quinta-feira, 29 de setembro de 2022

QUE QUEREM, CHATEIA-ME

O quê? Várias coisas.

Por exemplo uma que, sendo insignificante perante os problemas difíceis da vida, é para mim muito irritante e já tive episódios caricatos à conta desta insignificância.

Refiro-me à forma como se me dirigem.

Mas começo pela forma como me dirijo aos outros concidadãos.

E começo por exemplos de hoje, enquanto fui tratar de coisas várias enquanto a minha cara-metade tentava descansar um pouco do tormento agora surgido.

Na pastelaria, ainda nem 0900 horas eram - Bom dia, arranja-me um café cheio, por favor. Bebi, paguei - obrigado, tenha um bom dia.

Na papelaria - Bom dia Zé, pode por favor ver estes Euromilhões atrasados e depois dê-me duas apostas da máquina se fizer favor. Recebi, paguei, perguntei por uma revista, paguei - obrigado, então passo cá depois, até logo.

Na farmácia - Bom dia, preciso de uma caixa de ****. Recebi, dei o NIF, paguei - obrigado, tenha um bom dia.

Volto agora à tal irritante insignificância.

Decidiram os meus pais eu ficar com dois nomes - A*****o A*****o - e dois apelidos, o primeiro pelo lado da mãe - Rodrigues - o outro pelo do pai - Cabral.

Mas desde há bastante tempo que em vez de me chamarem sr António Cabral ou apenas o correcto António Cabral logo que digo que é esse o meu nome ou mostro o meu documento de identificação, saltam logo seja homem ou mulher, novos ou menos novos - sr António - o que deseja, ou em que lhe posso ser útil, ou o que vai tomar, ou então hoje não quer levar uma couves que estão fresquíssimas?

Mas ainda o mais irritante é que por diversas vezes quando me atiram com - sr António - e eu riposto - António Cabral - ficam a olhar para mim. Enfim.

Mas delicioso foi já me terem perguntado - mas não posso tratá-lo por sr António? E eu respondi - Só António não deve, pois por exemplo eu podia ser seu avô, vejo que está habituada a usar - sr António - mas o meu nome é António Cabral.

Não há dúvida os apelidos das pessoas desapareceram. Não interessa escolaridade, idade, etc.

A minha opinião, discutível certamente, é que boçalidade e tontice aumentam.

Será que isto advém do antigamente onde se tratavam com excessiva e para mim despropositada deferência os mais letrados e o resto da malta era o João ou o Silva?

E a propósito lembrei-me de outra parvoíce que por aí vou ouvindo. 

Outro dia, após pagar o pequeno almoço que circunstancialmente fomos tomar bem cedo numa pastelaria, ao começar a virar as costas para ir para a saída ouvi atrás de mim - continuação!
Parei, e perguntei à empregada - desculpe, disse continuação? Mas, continuação de quê? Ficou paralisada, muda, atónita a olhar para mim.
Como nada saía da boca dela - Bom dia - e saí porta fora.

É como estamos, num crescendo de imbecilidade, de politicamente correcto, de policiamento de mentes. Tontos e imbecis que julgam que andámos todos ao mesmo tempo na escola e que somos todos iguais.

Não somos todos iguais, irra.
Nascemos da mesma forma, pelo mesmo local, somos todos da mesma massa, mas não somos todos oriundos da mesma fôrma.

Onde temos de ser iguais, TODOS, é perante a lei, e temos de ter políticas que garantam igualdade de formação e igualdade de oportunidades. Mas não somos todos iguais. Nem no cabelo, irra.
A CRP explica bem o que há a fazer e a respeitar.

AC

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