AZAR
Não era sexta-feira 13, onde a superstição diz poder ser ou mesmo ser dia azarado.
Não era sexta-feira 13, onde a superstição diz poder ser ou mesmo ser dia azarado.
Não, foi ontem de manhã cedo.
Tropeçar, uma queda, e logo um evidente sinal de que algo estava já errado.
E lá fui fazer de condutor de ambulância, muito rápido, sem sirene, mas muitoooo depressa.
Podia ser pior, como pode sempre acontecer, mas fractura muito chata do pulso direito.
Parece coisa menor mas não é bem assim, até porque 4ª feira se verá se a coisa vai ao sítio assim só, engessada, ou infelizmente tem de haver lugar a operação, placa, parafusos, uma porra, 6 a 8 semanas!
Mas a vida é como é.
Dentro do infortúnio pessoal e das muitas complicações que agora crescem, a situação agora vivida vem dar razão mais uma vez ás várias coisas que venho escrevendo e partilhando, sobre o sistema de saúde em Portugal, SNS e privados e social.
Conhecimento de décadas, que advém do que superficialmente por mais de uma vez expliquei decorrer de circunstâncias da minha vida.
Enquanto esperei, perto da porta das urgências, em média chegou de 10 em 10 minutos uma ambulância ora de bombeiros de vários sítios ora INEM. Disseram-me - hoje por enquanto está um dia calmo!
E o que se via lá dentro?
E cá fora?
Observar com atenção os vários carros, além do meu, que chegavam com aflitos e dos quais, infelizmente, duas crianças porventura entre os 7 e 10 anos com indicação clara de braços fraturados.
Observar com atenção as pessoas todas, doentes, familiares em espera, quem circulava cá fora, pessoal diverso do hospital.
E a frequência do café em frente à porta das urgências?
Observar e meditar sobre o vestuário e calçado (??) de toda aquela gente que durante horas fui observando.
Concluí, mais uma vez, que nada do que ontem vi e não me surpreendeu mesmo NADA confere com o Portugal anunciado e apregoado por Marcelo, Costa, Paulo Portas, Montenegro, Mariana, Catarina, Mendes, Medina, etc.
Mas mesmo NADA.
É tudo muito diferente, e para bem pior.
Não vi por lá os púlpitos dos grandes cenáculos onde Marcelo diariamente perora.
Um sítio onde valia a pena jornalistas que soubessem fazer perguntas a sério estivessem uma hora para observarem bem certas realidades do verdadeiro Portugal.
Para por exemplo, avaliarem bem o tipo de ser humano que por ali anda, o calçado com predominância para chinela, ou como por exemplo os dois em pijama cá fora, sentados a apanhar Sol, ou ainda observar bem o pessoal das ambulâncias.
Ocorreram-me, mais uma vez, as palavras, miséria, indignidade, pobreza, indigência.
AC
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