A Mouraria e toda a baixa de Lisboa está infestada de traficantes de droga…
EDGAR CLARA
8 de Janeiro 2025
A tempestade que caiu sobre a minha paróquia – a Mouraria – leva-me a escrever estas breves linhas. Gostaria de não ter de o fazer, mas penso que, em democracia, não podemos deixar de introduzir no debate público factos relevantes sobre o tema, para não deixarmos que as pessoas sejam usadas como armas de arremesso político.
Cheguei à Mouraria há catorze anos! Era, então, um bairro com alguma vida, mesmo que a decair, mas, enquanto edificado arquitetónico, mais parecia saído da Segunda Grande Guerra. Era um monte de ruínas… As pessoas eram o centro da vida do bairro… as pessoas eram… e continuam a ser! Já era, também, um bairro multicultural, não há dúvida.
Não posso ficar indiferente às opiniões que algumas virgens ‘comentadeiras’ arrependidas fizeram dos acontecimentos ocorridos há algumas semanas: a Polícia encostou contra a parede uma centena de novos portugueses… (no passado habitavam por aqui os cristãos-novos, agora são os portugueses-novos).
Temos de ser rigorosos e definir com exatidão quem eram aqueles homens que estavam encostados contra a parede: emigrantes ou novos portugueses? Se eram novos portugueses, são cidadãos da República Portuguesa e, portanto, estão debaixo das leis da mesma República, sem exceção.
Estar encostado contra a parede é normal na Mouraria.
Em catorze anos, já vi inúmeras vezes a polícia a encostar homens e mulheres contra a parede. Vi a polícia entrar em casas à procura de droga! Vi crianças a chorar, a subir pelos polícias acima para não prenderem os pais…
Umas vezes encontraram droga, outras não! Umas vezes levaram-nos presos, outras não!
Nunca vi um único partido político a defender a dignidade dos antigos portugueses ou dos portugueses de sempre. Nunca vi uma única ‘comentadeira’ defender as crianças de tamanho espetáculo. Algumas destas crianças nasceram e foram criadas na prisão de Tires… porque Tires tem uma Creche para os filhos das presas!
Em catorze anos, já vi menores de catorze anos darem à luz um filho e a fumarem droga.
Se queremos que diga o que tenho visto em catorze anos de Mouraria não o conseguirei fazer nesta coluna… Tenho pena de não me darem oportunidade de o fazer… mas a Mouraria não é, de facto, o aglomerado de santos que temos pintado. A Mouraria e toda a baixa de Lisboa, infestada que está de traficantes de droga que, afinal, não passa de uma massa de folhas de louro prensadas, misturadas com caldos Knorr e caca de galinha.
Se abrirmos as notícias, num breve clique, podemos ler tudo o que não pude escrever aqui: a máfia bengali, as casas sobrelotadas, as lojas fantasma sem clientes, o novo português adolescente que morreu queimado num ‘hotel’ ilegal – a senhoria não sabia de nada…
Em boa hora, o presidente da Junta de Freguesia decidiu, em julho deste ano, debater com os habitantes da freguesia a violência e o medo com que vivem os moradores!
Que se note que em toda a Mouraria, depois dos problemas enumerados, não tem um único gabinete de assistentes sociais ou programas específicos para lidar com este fenómeno.
Se formos todos, todas e todos honestos, reunimos os factos e não as narrativas do que tem acontecido na Mouraria nos últimos anos. Vamos conseguir fazer uma boa caldeirada… mas não será de bacalhau!
Por mão amiga acabei de tomar conhecimento deste texto e nele sublinho algumas passagens.
Presumo que nenhum exagero existe nestas afirmações.
Claro que nenhum partido e nomeadamente à esquerda do PSD comentará isto.
O presidente da Junta de Freguesia lá do sítio, que há uns meses publicamente se revoltou com o que se continuava a passar, calou-se.
Nunca mais abriu o bico. Ordens do partido?
Tudo para debaixo do tapete. Como de costume.
Manifestações sim, enfrentar os problemas não!
E assim continuamos.
AC
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