terça-feira, 20 de junho de 2017

REALIDADES TRÁGICAS
Ao longo dos anos com especial ênfase de 1991 para cá, de alguns dos meus amigos e de alguns dos conhecidos mais chegados fui recebendo entusiásticos encómios pelas minhas posições assertivas, enquanto na vida activa dentro da minha profissão e, a partir de 2007 já na fase inicial de vida distendida, quer durante conversas em encontros quer quanto ao que ao longo dos anos fui escrevendo na "blogoesfera". 
Quem me conhece sabe bem, porque o escrevi reconhecendo-o e agora repito, que algumas vezes não terei sido completamente justo como me é exigível, até porque como a maioria de nós sou especialista apenas em algumas áreas específicas. 
Mas, sendo um ser imperfeito, procuro sempre encontrar contraditórios, pesquisar, etc.
E nunca avaliei e avalio pessoas pelo rosto, pelas promessas que lhes ouço, mas sempre pelas aldrabices evidenciadas, pelas acções omissões e inações.
E se as circunstâncias da vida me proporcionaram ter conhecimento seguro de comportamentos de certa gentinha que nos desgoverna há décadas tenho isso bem em conta.
Por exemplo, se um conhecido político premeditadamente se esquece de com clareza indicar como começou a carreira política muito novinho à conta dos conhecimentos do papá porque isso é  no presente um pouco incómodo ser referido, fica bem definido o retrato do sujeito.

Vem tudo isto a propósito da tragédia que se desenrola no centro do Continente.
Já salientei em post anterior que, sem margem para dúvidas, são sempre os PM os responsáveis primeiros pela política respeitante à protecção civil. Olhando por exemplo à lei de bases da protecção civil isso é claríssimo.
Aliás, quem se quiser dar ao trabalho de percorrer por exemplo o articulado dos artigos daquela lei nºs, 31º a 46º, fica com a noção exacta das responsabilidades a vários níveis, AR, governo, PM, ministros, autarquias, forças de segurança. 
Por exemplo, a Assembleia da República contribui para enquadrar a política de proteção civil e para fiscalizar a sua execução, além de que deve ser com regularidade informada pelo governo quanto à protecção civil.
Podem colocar-se dezenas de perguntas, mesmo que o rei dos afectos não queira, e por exemplo estas:
> onde estão os planos municipais de ordenamento do território?
> onde estão e como estão todos os PDM em vigor?
> Onde estão os planos municipais de emergência?
> quantos PDM não existem e há quanto tempo estão pendentes no/s governo/s ?
> onde estão os planos especiais de ordenamento do território?
> onde estão os instrumentos de gestão territorial?
> onde estão os relatórios dos exercícios nacionais de protecção civil, quer na vertente dos incêndios, que na vertente da ocorrência de sismos, quer na vertente de outras catástrofes como as cheias e as derrocadas? E qual tem sido a periodicidade desses exercícios?
Ou não têm sido executados?
> onde estão os relatórios circunstanciados relativos ao SIRESP?
> onde estão os eventuais relatórios das forças de segurança quanto à eficácia ou não do SIRESP?
> onde estão as decisões da Assembleia da República ao longo dos anos sobre todas estas matérias?

Vou ficar por aqui, pois alguém pode fazer chegar ao Presidente da República isto e o resto que tenho escrito ao longo do tempo, e ele ficar um bocadinho zangado comigo. 
Corria até o risco que ele me querer dar um abraço como fez a Constança Urbano de Sousa ou a Marta Soares. SAFA, como dizia Cavaco Silva.
Mas não, não vai haver problema, primeiro porque não lhe vão fazer chegar nada e, depois, creio bem, o actual PR também me está a parecer não apreciar muito que em privado lhe digam as verdades todas. Portanto não iria querer ouvir-me até na vertente profissional que bem conheço.
É que em privado, aos meus chefes e subordinados, sempre disse o que me parecia, e nunca o fiz em público ou fora de tempo.

O post já vai longo, mas vou deixar aos meus estimados visitantes e leitores e amigos uns detalhes mais. Todos sabemos quem foram os PM desde 1983 (indico entre parêntesis tempo aproximado de cargo total, porque alguns estiveram em governos distintos): Mário Soares (2), Cavaco Silva (10), António Guterres (7, depois fugiu), Durão Barroso (2, depois fugiu), Santana Lopes (não aqueceu cadeira), José Sócrates (6), Passos Coelho (4, depois não aqueceu cadeira), António Costa (já leva 1,5).
Mas tendo há pouco ocasionalmente ouvido um senhor chamado Capoulas Santos a debitar coisas que nem merecem comentário, deixo uma indicação quanto a MAI (administração interna)  e MA (agricultura) indicando totais aproximados de cargo, e presumo que todos saberão a proveniência partidária de cada um:
MAI - Eduardo Pereira (2), Eurico de Melo (2), Manuel Pereira (4), Dias Loureiro (4), Jorge Coelho (4), Severiano Teixeira (3), Figueiredo Lopes (2), Daniel Sanches (não aqueceu cadeira, mas saiu-se bem....), Rui Pereira (6), Anabela Rodrigues (4), Constança Urbano de Sousa (leva1,5).  
MA - Álvaro Barreto (4), Arlindo Cunha (4), Duarte Silva (4), Capoulas Santos (7, e lá leva mais 1,5), Sevinate Pinto (2), Costa Neves (não aqueceu cadeira), Jaime Silva (4), António Serrano (2), Assunção Cristas (4).  PS = 14,5,   PSD = 18
Sublinho a vermelho os casos que me parecem mais interessantes, para quem quiser pesquisar, matutar no assunto.
António Cabral



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