O ser humano que nasceu em Alcains, cresceu, esteve em África, foi figura central nos primeiros anos do Portugal democrático, e mesmo nessa época tendo cometido alguns erros porque humano, mesmo nos anos turbulentos PREC e pós PREC, Ramalho Eanes sempre demonstrou ser um homem equilibrado, humanista, decente, sempre demonstrou ser uma referência de cidadania.
Sempre avesso a mordomias e homenagens, acabou por aceitar receber há dias um prémio, no Porto, apenas a sua parte simbólica, não a pecuniária, um prémio de reconhecimento pela sua luta por valores, por ser um Português em quem nos podemos rever com muita honra e orgulho, por ser um exemplo de cidadania.
Um exemplo de serviço, um exemplo de homem que teve poder formal, bastante poder, que serviu, e nunca se serviu do cargo, nem na altura, nem depois.
O seu anseio quanto - ao povo poder criar o "futuro que deseja e merece", "um futuro com sentido e propósito que possa trazer felicidade à maioria dos portugueses" - nesta parte creio que Eanes talvez por educação não quis referir o que noutras ocasiões sublinhou, que isso é um desejo que está agrilhoado pelos que há mais de três décadas tomaram de assalto o Estado, embora batam no peito e berrem ética republicana por todos os poros.
AC
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