(do Diário de Notícias) (com sublinhados da minha responsabilidade)
O senhor ministro da Defesa Nacional, hoje, por outras razões, falou comigo, e explicou-me que naquela altura comunicou às Nações Unidas, porque se tratava de uma força das Nações Unidas, que havia suspeitas relativamente a um caso em investigação judicial, e que na base de pareceres jurídicos tinha sido entendido que não devia haver comunicação a outros órgãos, nomeadamente órgãos de soberania, Presidência da República ou parlamento", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na cidade da Praia.
"E também não ao Conselho Superior de Defesa Nacional, na base de se tratar uma investigação em curso e por isso rodeada, naturalmente, de um conjunto de características de segredo de justiça, que contraindicavam essa comunicação. E, portanto, foi o que aconteceu", explicou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, à margem da visita de dois dias que realizou a Cabo Verde.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que já na segunda-feira tinha admitido essa hipótese, que disse ter sido confirmada hoje, ao falar com o ministro João Gomes Cravinho: "Que estando em investigação judicial tivesse sido essa a razão da não comunicação. Isso foi-me confirmado pelo senhor ministro da Defesa Nacional".
Questionado sobre a interpretação que fez destas decisões, o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas nada quis adiantar.
"Eu não tenho nada que me pronunciar sobre essa matéria. Tenho que apenas dizer o que aconteceu", respondeu.
Na segunda-feira, poucas horas depois de iniciar a visita a Cabo Verde, para assistir hoje à tomada de posse do novo Presidente da República, José Maria Neves, o Presidente da República já tinha afirmado que a "excelência" das Forças Armadas não está em causa com as investigações ao alegado "tráfego de diamantes" e sublinhou que a abertura da investigação interna só as "prestigia".
"Em boa hora as Forças Armadas, logo que tiveram conhecimento da denúncia, que foi no final de 2019, procederam à investigação imediatamente, envolvendo a Polícia Judiciária Militar, depois alargou-se à Polícia Judiciária, naturalmente, pelas implicações mais vastas do que o domínio nomeadamente das Forças Armadas", explicou Marcelo Rebelo de Sousa.
"E esse trabalho está em curso para se apurar o que é que aconteceu e para se tomar as medidas exemplares que devam ser tomadas. Quer dizer que foram as Forças Armadas as primeiras a perceberem que era preciso assumir essas responsabilidades. E isso só as prestigia, só aumenta o prestígio internacional que têm e que é reconhecido por toda a gente", acrescentou.
Segundo o Presidente da República, esse reconhecimento existe para com as forças nacionais destacadas na República Centro-Africana (RCA), mas também "nas que estão destacadas um pouco por todo o mundo".
"Tendo-se a noção exata de que, como em todas as sociedades, há casos isolados que devem ser punidos se for caso disso, mas a generalidade é um exemplo daquilo que é a qualidade, mais do que qualidade, a excelência das nossas Forças Armadas", disse ainda o chefe de Estado.
Temos mais um caso em que os cidadãos são tratados como se fossemos todos muito burros.
Este acontecimento, agora vindo à luz do dia, embora com muita nebulosidade e luz fosca, recorda-me que é pouco inteligente reavivar certas memórias, é que pode ocasionar certas lembranças. E estes protagonistas anunciantes e palradores não estão a mostrar inteligência e parecem não estar recordados de atoardas passadas. Continuam a falar mandarim, que é o pior dialecto para nos entendermos.
Ele diz que aconteceu assim e pronto, não se deve falar mais nisso. Não se fala mais nisso, temos excelência por todo o lado.
O outro disse que não informou o chefe porque não convinha até porque o critério teve por base pareceres jurídicos que assim o concluíram por se tratar de uma investigação judicial .
O outro disse que não informou o chefe porque não convinha até porque o critério teve por base pareceres jurídicos que assim o concluíram por se tratar de uma investigação judicial .
Disse ainda que é importante, em primeiro lugar, desfazer a ideia que é incorreta de que não havia fiscalização. Havia procedimentos de fiscalização e houve um reforço dessa fiscalização depois das denúncias e chutou a bola para o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) mais pormenores quanto a este reforço de fiscalização de bagagens, uma vez que esta entidade é responsável operacionalmente por todas essas matérias. Disse ainda desconhecer a abertura de qualquer inquérito por parte da ONU sobre a matéria ou outros países envolvidos.
Nesta fase, o que parece poder ser concluído disto tudo? Vejamos:
* Alguns, porventura pelo menos dois, bem metidos no negócio, deram com a boca no trombone provavelmente por se aperceberem que não lhes escorria dinheiro na quantidade tida por adequada,
* O negócio tem anos,
* Denúncias houve algures em 2019,
* Provavelmente o negócio corria há vários anos,
* A seleção de recursos humanos para as Forças Armadas é o que é,
* Estas chefias todas são o que são, é o que temos,
* O sr Cravinho confessou que informou a ONU mas escusou-se dizer a que nível,
* O sr Cravinho parece ter tido receios que o Presidente da República, o Primeiro-Ministro e outros que por eles acabariam por saber, dessem com a língua nos dentes, coisa que naquela organização caótica chamada ONU obviamente não aconteceria,
* O sr Cravinho nada especificou sobre que medidas determinou ao Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
* O sr Cravinho já foi dar explicações ao Presidente da República mas foi por acaso, pois é o que se pode depreender das explicações do Presidente num dos seus comentários diários,
* O sr Costa como de costume quer passar entre os pingos da chuva,
* Parece que haverá constitucionalistas que não percebem porque é que o sr Cravinho só informou a ONU,* Das palavras do Presidente parece poder concluir-se que, tudo visto e ponderado, só houve aumento do nosso prestígio lá fora, até porque, se as medidas de controlo de bagagens no aeroporto militar de Figo Maduro até às denúncias eram apertadíssimas e de acordo com as normas rigorosas do Estado-Maior General das Forças Armadas, depois das denúncias nem um alfinete escapa ao controlo e verificação.
Não há um raio de um jornalista que não se revolte com esta pouca vergonha de declarações manhosas e faça as perguntas correctas, e exponha esta pouca vergonha de dirigentes, todos, com e sem parada.
E pronto, mais um caso exemplar de funcionamento de tudo, de aumento de prestígio de Portugal lá fora, funcionamento perfeito das instituições, todos (civis e militares) perfeitamente à vontade no exercício dos seus cargos e todos nós, povo ignaro, devemos estar muito contentes e aplaudir tanta excelência. A bem da Nação!
Espera, será que temos mas é mais uma miríade mas de equívocos, todos esclarecidos, e bem esclarecidos?
AC
Miríade = número grande mas indeterminado
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