sexta-feira, 25 de março de 2022

Do Diário de Notícias

Gouveia e Melo demolidor em mensagem aos fuzileiros: "Não queremos arruaceiros na Marinha!"

Duro e emotivo, o Almirante Chefe de Estado-Maior da Armada falou ao corpo de fuzileiros por causa do homicídio do agente da PSP, pelo qual estão dois militares desta unidade detidos. "Fábio Guerra era a nossa pátria", declarou

Almirante CEMA : "Os acontecimentos de sábado já mancharam as nossas fardas"

No dia em que foi a enterrar o agente da PSP Fábio Guerra, nesta quinta-feira na Covilhã, o Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA) juntou o corpo de fuzileiros e fez uma alocução demolidora sobre princípios, valores e, principalmente sobre quais são as linhas vermelhas para servir o País na Marinha.

Duro, o Almirante Gouveia e Melo não escondeu a sua profunda desilusão por ver militares de elite como são os fuzileiros envolvidos neste homicídio.

"Os acontecimentos do último sábado já mancharam as nossas fardas, independentemente do que vier a ser apurado. O ataque selvático, desproporcional e despropositado não pode ter desculpas e justificações nos nossos valores, pois fere o nosso juramento de defender a nossa Pátria. O agente Fábio Guerra era a nossa pátria, a PSP e as Forças de Segurança são a nossa Pátria e nela todos os nossos cidadãos", sublinhou.

Na intervenção, filmada em vídeo, Gouveia e Melo lembrou que tem "os fuzileiros como a força de elite da Marinha", com quem trabalhou "braço com braço nas operações de inserção e exfiltração do Destacamento de Ações Especiais (DAE) enquanto submarinista", com quem operou "com o pelotão de abordagem inúmeras vezes enquanto comandante da Vasco da Gama", com quem esteve "nos terríveis acontecimentos de 2017 e em Pedrógão", a quem viu "atuar em situações de catástrofe, ou no simples apoio às populações", a quem reconhece "profissionalismo, qualidades militares, generosidade e dedicação".

No entanto, naquele momento, tinha de partilhar o que sentia "na sequência de desacatos que resultaram no falecimento do Agente da PSP Fábio Guerra, na madrugada do último sábado".

Lamentou "ver fuzileiros envolvidos em desacatos e em rixas de rua", o que "não demonstra qualquer tipo de coragem militar, mas sim fraqueza, falta de autodomínio, e uma necessidade de afirmação fútil e sem sentido".

Lobos na selva, cordeiros em casa

E continuou, perante uma plateia atenta que esgotava o auditório da unidade: "Já ouvi vezes demais que não se pode ter cordeiros em casa e lobos na selva, eu digo-vos enquanto comandante da Marinha que se não conseguirem ser isso mesmo, lobos na selva, mas cordeiros em casa, então não passamos de um bando violento, sem ética e valores militares, sem o verdadeiro domínio de nós próprios e se assim for não merecemos a farda que envergamos, nem os 400 anos de história dos Fuzileiros".

O CEMA apelou aos militares que fossem "corajosos e firmes no mar, nas selvas, nos desertos, nas praias, quando o inimigo nos flagela, quando tudo nos parece perdido e reagimos, mas não em pistas de discotecas, em rixas de rua, em disputas de gangues".

"Quando vejo alguém a pontapear um ser caído no chão, vejo um inimigo de todos nós, os seres decentes, vejo um selvagem, vejo o ódio materializado e cego, vejo acima de tudo um verdadeiro covarde"

Enquanto militares, asseverou, "não somos movidos pelo ódio, pela raiva, mas por amor a algo maior que os nossos próprios seres, algo tão superior que estamos sempre prontos a sacrificar-nos por isso. Nestes valores militares não há espaço para o desprezo pela vida alheia, nem pela indiferença e sofrimento alheio, ou para qualquer tipo de crueldade. Quando vejo alguém a pontapear um ser caído no chão, vejo um inimigo de todos nós, os seres decentes, vejo um selvagem, vejo o ódio materializado e cego, vejo acima de tudo um verdadeiro covarde"
.


Na minha opinião naturalmente, palavras duras e certeiras que são indispensáveis serem pronunciadas em tempo útil como agora o CEMA fez e bem, e são o mínimo do que deve ser dito. 
Palavras que também se aplicam a outros selvagens vários que por aí andam à civil.

Palavras que, na minha opinião naturalmente, pelo que se vê, incapazes de em tempo útil sair da cabecinha dos que têm lágrima fácil ao canto do olho e lamentam sempre tudo mas ficam por aí.
António Cabral (AC)

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