quarta-feira, 14 de março de 2018

BES, ex-BES, ex-GES, Novo Banco
Há dias a SIC passou uma reportagem acerca do que foram fazendo conhecidos "donos disto tudo" no Concelho de Idanha-a-nova. Para quem conhece a zona e o que foi abordado não se espanta com as malfeitorias e o regabofe do passado. E também não espanta certos favores que parece estão a ser feitos no presente. Abordei há dias muito superficialmente o assunto.

Mas um senhor, com S maiúsculo, publicou um texto que vale bem a pena ser lido. Que aqui deixo para os meus estimados visitantes terem outra perspectiva do assunto que a SIC abordou com, considero eu também, pouco cuidado, pouco rigor, legitimando que eu pondere com muitas reservas sobre o porquê deste tipo de reportagem. Aqui fica o texto de LPM.
António Cabral
Luís Paixão Martins
A reportagem que a SIC difundiu acerca da situação atual de alguns ativos do ex-GES (Grupo Espirito Santo) no concelho da Idanha Nova é uma tentativa de pressão do Novo Banco sobre o sistema de Justiça. O NB, principal credor, quer que esses bens sejam vendidos e o juiz caucionou posição de bloqueio sustentada pelo Ministério Público.
Dá-se o caso que eu até concordo com posição do NB, mas repugna-me que, para fazer valer esse ponto de vista, tenha sido feita aquela reportagem tremendista que ofende a minha inteligência - e dá uma imagem falsa do que ocorre nas Termas de Monfortinho.

As duas herdades referidas (Vale Feitoso e Poupa) localizam-se em freguesias distintas (Penha Garcia e Rosmaninhal) e uma delas a mais de 50 km de distância - 50 km - das Termas. A influência das mesmas na economia das Termas de Monfortinho é muito reduzida.

O Hotel Astória está fechado porque o seu dono - exatamente o Novo Banco - não o aluga nem vende. Esta situação nada tem a ver com qualquer impedimento da Justiça mas apenas e tão somente porque o NB não quer registar uma desvalorização de um ativo cujo valor real em nada corresponde ao valor no papel. É apenas por essa razão que os interessados não chegam a vias de facto para a exploração da unidade hoteleira. Se há culpado no encerramento do Hotel Astória esse culpado chama-se Novo Banco. Ponto final.

Mas, é preciso sublinhá-lo, o encerramento do Astória contribui para a melhoria das taxas de ocupação e do preço por quarto das outras ofertas de alojamento das Termas de Monfortinho (e temos muitas a funcionar com dedicação e entusiasmo dos seus proprietários) - incluindo do Fonte Santa, um dos ativos bloqueados pelo tribunal, que continua aberto e com procura, alimentando, aliás, os custos criados pelo processo de falência da empresa sua proprietária.

A reportagem omite que os dois equipamentos diferenciadores da oferta das Termas de Monfortinho que pertenciam ao Grupo GES (as Termas e o Clube de Tiro) já mudaram de mãos e os novos proprietários deram-lhes nova vida - com um dinamismo que tinham perdido há mais de uma década.
As Termas estão agora abertas todo o ano (e não apenas “na época”, como antes ocorria) e com uma visível qualificação e modernização dos serviços prestados.

O Clube de Tiro tem estado a proceder a importantes melhoramentos, que estão à vista de todos, para ultrapassar o estado de decadência em que tinha caído nos últimos anos da gestão GES. Esses melhoramentos traduziram-se num aumento exponencial do número de visitantes, quer no parque das piscinas e albufeira, quer no restaurante, ao mesmo tempo que está a ser construida uma oferta de alojamento que virá a ser, provavelmente, a de maior qualidade da região.

A dado momento da reportagem fala-se das montarias da Herdade da Poupa e somos levados a crer que com o bloqueio da venda da propriedade as montarias acabaram.
Nada mais ridiculo. Apenas nos dois meses que levamos do corrente ano já contabilizei uns 500 caçadores envolvidos em montarias (veados, javalis) e largadas (patos) nas imediações das Termas de Monfortinho. É fácil fazer esta contabilidade - as montarias acabam com uma almoçarada tardia no restaurante do Clube de Tiro.

Termas de Monfortinho é uma localidade do interior abandonado do nosso País. Por isso, são muitas as dificuldades para quem lá vive.
Felizmente - contrastando com o abandono a que estão votadas pelo Poder Central português - contam com o importante fator económico da proximidade a localidades espanholas, algumas de média dimensão, e com a atração que os seus equipamentos - nomeadamente, os restaurantes (e o seu “bacalao”) - suscitam junto de “nuestros vecinos”.

A vida aqui é difícil. Já o era antes dos investimentos que o Grupo Espírito Santo aqui fez no passado, continuou a sê-lo depois e é-o ainda agora.
Mas associar as dificuldades dos locais ao bloqueio pela Justiça da venda de duas herdades é uma mistificação (a venda ou aluguer do Astória não está bloqueada...).
A reportagem da SIC, ao procurar ajudar o NB a pressionar o tribunal, pintou um quadro negro de uma localidade (“caiu o império e caiu a região” é uma infeliz frase tremendista que resume o ângulo da reportagem) que tem, felizmente, uma realidade a várias cores.

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