sexta-feira, 4 de outubro de 2024

"JORNALÍSTICA" em  TODO  o  SEU  ESPLENDOR
Não pretendo ser injusto mas, de facto, creio que cada vez mais se pode dizer isto com que titulei este postal.

O (dito jornal de referência) Expresso desta 6ª Feira, na sua página 14, tem mais um artigo ao estilo "encher chouriços" que é como quem diz, mais uma peça para alimentar a chama da telenovela do eventual retrocesso civilizacional se Gouveia e Melo (GM) fosse eleito Presidente da República em 2026. Telenovela para a qual o visado tem contribuído.

O dito jornal continua a não divulgar se Marcelo Rebelo de Sousa anda ou não a tomar ansiolíticos e medicamentos para o coração, dado que tem sido noticiado que só a simples evocação dessa eventual candidatura o tem tido cada vez mais ansioso, como a eventual concretização dessa eleição vitoriosa o destroçaria por completo. 
Não mais conseguiria tirar selfies, e ficaria alérgico a "Vichyssoise".

O dito OCS de referência afirma que GM aceitaria o pedido do governo para estar mais dois anos como chefe da Marinha, o que a lei permite, apenas e se lhe garantissem um empenho sério (sério, é palavra que não escrevem) em reforçar as capacidades da Marinha e nomeadamente mais dois submarinos.

Salvo melhor opinião este assunto tem duas vertentes: política e militar.

Quanto à parte política poderemos ainda dissecar em duas facetas, no âmbito global defesa nacional/interesse nacional e na parte do jogo político da normal vida democrática inerente à periódica renovação de cargos políticos como estabelece a Constituição.

Vi que GM recusou com tom que me pareceu agastado a "ideia ridícula" de que o seu futuro depende do reforço de meios da Marinha e acrescentou que os militares não fazem chantagem. 
Deliciosamente acrescentou ainda - "o poder político é que manda nos militares". 
Frase deliciosa, para mim naturalmente, pois sendo evidentemente verdade no regime em que felizmente vivemos interpreto-a como - o poder político é que faz chantagens e nada resolve.

Quanto ao que dizem que Marcelo gostaria não perco mais tempo.
Não perco mais tempo com a questão presidencial.

Vou cingir-e, muito sucintamente, muito superficialmente à questão defesa nacional, na vertente militar, pois é assunto para páginas. 

Infelizmente, a maioria dos meus concidadãos lê  - defesa nacional = tropas. 
A instituição militar é, tão somente, a componente/ pilar militar da defesa nacional.
A defesa nacional vai muito para lá da vertente militar, mas esta é uma questão velha desde o 25 de Abril de 1974, e que é mais um dos exemplos demonstrativos do subdesenvolvimento de Portugal.

Mas antes de ir ao que me importa achei deliciosa a frase de GM -  qualquer pessoa que se oriente pelas sondagens pode ter surpresas, não alimento estados de espírito nem especulação”.

Eu sou razoavelmente ignorante destas coisas, mas quem escreve como escreve na página 14 do dito jornal deixa a quem lê o legítimo direito de ponderar pelo menos estas hipóteses:

1. o artigo parece ser mais um para, como disse, encher chouriços, para puxar pelas vendas,
2. o autor parece estar a fazer mais um frete a Belém, para ver se consegue mais acesso ao inquilino, 
3. o autor parece não ter noção rigorosa sobre o processo de aquisição de um navio militar (barco é civil), que é pesado, longo de anos, 
4. o autor parece não ter noção rigorosa dos procedimentos legais por que passa a inscrição de meios para os ramos das Forças Armadas na proposta de lei de programação militar a apresentar periodicamente na Assembleia da República. Processo complexo, fastidioso, de anos.

Certamente que não foi com intenção dolosa, mas depois de o ter lido, tenho o legítimo direito de pensar que o autor nos considera burros.

Eu sei que o autor do artigo é um homem interessado pelos assuntos militares e de defesa nacional; até já o vi em eventos na Assembleia da República onde também estive, e até estive sentado relativamente perto dele num dos últimos.

Mas, sinceramente, afirmar em síntese que como a lei permite GM aceitaria recondução por mais dois anos como chefe da Marinha SE, SE, SE. . .  é intrujar grosseiramente os cidadãos.

Ou o senhor jornalista não conhece o que se tem passado particularmente desde 1991, não conhece directivas ministeriais, não conhece ciclo de planeamento, não conhece o passado das sucessivas leis de programação militar, não conhece as questões sobre helicópteros nas FA desde 1989, não conhece os crescentes estrangulamentos financeiros dos ramos das FA, não conhece a alteração do processo de nomeação de chefias militares operado em 1994 depois de uma azia monumental surgida quando do processo de substituição de um chefe de Marinha, etc. etc. etc. etc. ?

Não vou entrar em questões técnicas de que aliás sei muito pouco.

Promessas? Garantias?
Enfim, ao que chegámos.

Tenham um bom fim de semana.
Arranjem muita paciência. Saúde.

António Cabral (AC)

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