terça-feira, 8 de março de 2016

Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República cessante
O ser humano é uma máquina muito complexa. Ainda hoje, apesar dos avanços da medicina e da tecnologia, muito do nosso “agir” não encontra explicação.
O PR que hoje termina o 2º mandato é, porventura, das personagens mais complexas da história de Portugal. Falo de história, pois contrariamente a muita gentinha que por aí anda à mesa do orçamento, não creio que a sua acção, a boa e a má, fique completamente esquecida. Mas os historiadores dirão. Mesmo aqueles que também beberam do seu poder e mais tarde escarneceram.
Quem sou eu para dizer que foi bom ou mau presidente?
Sempre o critiquei, por escrito, e em privado, em relação aquilo que me parecia reprovável e, naturalmente, nem sempre terei sido justo ou completamente rigoroso. 

Não só, mas muito também, por ter sido em minha opinião um mau Comandante Supremo das Forças Armadas. Este carimbo entendo-o de atribuir por considerar que se esqueceu do seu dever de tutela.
Foi sobretudo um político astuto, premeditado? Foi só um tecnocrata e desastrado aprendiz de política? Divertiu-se interiormente com as auréolas que criaram a seu respeito? Teve e tem, ou não, um profundo desprezo pela maioria dos políticos e das elites? Apesar de tudo apadrinhou de facto muita malandragem?
Nunca me atirei a ele por razões da sua humilde origem familiar, contrariamente ao que parece ter acontecido com muita gentinha particularmente senadores e príncipes. Foi, provavelmente, olhado com profundo desprezo por aqueles que sempre protestaram mas nunca foram reprimidos a sério pela ignóbil polícia política de antanho. Se isto refiro é apenas porque sei que alguns, esses sim, muito sofreram e a sério, como Álvaro Cunhal, Domingos Abrantes, etc.
Mas uma coisa é certa, a figura que alguns desconsideravam, “o gajo”, empalideceu quem julgava ser o dono disto tudo e que Portugal seria, finalmente, a sua coutada, num caminhar fulgurante por todas as etapas à mesa do orçamento.
Pessoalmente, creio que o PR cessante deixou esfarelar o tecido social que existia, designadamente no que se refere á estrutura equiparada entre todos os múltiplos servidores do Estado. Isso aconteceu entre o fim da sua primeira maioria absoluta como PM e meio da segunda. 
Estoirou com o equilíbrio existente. Professores liceais  universitários, diplomatas, magistrados, militares, forças de segurança, funcionalismo público, etc.
Chegar onde chegou, basicamente 20 anos de poder e, tanto quanto se sabe, sem ser "mação ou da opus dei”, sem ter simpatia por parte da esmagadora maioria da comunicação social, não é feito desprezível.
Genericamente, o que não lhe desculpo também enquanto cidadão, por me parecer que podia ter travado muita coisa, foi passar a 2ª maioria absoluta de PM sem se impor com dureza contra a pouca vergonha dos subsídios europeus que desapareciam em certos bolsos, não ter imposto regras duras no sistema de justiça, não ter, portanto, lutado com fragor contra as pouca vergonhas que se amontoaram no segundo mandato de maioria absoluta. Reformas estruturais profundas não foram desenhadas. Contemporizou ou não com o amiguismo e podridão que, a espaços, vieram à tona de água nos seus mandatos presidenciais?
Enfim, como todos nós, enquanto PM e PR teve nestes anos todos boas e más decisões. 
Sai com uma esmagadora baixa popularidade. Algum significado deve ter. 
As cenas dos últimos dias, para o meu gosto pessoal, discutível naturalmente, não ajudaram a melhorar o quadro. Concretamente, as condecorações impostas a certas figuras, senão mesmo figurões.
Aguardemos, se por aí vierem as suas memórias.
Em síntese, para um político que acho sempre foi, devia ter feito melhor. 
Numa outra perspectiva, no entanto, e olhando à baixa popularidade e comparando-a com as de Mário Soares e Jorge Sampaio, será que se pode colocar esta pergunta? 
Não será estranho esta baixa popularidade? Os seus dois antecessores tiveram muita popularidade e, no entanto, como estava Portugal e como ficou após os seus mandatos?
Estas coisas das popularidades devem ter muito que se lhe diga. 
Uma coisa tenho por certa: grandes tiradas, mais vida para além disto e daquilo, mas depois deste três senhores,............ estamos como estamos!
Será por culpa minha? Certamente........eh…eh….eh…...
AC

Sem comentários:

Enviar um comentário