sexta-feira, 18 de março de 2022

A  PROPÓSITO  DA  AGRESSÃO  MILITAR

Na sequência da ilegítima e a todos os títulos condenável agressão militar da Rússia à Ucrânia, observei certas criaturas nacionais com responsabilidades políticas no passado e ainda hoje, a tecer profundas elucubrações sobre nomeadamente os recursos humanos das Forças Armadas (FA), com afirmações "interessantes (!!!) como - olhar com outros olhos para o recrutamento e para as condições de atração da carreira militar - repensar um novo modelo de recrutamento.

Como já estou nos "setentas" e já vi muita coisa na vida, andei na guerra em África ainda certos malandrecos andavam de bibe a pensar como se iriam dar nas federações partidárias como por exemplo em Lisboa, acho sempre engraçado este tipo de afirmações solenes, engraçado porque me recorda sempre uma palavra: COERÊNCIA.

No que respeita à carreira militar, que agora excelsas criaturas mostram tanta preocupação (???), mesmo sendo eu um ignorante destas coisas sei que o estudo da "motivação" é coisa muito complexa. Saber o que move os indivíduos para escolher esta ou aquela profissão. Saber o que move os indivíduos para determinados objectivos.

Hoje, é a minha percepção, em média o relacionamento entre pais e filhos está diferente do que era quando eu andava pelos 15/ 17 anos. Nessa altura havia guerra em África, Angola, Moçambique e na Guiné considerada a pior zona de todas, ainda que o Leste de Angola e o Norte de Moçambique fosse áreas muito amargas.

E o drama das famílias de ver um filho lá ir parar era tremendo. Hoje o mundo está muito diferente e porventura mais complexo e recheado de crescentes incertezas.

Carreira militar. 
Conheço mal o assunto na vertente - atração da carreira militar, condições de atractividade. Mas, conhecendo mal o assunto e confessada a ignorância sobre as complexas questões relativas aos estudos e metodologias acerca das escolhas de profissões, sei de experiência vivida algumas coisas óbvias.

Por exemplo, creio que um jovem na fase final do ensino secundário ou mesmo ligeiramente antes, pondera pelo menos o seguinte:

> alternativas - é sabido que épocas houve em que a situação do mercado de trabalho nacional levou a aumento de candidaturas às carreiras militares; mas, provavelmente, hoje, muitos jovens escolherão emigrar do que ingressa nas FA;
> vencimento, segurança financeira;
> qualidade de vida, bem estar social, estatuto;
> realização pessoal;
> família;
> útil à sociedade;
> estabilidade, reconhecimento social.

Do que eu julgo saber, e apesar de época para época tudo variar um pouco (ou muito como agora se vê com a guerra), as questões inerentes à designada carreira militar para lá de serem complexas estão desde há duas ou três décadas numa rampa descendente e com sinais cada vez mais preocupantes. E os jovens são capazes de reparar nisso.
Do que julgo saber, pode dizer-se que não são questões, são problemas que se agravam e amontoam, sempre com os Primeiros-ministros, ministros da chamada defesa nacional (que não são, nunca foram), governos, deputados, presidentes da Republica, a fazer de conta que está tudo no melhor dos mundos.
Depois da porcaria que andam a fazer há anos agora quererão atrair juventude. Pois!

Pela minha parte vou esperar sentado, observando como vão estes políticos da treta instalados em Belém e S.Bento resolver a atractividade à carreira militar. 
Pelo que observo nos meus netos mais velhos, nos sobrinhos netos mais velhos, e nos amigos e amigas de todos eles, os senhores que por aí andam na esfera do poder e os que já lá estiveram e regressaram a deputados, são capazes de vir a ter surpresas com a reação da juventude portuguesa aos seus planos, ás suas presentes e solenes proclamações. Vou aguardar.
AC

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