domingo, 11 de setembro de 2022

1 1     S E T E M B R O

"Nunca diga desta água não beberei".

Vem isto a propósito desta data, de trágica memória, em que instrumentos horrendos de outrem materializaram o ódio ao seu semelhante. ÓDIO.

Vem também a propósito de viagens e lazer. 
Porque, de facto, no presente:
- a probabilidade de um dia regressar de avião aos EUA é ínfima, 
- a probabilidade de um dia regressar de avião ao Brasil ou visitar a Argentina é ínfima,
- a probabilidade de um dia por avião regressar a África, ou visitar Ásia ou Austrália é ZERO,
- a probabilidade de ir ao Reino Unido pelo túnel é ZERO,
- a probabilidade de ir ao Reino Unido de avião é baixa,
- a probabilidade de regressar de avião à Islândia é baixa mas ando a pensar repetir,
- a probabilidade de regressar de carro a Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Luxemburgo, Noruega, Suécia, Itália, Dinamarca,  é razoável, 
- a probabilidade de visitar de carro ou avião outros países Europeus que não os citados é ZERO.

A probabilidade de voltar a fazer o que já fiz por mais de uma vez, cruzeiros por mar, é ZERO.

Viajar é coisa que sempre gostei. Conhecer outros países, outras gentes. Até hoje consegui fazer isso em parte na sequência de responsabilidades profissionais mas muito sobretudo às minhas custas.

O 11 de Setembro de 2001 marcou uma viragem, dramática, no modo como se vivia, como se viajava. Saí dos EUA de regresso a Lisboa após 3 anos de serviço naquele país. Saí em 31 de Agosto de 2001.

Mas os sinais de que o mundo fervilhava no que respeita ao terrorismo, às seitas ligadas ao Médio e Extremo Oriente, ao Paquistão e Afeganistão, a outras áreas na Ásia e em África, estavam à vista já há vários anos. Muitos não lhes ligaram.

Por razões profissionais tive a felicidade de ter aprofundado relações pessoais com quem pertencia a determinado departamento das FA americanas, e estava bem metido no mundo da contra-espionagem, dos serviços de segurança, etc.

Os sinais eram perturbadores. E não só nos EUA. Ele muito me falou disso.

Por razões profissionais, eu o meu chefe de departamento e outro colega (holandês), tivemos de nos deslocar a Londres na primeira semana de Julho de 2001, para prolongada reunião no âmbito NATO.
O final da reunião ocorria e ocorreu 3 dias antes do dia de aniversário da minha mulher.

E assim a fui esperar ao aeroporto em Londres dois dias antes do aniversário, para ali o celebrarmos uma vez que eu tinha sido autorizado a meter 5 dias de férias antes de regressar aos EUA.

A viagem dela decorreu sem sobressaltos, sem turbulência e chegou a horas.  Mas depois ficámos quase duas horas dentro do aeroporto, sem ninguém se poder dirigir para as estações do Metro. 
Porquê? Ameaça bombista nos túneis do Metro.

Os sinais estavam por todo o lado. O 11/9/2001 aconteceu.
A tragédia atingiu Londres e Madrid pouco tempo depois.

O mundo nunca mais foi o mesmo.

Em 11 de Setembro de 2001, eu estava entretido na "mezanine" da minha casa na aldeia de Monsanto.

- Liga a televisão - gritou-nos pelo telefone uma amiga apavorada. Assisti ao horror do segundo avião embater na outra torre.
Estivemos horas em frente ao televisor, atónitos. 

O mundo é completamente outro.
António Cabral (AC)

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