quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A propósito de mais um atentado terrorista
Escrevo após o jantar quando continua, ao que parece, a caça aos suspeitos do horror praticado em Paris. Uma caça, que me pareceu, está em boa parte a ser acompanhada pelos media o que, para mim, é peculiar. Peculiar, para quem tem sensibilidade para estes assuntos, e sabe como eles devem ser conduzidos. Mas deve ser mal meu. Entretanto, conexo ou não com o assassinato de 12 pessoas, já assassinaram em outro local de Paris mais uma agente da autoridade.
A culpa disto tudo é de quem? Do designado mundo Ocidental? Dos EUA? Da comissão europeia? Do Papa directamente, ou da igreja católica? Do El Ninõ e suas consequências em vários continentes? De Afonso Henriques porque supostamente andou à chapada com a mãe?
A responsabilidade é, para mim, directamente dos assassinos, e não me venham dizer que agem pensando que…bla…bla…bla! Estiveram-se nas tintas quanto ao cartoon no nariz do Papa, se calhar acharam graça. Eu achei.
A desculpabilização soft deste tipo de horrores, horrores há décadas e décadas praticados, um certo "laissez faire” e a falta de firmeza na Europa a propósito de alguns aspectos do multiculturalismo (desejável sendo são) muito tem contribuído para a sucessão de assassinatos.
Assassinatos é a palavra a empregar. Estamos perante assassinos, e não meninos de coro. Perante ódio e violência gratuita, que ninguém de mente sã pode tolerar.
Existem em Portugal e por esse mundo fora e particularmente na Europa, milhões de pessoas que parece que pensam que tudo acontece por acaso. Mas não é assim.
Tudo tem raízes, explicações, condicionantes várias, maturação de anos décadas ou mesmo séculos, não existem justificações fáceis ou únicas, e quem pondere estruturada e racionalmente sobre os assuntos no mundo pode, e deve, entender as problemáticas das envolventes e as evoluções, particularmente desde o século XIX, mas NADA, mesmo NADA, autoriza tirar vidas humanas, por exemplo em Portugal porque Afonso Henriques foi o primeiro a expulsar os mouros. NADA!
Ou se defendem valores da sociedade, ou a prazo ela irá desmoronar-se. E numa sociedade, deve-se integrar, e não destruir.
Olho para o que disse em Lisboa o sheik Munir, e dou comigo a pensar: de facto se, como dizem certas cabeças ocas luxuosamente instaladas em Bruxelas e Estrasburgo, por trás do horror acontecido em Paris estão as políticas horríveis (tenho as maiores reservas e algumas discordâncias de fundo sobre muita coisa aqui na Europa e não só) praticadas neste “chato” mundo ocidental, porque carga de água os milhares/ milhões de cidadãos oriundos do Norte de África e do Médio e Extremo Oriente e que residem a Norte do Mediterrâneo, não emigram antes para a China, para a Rússia, para a Coreia do Norte ou, sobretudo, para qualquer dos seus países de origem ou para outros países em África ou do Médio e Extremo Oriente, onde em nenhum deles se praticam estas horríveis (e algumas são) políticas de austeridade? Porque não fazem isso?
Gostava de ouvir sobre isto as criaturas que se entretêm a comer “moules” em Bruxelas, ou uns “escargots” em Estrasburgo, sempre regados com bom vinho e ou champanhe francês, e que nos intervalos determinam o comprimento que devem ter as alheiras de Mirandela!
Haverá quem diga que o que agora aconteceu, como em outras funestas ocasiões, nada tem a ver com a religião muçulmana. Talvez não tenha, quem sou eu para contrariar essas asserções. 
Mas, ainda assim, fica-me a dúvida sobre, que influência poderá ter tido, por exemplo, Arafat e outros do género, ou os ideólogos no Irão, ou uns rapazinhos na Síria, e muitos imãs, sobre estas multidões de assassinos encapuçados sempre presentes nas TV ocidentais. 
Naturalmente, não esqueço a génese porventura questionável do estado de Israel, não esqueço as intervenções no canal do Suez e nos Médio e Extremo Oriente entre finais do século XIX e a actualidade, mas……….!!, ou bem que estamos no século XXI e hoje as coisas no mundo tem que definitivamente passar a ser tratadas sem espadeirada e metralhadora ou bomba ou, então, se é pretendido reajustar fronteiras à época de 2000 anos atrás, ou vingar as atrocidades praticadas pelos europeus ao longo de séculos em países assaltados ou em colónias, então, e como é comum dizer-se de forma clara para militar entender, então estamos mesmo em guerra. 
Querem acabar a longo prazo com os valores ocidentais, com o nosso modo de vida? Vão-me desaparecendo dúvidas.
O que se passou em Paris é, a meu ver, muito mais que derivado do bom ou mau gosto do “cartoonismo”, ou o possível desdém por ele exalado. E, no mínimo, pretende-se causar instabilidade, medo, pavor.
Não há ou há, choque de civilizações, ou choque de religiões? Existe ou não desprezo pelos valores do mundo Ocidental? Quantas mesquitas existem em cada um dos países europeus? Quantas igrejas (católicas, protestantes, ortodoxas) existem nos países do Norte de África e no Médio e Extremo Oriente? 
Laicidade, separação da religião do estado, etc, são tudo questões decisivas e, pessoalmente, baptizado que sou, entendo que o Estado deve ser constitucionalmente laico. Mas outra coisa é, e bem disparatada a meu ver, negligenciar em cada país a preponderância, dos católicos, dos protestantes, dos ortodoxos, dos sunitas, dos xiitas, etc. E isso deve ser respeitado pelo Estado, pelos Estados, e pelos indivíduos.
Os cidadãos que emigraram para a Europa, desde o século XX, como vivem? Em que guetos os colocaram? Cá como lá fora, existem ou não cada vez mais locais onde a Polícia quase não vai e para ir, é quase um exército? Isto é tolerável? A maioria foi deixada vir para cá para a reconstrução da Europa no pós 2ª GG, sim ou não? Que questões estão em cima da mesa quando se analisa a atribuição da nacionalidade em cada um dos países europeus?
Que relação efectiva têm muitos imãs e os designados moderados muçulmanos e suas estruturas existentes na Europa, com os grupos radicais que existem em vários dos países europeus? Será que não existem células adormecidas em todos os países, nosso incluído? 
Para lá da possível relação, têm influência decisiva sobre eles, controlam-nos? Ou para as televisões é uma coisa mas depois, nos estabelecimentos de culto legalmente existentes e nos outros escondidos, fecha-se os olhos?
São tudo aspectos parcelares de um problema muito grande e muito complexo, e onde quase ninguém deve estar bem na fotografia. Problema para o designado mundo ocidental e para o resto do mundo.
As linhas supra são um pouco desconexas mas procuram, e admito que porventura não da forma mais feliz, chamar à atenção quer para o que séculos atrás foi acontecendo em África, no Médio e Extremo Oriente e na Europa.  
Procura salientar que no presente, esta continuada sucessão de assassinatos, atentados à bomba, etc, em paralelo com a moleza dos sucessivos governos ocidentais perante os problemas sociais e outros, a persistirem, não vão levar a bom resultado.
Comentadores, sociólogos, psicólogos, militares reformados enformados na velha ideia de que é preciso é mais gente para defender as fronteiras terrestres, e todos os politicamente correctos, terão o seu papel, mas……….talvez fosse mais avisado começar-se a olhar seriamente para as questões de fundo. 
Por exemplo (ordem aleatória): funções do Estado, justiça, políticas de imigração porventura a terem que ser restritivas, família, natalidade, trabalho e emprego, corrupção, saúde, educação, desenvolvimento das regiões, severo controlo dos fluxos nas fronteiras, combate eficaz aos fluxos migratórios através do Mediterrâneo e deportação aos países de origem, etc. 
Temo bem que venha a acontecer como quase sempre tem sido, em Portugal e no resto da Europa. Muita emotividade, muita solidariedade, mas……já passou,......e ....já agora, ....nada no meu quintal!
As coisas não acontecem por acaso, têm a sua maturação, muitas vezes demorada, demora que, quanto ao que penso estar por trás de mais um horror, será uma maturação bem planeada, e para ter resultados daqui a 50 anos. We will see!
De Estrasburgo, entre as 3ªs e 6ªs feiras, podiam elucidar-me mas, .....dir-me-ão só, com desdém.....nah, ….está enganado, isto foi só um triste episódio, passageiro, fruto da Merkel e quejandos.
AC 

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