. . . . . . (sublinhados da minha responsabilidade)
Há quem distinga entre o discurso de ódio e a promoção do ódio, sendo este último mais grave. Para muita gente, o discurso da extrema-direita promove o ódio, comportamentos criminosos e ações violentas. E eu concordo, mas o da esquerda radical também, como mostra o vandalismo contra a sede do Observador, um órgão de comunicação social. Para alguns ativistas de esquerda, o culpado do mundo estar como está é do homem branco. Se também for de meia-idade, heterossexual e de direita faz bingo. Para outros, a culpa é a ganância dos empresários — lembram-se de quem certa esquerda culpava pela inflação? Não se poderá legitimamente argumentar que isto também promove o ódio contra um dado grupo de pessoas? Se um deputado do BE ou do PCP disser “From the river to the sea, Palestine will be free!” deve ser censurado? Espero que não, mesmo percebendo que o slogan implica a destruição de Israel. (...)
Há casos em que a corda necessariamente parte. O presidente da assembleia regional da Madeira não podia ficar indiferente quando o deputado Manuel Coelho se pôs de cuecas. Mas declarações sobre turcos não serem conhecidos por trabalhar estão longe da fronteira que delimita o que é admissível, o que me leva a perguntar o porquê de todo este escândalo. E, quando soube de um comunicado da SOS Racismo dizendo que Aguiar-Branco não tem condições para continuar no cargo e apelando ao Ministério Público que atue, não consigo deixar de pensar que anda muita gente a mamar na teta do Ventura e a promoverem-se à sua custa. O problema é que o promovem também.
Luís Aguiar-Conraria no Expresso
António Cabral (AC)
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