quinta-feira, 15 de setembro de 2022

A  PROPÓSITO  de  MORTE

NOTA prévia: não sou nem nunca fui monárquico. 
Pela simples razão de que para mim no mundo contemporâneo ascender à chefia do Estado porque lhe calha, podendo ser uma pessoa superior de formação e muito bem preparada ou ser uma pessoa limitada, mesmo numa "monarquia constitucional", creio que tem muito mais desvantagens que as desvantagens de uma República onde o voto conta. E o voto deve sempre contar.

A morte a todos acode, mais tarde ou mais cedo. 
É da natureza humana.
Na Ucrânia, por exemplo, têm estoirado com milhares de homens, mulheres e crianças, por "virtude" de metralha e mísseis e bombas quando fugiam, quando dormiam. 
Pela Ásia, por África, muito de semelhante se passa em certas zonas.
Para gente assim, por toda a parte do mundo, não há exéquias, não há dignidade no fim da vida tão estupidamente cerceada.

A desvalidos, a nascituros atirados para um beco ou contentor de lixo, a desgraçados de toda a ordem existentes aos milhões em todas as sociedades, a quem a vida é/ foi madrasta, para gente assim não há exéquias, não há dignidade no fim da vida tão estupidamente cerceada.

É da natureza humana, é da natureza das sociedades sejam as  democráticas, sejam ditaduras, quando ocorre o passamento de alguém que tenha ocupado cargo político importante ou lugar proeminente na sociedade, isso é normalmente noticiado, acompanhado pelos OCS, umas vezes mais outras vezes menos consoante a pessoa e as circunstâncias. 
Chefes de Estado, designadamente, têm funeral de Estado. Normalmente declara-se um a três dias de luto nacional. 

Nas últimas semanas faleceram, por exemplo, a rainha Isabel II do Reino Unido, o cineasta Jean Luc Godard, a Dra Carla Nunes e o professor Vítor Manuel Aguiar e Silva.

Como sempre defendo e pratico, respeito SEMPRE a opinião de outrem. Por mim, independentemente do tipo de funeral e exéquias, na morte somos todos iguais. 

A realidade da vida nas sociedades impõe que para o comum dos mortais se reserve sem alardes, o respeito e a dignidade devidas em fim de vida, qualquer que tenha sido o trajecto de vida.
E, assim, passei a noite de ontem num velório, porque acabou o terrível sofrimento da Matilde, que foi jovem funcionária no centro de saúde onde o meu sogro foi o Delegado de Saúde. Pessoa comum, como eu e milhões de outros.

Faz parte da vida em sociedade cada um de nós apreciar o que se passa à sua volta, defender o que lhe parece decente e devido defender.
A cada um de nós cabe apreciar outrem, nacional ou estrangeiro, podendo errar.

Quem, sendo indiscutível e intelectualmente honesto, apenas aprecia um político, juiz, governante, militar, cardeal, monarca, Presidente da República, atleta, médico, condutor de transporte público, farmacêutico, funcionário nos CTT, etc., pela sua proficiência, profissionalismo, por resultados concretos, pela educação evidenciada,  ou seja, pelo desempenho da respectiva função.

Quem é intelectualmente desonesto, creio que faz as suas apreciações sempre de forma enviesada, para dizer o mínimo. 
Talvez por confundir  as filas de pessoas que queriam olhar o túmulo de Estaline com as filas de pessoas que quiseram prestar uma última homenagem a Mário Soares, Jorge Sampaio, Eusébio, Amália Rodrigues, a De Gaulle, ou agora a Isabel II. 

Como digo acima, respeito sempre opinião e postura alheias, mesmo discordando completamente. 
Claro que compreendo o que se passa hoje em dia pois lembro-me bem do ano de 1971 e parte de 1972, na Guiné. Percebo perfeitamente!
AC

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