Porque será, que me ocorrem os vocábulos, gatunagem, discípulos mafiosos, refugo, pântano, lamaçal, corrupção, vilania, nepotismo, amiguismo, escândalos, conflitos de interesses, clientelismo, descarada ausência de vergonha na cara, irresponsabilidade, polvo, cambalacho, serventuários, incompetência, Macau, ladroagem, chico-espertismo, ausência de dignidade, imoralidade, ausência de ética, desonestidade, cunha, faça lá um jeitinho?
Bom, mas isto dito, o que se passa na sociedade portuguesa desde há décadas? Ou séculos?
Ao nível do cidadão comm?
E ao nível de mandantes, decisores e tidos por importantes?
Bem, começo por mim e cá por casa.
* Antes do último dia das sessões de tratamento de fisioterapia (tratamento que se seguiu a outros) e o punho direito ainda não está bem como se espera venha a estar (em 25 de Setembro do corrente passou um ano sobre o acidente), a minha mulher perguntou-me - não tens uma garrafa de bom vinho que eu possa oferecer ao fisioterapeuta?
Lá foi uma bela garrafa das minhas reservas, mas o homem merece a gentileza no final do tratamento, pois a recuperação tem sido extraordinária comparativamente com os outros tratamentos em meses anteriores noutro local.
* Na Guiné, algures em 1972, contaram-se um episódio ocorrido poucas semanas depois do início da guerra no Norte de Angola. Tornava-se necessário e com urgência proceder ao fabrico de fardamentos para as tropas.
Um responsável pela fábrica que ganhou o concurso entendeu um dia vir a Lisboa agradecer ao responsável pelo departamento que superintendia nas questões em causa.
Audiência concedida, o senhor lá agradeceu e ofertou uma caneta Parker 21, coisa na altura relativamente simpática como prenda.
O agraciado com a Parker 21 terá dito - muita bonita, melhor ainda com o estojo no banco de trás de um Volvo.
Nessa época havia já um Volvo com carroçaria muito típica, que na gíria se chamava marreco.
Bom, o Volvo viria a aparecer, com a Parker 21 no assento de trás.
* Durante a guerra das Colónias/ guerra do Ultramar, passados os primeiros anos ficou claro que, do ponto de vista da pancadaria, a coisa era muito mais séria e quente no Norte e Leste de Angola, no Norte de Moçambique e na Guiné.
Não por acaso a duração das comissões era diferente: 21 meses nos pontos mais quentes, 24 meses nos restantes.
Eu fui para a Guiné. Eu e muitos, como muitos foram para o Leste de Angola ou Norte de Moçambique.
Mas de certeza que houve quem estava para ir para um sítio quente e por "milagre" acabou por exemplo em Luanda.
* O meu melhor amigo militar, foi um dia chamado ao departamento de pessoal e informado - Vais para Bruxelas.
Passado muito ponto tempo, esse meu amigo foi de novo chamado e informado que afinal já não podia ir para Bruxelas mas como lhe tinham aberto uma expectativa e apesar da instituição não ter ainda compromisso formal para com ele - . . . de maneira que vais para os EUA e o que estava para ir para esse lugar nos EUA vai ele para Bruxelas.
Claro que poucos dias depois o meu amigo percebeu o porquê. A pouca vergonha do costume.
* Na sequência dos problemas na nossa banca muita coisa ficou nas mãos da banca, por falências etc.
Muito negócios se fizeram, bons negócios.
Mas negócios sobretudo por parte de quem sabia o que poderia vir a fazer, por parte de quem recebeu informação privilegiada.
Assim não é difícil comprar uma quinta, ou uma casa, etc. por, sei lá, 10 euros, ou até simbolicamente 1 euro.
* Quanto a empréstimos, recebimento de fundos, formação de pessoal em fábricas, desde 1986, é melhor não falar, PSD, PS, CDS, etc.
Quanto a facturas falsas, quanto a ………..
Podia eu e muitos estarmos aqui a falar a noite inteira e não chegava.
A cunha, o jeitinho, a intermediação, a pressão, a promessa, etc., sempre existiram na nossa sociedade.
Nada contra que alguém receba uma ajuda financeira vinda de fundos Europeus, bem pelo contrário.
Aplicada como será de esperar.
Ainda mais investimento estrangeiro devíamos atrair e depois manter.
Mas já ficaria incomodado se viesse a saber que parte do dinheiro de uma ajuda por exemplo no âmbito agrícola fosse também empregue para comprar um ou mais jipes, ou uma boa casa em Sesimbra.
Fico por aqui.
Não, não fico.
Foi Costa que pediu a demissão, não foram os procuradores do MP ou a PGR que deitaram o governo abaixo. Foi Costa.
Foi Costa que quis a actual PGR pois assim o propôs a Marcelo que todo contentinho logo aceitou.
A origem de criminalizar por exemplo o tráfico de influências está na Assembleia da República, nos sucessivos deputados.
A cunha, a pressão, etc., tudo sem importância, CERTO?
António Costa ex-ministro da justiça e oito anos PM, não tem nada a ver com o estado actual do sistema? Não tem nenhuma responsabilidade na legislação em vigor?
E se explicassem melhor as coisas ao longo do tempo e não mentissem e não passeassem tanto?
Rastos indecorosos, vidas mal explicadas, arrogância, desprezo pelo cidadão comum.
Eu tive aulas de Código do Procedimento Administrativo, coisa que certos mafiosos de pastinha na mão bem conhecem, mas melífluos vomitam para os microfones e câmaras TV e nada dizem sobre os que nada cumprem do CPA e do que lá se determina que se faça.
Que se faça na vida, jurídica, empresarial etc.
Transparência e rigor. Para que nada fique no ar.
Claro que preferem nada escrito, nada de actas de reuniões, nada de documentos, pois assim podem mentir e aldrabar.
Por último, em todas as profissões há incompetentes, malandros, desonestos, corruptos, desleais, irresponsáveis, que se orientam não pelo estatuto profissional mas pelo que for a sua ideologia, ou a sua ligação a coisas sigilosas, ou mesmo descaradamente partidário.
Não há instituição que escape.
Também vão querer daqui a pouco que os juízes passem a justificar em conferências de imprensa as decisões que tomam nos tribunais?
Quererão alterar tudo na CRP?
Que paciência democrática é preciso para aturar esta gente, todos os com este tipo de comportamentos que não apenas sobre justiça, e todos de todas as cores partidárias.
Tenham um bom Domingo.
AC
Sem comentários:
Enviar um comentário