sábado, 3 de setembro de 2022

AFONSO  CRUZ

...... ele pigarreou e, com um gesto da cabeça, mandou-me sentar na cadeira.

- Na cadeira - disse ele.

Pousou a candeia em cima da mesa, mesmo à minha frente, e sentou-se na cama. As suas longas pernas chiaram ao dobrarem-se. Não largou o machado.

Eu quis dizer alguma coisa, mas as palavras ganhavam reticências na minha língua e desfaziam-se as frases em pontinhos. Estava em pânico. 

......

(pág. 102, "Os livros que devoraram o meu pai", Afonso Cruz)

AC

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