quarta-feira, 16 de outubro de 2024

ABSOLUTAMENTE DE ACORDO
(sublinhados da minha responsabilidade)

O parágrafo
por henrique pereira dos santos, em 14.10.24

A propósito do fim da comissão de serviço de Lucília Gago, por estes dias, não foi um nem dois jornalistas que, procurando resumir o seu desempenho à frente do Ministério Público, falaram no parágrafo que provocou a queda do governo de António Costa.

O que provocou a queda do governo de António Costa foi António Costa, não foi nenhum parágrafo escrito por terceiros.

Se dúvidas houvesse na altura, bastaria o percurso posterior de António Costa para demonstrar o que já então me parecia evidente: António Costa tinha perfeita consciência do grau de degradação institucional que o rodeava e estava apenas à procura de um pretexto, qualquer que fosse, para justificar a forma como tencionava tratar da sua vidinha.

Como sempre, António Costa procurava não fechar umas portas para abrir outras, o que ele estava a fazer, como sempre fez, foi ir abrindo portas, sem nunca deixar muitas outras abertas porque o futuro é uma coisa muito incerta.

Até havia vários precedentes na sua carreira, por exemplo, a forma como abandonou o governo de Sócrates, sabendo que a probabilidade de dar asneira era muito grande, que o esteve estar nesse governo apenas o tempo necessário para escolher a melhor forma para se distanciar, sem nunca demonstrar que essa era uma preocupação central para ele (o discurso de defesa de Sócrates no último congresso do PS que elegeu Sócrates, com uma votação norte-coreana, já depois de chamada a troica, é notável como demonstração do cinismo que caracteriza António Costa, que sempre esteve fartinho de saber quem era Sócrates e como funcionava).

A carreira de António Costa, na forma como ocorreu, só é possível num ambiente mediático como o que existe em Portugal, com todas as redacções dos jornais dominadas pela esquerda woke, enfronhadas na intriguice que assenta nas fontes anónimas e na leitura de "entrelinhas" feitas por jornalistas que não sabem que cada leitor escolhe as entrelinhas que quiser, não havendo utilidade nenhuma em qualquer jornalista se entreter a explicar ao povo ignaro quais são as entrelinhas de qualquer discurso.
. . . . . 
AC

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