorosamente José Medeiros Ferreira escreveu, que em 13 de Maio de 1922, FINALMENTE, por decreto, foram suprimidas as tropas da GNR de Artilharia, de metralhadoras pesadas, e reduzidos os efectivos de Cavalaria e de Infantaria. 

Hoje, com estes silêncios, sim porque não é só com o 19OUT1921, com a censura democrática a avançar lentamente, até já me interroguei se não haverá já por aí "dentes de ouro".
AC

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