QUEM OS CONHEÇA QUE FIQUE COM ELES
Estou cheio de curiosidade para ver se, no seio dos militares e por exemplo entre todos aqueles já reformados que andam por aí em várias organizações, as coisas se irão continuar a passar tão calmas como aparentemente parecem estar há anos. "Calmas", e isto apesar de periódicas patéticas declarações de certas chefias militares, apesar de certos ministros designados como da defesa nacional que nem patéticos conseguiram ser, com ou sem palavras sagradas, apesar de certas posturas de todos os anteriores presidentes da república e comandantes supremos das FA (excepto Eanes) e do actual que, para não variar de discurso, afirma que os militares portugueses são os melhores dos melhores, ou coisa parecida.
Gosto de polémicas, mas gosto sobretudo de me ater a factos, concretos, e respaldados na Lei.
Que a maioria finge não existir.
Vem isto a propósito do que está a ser noticiado acerca de declarações atribuídas nos OCS ao actual "patrão" militar das forças armadas, o chefe do estado-maior general das forças armadas. Oficial que é oriundo da Marinha de Guerra e, segundo se ouve em certos bastidores, causando azia em certas pessoas.
Parece que existe por aí quem já lembre incoerências!
Só se espantam os desatentos!
Nestas coisas, e como referi já, deve sempre começar-se pelo princípio. O que a maioria normalmente recusa fazer.
E, no tocante à defesa militar da República, a CRP no seu artigo 275º é claríssima.
Até a minha velhota vizinha lá na aldeia não teria dúvidas nenhumas depois de ler o referido artigo.
Como ela também não teria dúvidas nenhumas depois de ler mais à frente no mesmo artigo o seu nº 6 que estabelece: "as Forças Armadas podem ser incumbidas, nos termos da lei, de colaborar em missões de protecção civil, em tarefas relacionadas com a satisfação de necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações, e em acções de cooperação técnico-militar no âmbito da política nacional de cooperação".
Como é evidente para qualquer cidadão intelectualmente honesto, e que saiba o que diz a Constituição da República Portuguesa, e que tenha presente que Portugal é um País pobre de recursos e esfrangalhado por cliques várias desde há décadas, no plano interno e em determinadas circunstâncias definidas em lei e se assim for entendido adequado pelos poderes políticos em determinados momentos, as Forças Armadas deverão estar ao serviço do País e das populações nos exactos termos que a CRP define.
Cooperando, com a ANPC, com forças de segurança, etc.
A palavra chave é "cooperando, repito, COOPERANDO" isto é, indo fazer o que for determinado pelo executivo em acções complementares e de apoio a todas as estruturas e organizações que existem no país para assegurar a segurança e bem estar das populações. E naturalmente que em condições normais, sem ser de emergência ou de estado de sítio.
Como estamos neste paroquial e patético Portugal das capelinhas, haverá tolos que quererão agora mandar sobre tudo e todos no mais estrito e ridículo sentido da palavra, porventura para mandar virar o camião azul do Exército na estrada nº tal e à hora X, ou mandar lançar 10 pára-quedistas no quintal Z ou floresta Y.
Como haverá tolos que se regozijam com o esmagar dos militares ou mesmo a sua extinção, como haverá tolos que se regozijam em não aceitar o que a CRP determina, como haverá políticos desde Belém a SBento a terçar armas por baixo da mesa, ou a fingir que está tudo bem. E não está.
Desgraçado país.
Às ordens do politicamente correcto, às ordens dos zangados com as instituições a que pertenceram, às ordens do estalar de dedos de uns quantos, não tardará muito que venhamos a estar outra vez às ordens de troikas e companhia.
Com troika ou sem troika, com falso virar de página, com a continuação da austeridade ainda que dita não existente, com a escassez de recursos evidente há décadas, continuamos com estes tristes e degradantes espectáculos, rodeados de pavões arrogantes recém chegados ao poder, com enguias que sempre pensaram só em si e foram jogando com estes e aqueles, com ministros incompetentes, com lamentáveis chefias em quase toda a estrutura do Estado, e com um beijoqueiro que finge nada se passar de especial.
E o que é trágico é que continuamos sem arrumar a casa, quando a CRP é tão clara.
Neste domínio, como infelizmente em muitos outros.
Lamentável, é o mínimo a dizer.
Não são só os pirotécnicos em mau estado que rebentam de repente.
António Cabral
Se tentaste fazer alguma coisa e falhaste, estás em bem melhor posição que aqueles que nada ou pouco tentam fazer e alterar e são bem sucedidos. O diálogo é a ponte que liga duas margens. Para o mal triunfar basta que a maioria se cale. E nada nem ninguém me fará abandonar o direito ao Pensamento e à Palavra. Nem ideias são delitos nem as opiniões são crimes. Obrigado por me visitar
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