sexta-feira, 3 de junho de 2022

COMO  VAI ?

Em saudosos tempos, o falecido Nicolau Breyner e Herman José parodiaram o Portugal de então. Se não me falha a memória eram o Sr Feliz e o Sr Contente. Pode gostar-se ou não, eu gostei. Retratavam coisas engraçadas, e muitas mais que retratavam parte do que Portugal era então, do que infeliz e lamentavelmente era então.

Contrariamente a muitos, e como sempre eu respeito a opinião de outrem, considero que o 25 de Abril melhorou muito o nosso país. Muito se alterou, muito ganhámos.

Mas, contrariamente a muitos, eu nunca esqueço o que felizmente evoluímos mas também não me esqueço do que tragicamente vem acontecendo, ao ponto de sermos quase a cauda da Europa, e continuarmos com uma série de malandros a darem cabo do país, a maltratarem os portugueses.

Como está Portugal?

Um país em que, 

> um homem que está há 6 anos no ministério da educação e das suas recentes palavras parece que só agora se apercebeu da falta de professores,

> se discute acaloradamente os produtos menstruais e se aprova a redução do IVA para a taxa que já estava em vigor,

> ele vai ler, interiorizar e garante que não vai comentar (oh que peninha),

> quase se pedem duelos por trás da catedral por causa de pilaretes, ciclovías e trotinetes, 

> os indícios à volta do PRR aumentam no sentido de se temer virmos a ter um período de corrupção superior ao de épocas passadas, ainda que Marcelo esteja muito atento, 

> se discute uma agenda digna para o trabalho ao mesmo tempo que se constata que os dos costume não trabalham mas passeiam cada vez mais, 

> se discute a semana de trabalho de 4 dias e se reparte o tema por vários ministros, 

> a defesa destes temas é nomeadamente assumida por uma criatura chorosa que ia para zonas de incêndios com sapatos de ténis,

> se perora porque Ronaldo está no banco, 

> falha cada vez mais a proteção que é devida aos idosos e aos mais desprotegidos, 

> se olha com enorme desfaçatez e incompetência para a crescente e trágica questão da água,

> nos OCS se publicam mais do que questionáveis elevadores ou sobe e desce acerca de criaturas inarráveis,  promovendo-as com base em critérios nada claros,  

> umas criaturas se mostram ufanas de contactos internacionais mas ao fim de um ano não contabilizam o que foi concretizado, 

> umas criaturas querem só rapidez, simpatia e balda contínua e outras criaturas só querem segurança e plenários em horas de ponta, 

> aparecem em público, uns que não se olham ao espelho em casa e mesmo assim se atrevem a grosseira e ordinariamente catalogar outros da mesma profissão, ou outros a mostrar continuado ressabiamento por no passado não lhe terem sido dados os cargos no estrangeiro que ambicionavam ou, a publicamente confessar vaidosamente o que já anos atrás se soube conspiravam,

é um país que indicia estar em muito mau estado e a continuar por muito mau caminho.

Mas aguardemos.

António Cabral

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