Por uma carta aberta do Eurodeputado socialista Pedro Marques, fiquei agora a saber que o ex-PM terá estado numa escola secundária e onde terá falado entre outras coisas do seu entendimento quanto ao partido CHEGA.
Numa rápida busca - Passos Coelho, escola secundária, CHEGA - obtive a resposta. Do Expresso online 8NOV, fiquei a saber o que não sabia.
Pedro Passos Coelho, terá dito que “o Chega não é um partido antidemocrático, que tem toda a legitimidade de existir".
Passos Coelho estava na Escola Secundária Luís Freitas Branco, em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, numa sessão no âmbito da iniciativa “Dia da Democracia - Oeiras, o lugar da liberdade”, e o cerne da questão é a resposta a esta pergunta que lhe colocaram: “Acha que eleições antecipadas podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega?”
Não estou completamente certo porque não fui averiguar mas, salvo erro, André Ventura militou algum tempo no PSD. Será incómodo para o PSD. Saltou de lá como tantos têm saltado de outros partidos. Então do PCP para o PS….
Bom, mas a realidade é que o CHEGA tem, democrática e formalmente, toda a legitimidade para estar na Assembleia da República.
Desse ponto de vista formal e porque vivemos em democracia, o Chega é um partido da democracia.
Se é um partido democrático, aí tenho as fortes reservas que, naturalmente, pouco interessarão.
No plano meramente formal o CHEGA é de facto um partido como os outros que estão presentes na Assembleia da República.
Se o CHEGA é um partido igual aos outros como por exemplo o PSD ou o PS, divirjo completamente de Passos Coelho.
Mas como verifico que segundo o Expresso Passos Coelho terá impedido a gravação e divulgação de várias das suas declarações, fico legitimamente na dúvida sobre qual a explicação concreta de Passos Coelho, dada a quem o questionou sobre o CHEGA e dada a outrem.
Com a reserva indicada, parece que Passos Coelho teceu considerações no plano meramente formal. Creio que para uma assistência jovem é pouco, e pode até ser perigoso pois susceptível de criar ainda mais dúvidas.
Sendo certo que hoje em dia muitos seguem horas e horas em frente de televisores e dos telemóveis, dificilmente escapará à maioria dos adolescentes e jovens a peixeirada contínua na Assembleia da República, em que André Ventura e correligionários são ainda mais exímios que os restantes deputados.
Peixeirada será dizer pouco relativamente ao que, com frequência, se vê no hemiciclo e relativamente ao que se ouve do CHEGA.
Racismo, populismo, insultos, comportamentos indignos, pouco ou nenhum respeito por instituições, creio que Pedro Marques tem razão em apontar isto.
No essencial, a carta do Eurodeputado enquadra-se no esquema habitual do PS, de tudo aproveitar para denegrir a imagem do ex-PM.
Em certos casos o PS tem razão nos ataques, mas em muitos outros creio que até terá estado muitas vezes perto da mentira ordinária ou pelo menos da inverdade. Opinião pessoal naturalmente.
Mas uma coisa recordo: Passos Coelho que para mim é diferente de outros como Relvas, Gaspar, Portas, etc., no período difícil de governar pós bancarrota do PS/ Sócrates, teceu considerações para mim inaceitáveis, de que recordo as questões sociais, o emigrem etc.
Não creio que Passos Coelho não seja social-democrata. Passos Coelho não tem sido um político populista.
Mas, mais uma vez com a reserva já referida, fica-me a sensação de que no essencial a sua prestação na escola secundária Passos Coelho não terá sido famosa.
Por exemplo, terá adiantado que, para lá do formalismo institucional e electivo, e para lá de o CHEGA abordar aspectos concretos / problemas reais de grande preocupação para muitos portugueses, esse partido não dá mostras de soluções concretas, orçamentais, legislativas, por exemplo, exequíveis?
Por exemplo, terá adiantado que, por iliteracia e muitas outras deficiências de formação e cultura, grande parte da sociedade portuguesa é permeável a discursos e arengas como as de André Ventura?
Parece-me óbvio que, quer para Pedro Marques, para o PS, para Passos Coelho, para o PSD, tudo anda à volta do 10 de Março próximo. E o CHEGA é, obviamente, um dos problemas.
Fico por aqui.
António Cabral
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