Nos passados 6 e 8 de Junho coloquei 2 posts com as minhas dúvidas acerca de quem teria sido o 1º almirante da Marinha de Guerra. No dia 11 de Junho voltei ao tema pois tinha recebido informação fidedigna de um credenciado estudioso da matéria.
A conclusão principal é que parece não existirem dúvidas de que, apesar da tal nomeação de 1307, foi em 1317 que D.Dinis, insistindo no assunto, determinou a criação de uma Marinha estruturada e, do que se sabe, foi de facto com o genovês Manuel Pessanha que a coisa levou finalmente rumo.
Daí que, no passado dia 20 De Maio, dia da Marinha, se tenham celebrado também os tais 700 anos decorridos sobre a decisão de D.Dinis.
Atentando no evento e na celebração no passado 20 de Maio, para um leigo nestas coisas e observador que procura estar atento, ficou-me a sensação de ter havido sobretudo um afagar de egos e vaidades na tribuna e nos discursos em vez de se explicar com detalhe aos portugueses essa longínqua e estratégica decisão, e a importância que cada vez mais deviam ter uma Marinha e os seus meios num País com mar sem fim. Mas devo ser eu que vejo mal a coisa.
Mas, se por acaso estiver a ver bem, então tudo bate certo com a qualidade de certos protagonistas.
E porque volto ao tema quando já tinha recebido a informação fidedigna que me fez elaborar o post de 11 de Junho?
Porque um dos mais brilhantes professores catedráticos e que me honra com a sua amizade me fez chegar os seus contributos sobre esta questão. E aqui vai o complemento ao post de 11 de Junho, em que o essencial já lá estava.
Alguns documentos, ou mesmo muitos, nem sempre são claros e inequívocos. Além disso, digo eu, a malta da história ainda gosta, por vezes, de torcer mais as coisas...
Ele confirmou-me - "há até, um extenso documento de 1317 que constitui o contrato pelo qual o rei D. Dinis concede uma série de privilégios ao seu novo almirante-mor".
Fica naturalmente a pergunta sobre por que razão o monarca terá substituído o almirante-mor nomeado em 1307 pelo genovês em 1317.
Diz, entre muitas outras considerações, o meu amigo - "É bem possível que Nuno Fernandes Cogominho não tenha dado conta do recado e que D. Dinis tenha ido buscar lá fora um especialista. Até porque se repetiam os ataques muçulmanos a povoações na costa sul de Portugal, ataques desferidos a partir de embarcações vindas do sul da Península Ibérica e do Norte de África. Além da intensa actividade de corso, tanto muçulmano como cristão, que existia no chamado Golfo ou Mar das Éguas, na embocadura do Atlântico com o Mediterrâneo. O documento que refiro acima, de D. Dinis, tem uma grande solenidade, ao passo que não há nada de semelhante em relação ao Nuno Fernandes Cogominho".
E agora, reitero, pena é que no presente, e num País cheio de mar por todos os lados, visões estratégicas equivalentes ás que encontramos em períodos da nossa história nem "indo ao Totta" se encontram. Lamentável.
António Cabral (AC)
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