quarta-feira, 20 de outubro de 2021

AS FORÇAS ARMADAS e PORTUGAL

"Não pode amenizar-se a evidente crise das Forças Armadas, designadamente reduzindo a questão a um problema de salários degradados em comparação com outras carreira estaduais…….

Em cada variação histórica da relação do quadro permanente com o contingente, a articulação  implicou dificuldades…………..

Tal perspectiva foi mais formal que efectiva, porque a presença sempre transitória dos conscritos nunca pode desafiar a superioridade qualitativa do quadro permanente…………..

Na complexa área da segurança, cujas incertezas estão a ser duramente pagas por povos Europeus, são os quadros permanentes das Forças Armadas que assumem a obediente responsabilidade institucional, ao mesmo tempo que devem interiorizar o que será o novo conceito estratégico nacional……………"

(Adriano Moreira, "As Forças Armadas", DN, 13 JUL 1999)

O meu melhor amigo militar, que é de Marinha, mostrou-me o artigo a que agora aludo e de que retirei os trechos supra, um longo artigo que para mim é evidente trouxe na altura para a luz do dia inquietações sobre as Forças Armadas, que se arrastam e, naturalmente, sobre o país. Mas, alguém, a sério, se inquietou, se questionou? Alguma coisa foi seriamente ponderada?

A população portuguesa está-se borrifando para tudo o que seja "tropa"(expressão habitualmente usada com o objectivo de denegrir). Querem lá saber. Então se acicatados por exemplo por certos aldrabões de escolas de Lisboa e Coimbra e seguidores, oh…oh!!!!!

A população portuguesa, o cidadão comum, não lê e se algum lê não quer saber e passa à frente do que alguns disseram em 18 de Julho de 2019 e se há coerência e dignidade intelectual com o dito em 19 de Setembro de 2020. Ou coerência e dignidade, simplesmente! Os 99,9999% dos portugueses não quer saber de serviços de informações ou, de associações secretas ou, se as mais altas instâncias do Estado (civis e militares) eventualmente mentem à sociedade seja a propósito dos combustíveis, dos incêndios, da habitação, dos impostos, da justiça, do caudal no Tejo, das Forças Armadas.

A degradação da Instituição Militar, das Forças Armadas, é um contínuo, desde há muitos anos. Por três razões: políticas, ético-profissionais e materiais, e por esta ordem. E há responsáveis, vários, em todos os partidos sem excepção, a saber, concretamente vários dos sucessivos titulares de órgãos de soberania, certos pensadores dos partidos e que muito poucos os conhecem, e algumas das chefias militares passadas e actuais.

E pelas razões que os que têm coluna vertebral intacta sabem, as verdades absolutas, direitinhas, nunca aparecem à luz do dia, nem os seus verdadeiros autores, sabendo-se no entanto quem são quase todos eles. Não aparecem os cozinhados. Não aparecerão. E é interessante, ou lamentável, constatar quem fica calado perante o que se passa, só porque, é um juízo pertinente face a silêncios, são os da sua cor.

Ao olhar o número e qualidade dos "actores" que teceram e tecem certas malfeitorias nada espanta, pois o seu trajecto é bem conhecido mas, lá está, 99,9999 % da malta não quer saber de cursos e mestrados e doutoramentos de certas criaturas ou, de plantações para ervanárias ou, negócios de armamento ou, negócios de combustíveis ou, que uns quantos escrevinhadores avençados e conhecidos papem rotineiramente uns almoços e jantares à borla e assistam a conferências umas mais públicas outras mais reservadas. 

De uma coisa estou seguro. Agora, com este provisório inquilino do gabinete no 7º andar, com este agora todo poderoso CEMGFA, com este Primeiro - Ministro, com este Presidente da República mais o seu irmão gémeo fardado, dentro de, no máximo dois anos,
 os verdadeiros e gravíssimos problemas das Forças Armadas, a tal situação insustentável periodicamente salientada (insustentável há décadas!) terão resolução rápida. 

Recordando o essencial dos problemas:
> não acabarão as Forças Armadas, nem por decisão interna nem por pressão exterior designadamente de certos países da UE; 
> a história da guarda costeira da UE é apenas um dos "rabos de fora", nada de preocupar, a que por cá praticamente ninguém liga a não ser uma certa instituição;
> a Marinha terá rapidamente definida e executada a substituição de navios e helicópteros; 
> o Arsenal do Alfeite será definitivamente um estaleiro de construção naval e reparação e de acções de manutenção quer dos navios da Armada, quer das embarcações da Autoridade Marítima e da GNR;
> a lei de programação militar será finalmente cumprida;
> os complexos problemas inerentes à assistência na doença dos militares das Forças Armadas serão solucionados;
> as questões inerentes aos efectivos militares serão resolvidas;
> os ex-combatentes verão finalmente solucionadas todas as questões por que se batem há décadas;
> os problemas inerentes ao Instituto de Acção Social das Forças Armadas serão resolvidos;
> o sistema retributivo dos militares e as pensões terão, finalmente o adequado tratamento, e diminuída a disparidade de vencimentos face a outras categorias profissionais;
> serão aprovadas as alterações legislativas necessárias à melhoria da atractividade da carreira militar por parte da juventude, deixando de ser basicamente um convite para pernoitar em quartéis para observação de estrelas á noite. 

Naturalmente, o que acima escrevo tem ironia q.b. 
Porque a realidade é, que a recente reforma (!?) aplaudida por Belém, por S.Bento e ainda mais entusiasticamente no Restelo, não passa de fruto de incompetência, de arrogância de egos sobranceiros e vaidosos de quem soube/ sabe viver e que tratou da vida quando se aperceberam que a coisa não lhes estava a correr muito bem, e da governamentalização das Forças Armadas, a que vários malandros se prestaram ajudar, dando assim mais um passo dentro do quadro global traçado há quase 3 décadas por figurões de partidos conhecidos e com beneplácito escondido da parte de outros, que apenas muito gesticulam.

Como sempre tem acontecido, nada se esclarecerá com rigor.
Estou a imaginar quão preocupados andam 99,9999 % dos meus concidadãos com a importância de instituições e designadamente com a Militar, com as Forças Armadas que são fiéis aos valores da Nação e pilar decisivo da nossa sociedade.

Nem as ideias são delitos nem as opiniões são crimes.
Estou farto de doutores nas TV, de conhecedores, de heróis (??), de cúmplices, de manobras, de leviandades, de infâmias. 
Farto da descarada ausência de vergonha na cara dos bem falantes mas, sempre, sem palavra honrada. 

António Cabral (AC)

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