sexta-feira, 2 de junho de 2017

TRUMP,  MERKEL,  EUA,  CHINA,  UE, a HISTÓRIA
Cimeira da NATO,  G 7, encontros bilaterais tipo MACRON/ PUTIN, reações e entrevistas várias de políticos nacionais e estrangeiros, ora sobre o BREXIT, ora terrorismo ora manifestando azedume depois de não haver acordo sobre várias matérias. Ah, e traçam-se linhas vermelhas. Temos estadistas!!!!!!
Os precipitados do costume pronunciaram-se sobre um recente discurso de Merkel após as tonteiras de Trump designadamente em Bruxelas.
Os precipitados, para além de outras coisas mostram, como sempre, uma ignorância atroz. Naturalmente que é mais ou menos verdade que a história não se repete mas.......
No presente, e concretamente no terreno Europeu, claro que temos a Rússia a fazer um "chega para lá e dá cá a Crimeia" (e toda a Europa, sempre de peito feito, ......na prática ficou mansa, o Obama não os salvou mas fez belos discursos.... ainda não tinham traçado linhas vermelhas "by Macron"...e agora o Trump no seu estilo perigoso parece achar Putin encantador....mas, em princípio, não estou a ver a Espanha a usar o poder militar sobre nós, ou a França sobre a Bélgica ou Holanda, ou a Alemanha sobre a Austria ou a Croácia, etc.
Deixei de propósito a Croácia para o fim. Recordo o que a esmagadora maioria não sabe, mas sabem-no em muitos certos círculos Alemães, Croatas, Sérvios, Ingleses, Americanos, Franceses, etc.
Na fase inicial do desmembramento e subsequentes guerras na ex-Jugoslávia, o papel da Alemanha foi muito curioso e nada inocente, e concretamente na zona que agora é a Croácia. E os grandes, o senhor Clinton incluído, a fingir que nada sabiam das interferências directas da Alemanha. Claro que nada se provou, nem eu tenho provas para apresentar em tribunal. Mas quem por lá andou viu certas coisas, ou foi só imaginação?
O meu ponto aqui é que, com algumas excepções, e concretamente da Rússia para cá, não é preciso, julgo, o poder militar para um país se expandir, controlar, crescer, dominar. Basta ver a Espanha em relação a nós, basta ir aos supermercados, basta fazer as contas ás marcas e lojas nos centros comerciais, basta ver a banca. Chega?
É preciso alguma ponderação sobre o recente discurso de Merkel, pois temos que ter presente, história e geopolítica. Coisa que para muitos que para aí andam não interessa nada, apenas vão fraturando!.
Para muitos, a política é feita de navegação à vista, só que mesmo  perto da costa há quem se afogue.
Uma coisa é esta moda do politicamente correcto, do faz de conta, agarra-me senão vou-me a ele, e outra coisa bem diferente é aquilo que, nos centros de decisão, se fala, se prepara, se programa, se pondera, e se decide. 
SE DECIDE, a médio e longo prazo. 
Porque a tralha noticiosa, com poucas excepções, é só para disfarçar, para enganar. Faz-me lembrar o nível actual do índice de confiança no meu País, o que só me dá para rir, sobretudo andando fora de Lisboa e Porto.
Voltando à coisa.
Merkel falou para dentro da sua quinta. Pode deduzir-se muita coisa. Pelo meio convidou (quanto lhe pagaram?) Obama para uma festança em Berlim. 
Merkel assume-se descaradamente como líder da Europa, tipo eu é que mando? Vai lutar pela Europa ou pela Alemanha mandando na Europa? Um Pais um voto? Ah, ah!
Também vai pintar linhas vermelhas à Macron?
Estas coisas não se tratam assim, de repente, porque têm muitos parâmetros a considerar, mas valerá a pena abordar superficialmente duas ou três coisas.
Começando pela geopolítica que, de forma simplificada, se pode dizer que é a ciência da vinculação geográfica dos fenómenos políticos. 
Porque de política se trata, de geopolítica, porque de desenvolvimentos se trata, porque se jogam por exemplo, esferas de influência, dependências, poderes, sonhos, objectivos, economia, rivalidades, interesses nacionais/ vitais, alianças (que se fazem e desfazem como a história sempre demonstrou).
Merkel face ás parvoeiras de Trump quer rearmar a Alemanha? 
À primeira vista não creio. Até porque foi empregando biliões na economia e nas reformas e no seu estado social, em vez de o gastar em armamento e aumentar efectivos das forças armadas, e isso é complicado de inverter. Mas, mal que pergunte, onde está o actual poder efectivo das forças alemãs? 
Claro que têm marinha, exército e força aérea mais ou menos modernas mas......... Levantou/ Levantará o sobrolho à Rússia?  Claro  que os seus estaleiros navais têm sido peritos em produzir navios que ao longo de décadas foram vendendo (???) à......Grécia,.....Turquia,......Portugal,......por aí fora.
E o gás? E o terrorismo que pode ser soprado lá do Cáucaso e não só? Parvoíces minhas, naturalmente. Bom, já para não falar no Macron e na May.
Claro que a este propósito e antes de ir a mais umas muito breves palavras acerca de estratégia, sobre a cimeira NATO o nosso ministro ex-ERC também botou discurso, não podia deixar de ser.
Gemeu, naquele tom elucidativo do costume, por causa da confissão dos famosos 2% a que não se chega (como muitos outros países) para a defesa e segurança colectiva. Falou em contribuição qualitativa!! Que giro, mas creio que não esclareceu a coisa!
TRUMP disse, seus caloteiros ou pagam também e mais, ou eu vou para casa!!  
Pode ter uma certa razão, factualmente, mas as contas não são simples de fazer, e a questão do guarda-chuva americano também me parece que tem trazido ao longo das décadas algumas vantagens para os EUA.
Voltando à Merkel, Bismarck está muito longe, as atrocidades alemãs das I e II GG também, o violento mas bem merecido ripostar dos aliados  também, as bombas de Agosto de 1945 idem. Os americanos mantêm o guarda-chuva desde 1941. Com algum proveito, mas o que é certo é que aguentaram a paz na Europa e rebentaram com a guerra fria. Claro que no presente temos a guerra morna.
Mas este discurso de Merkel tem tudo a ver com história geopolítica e estratégia. PODER NACIONAL, tão só.
A política (doutrina de fins, hierarquia de valores) fixa objectivos a realizar pela estratégia (que é apenas uma parte da acção política, encara objectivamente a realidade, é uma disciplina de meios). 
E, naturalmente, Merkel e sobretudo muitos poderosos e estudiosos e estrategos alemães não conhecidos do grande e amorfo público, sabem do seu passado, têm bem definido o interesse nacional da Alemanha e as interpretações específicas desses interesses, como aliás as metas específicas para a satisfação desses interesses (objectivos nacionais). 
Eles sabem bem qual o seu poder nacional ou seja, o produto da sua vontade pelas suas capacidades para realizar os objectivos nacionais. 
Basta analisar com profundidade as estruturas alemãs, as infra-estruturas, os tecidos empresarial industrial comercial tecnológico, a cultura disseminada, para se ter uma ideia do que ali está, e pode um dia vir a estar.
Falta a parte militar.
E o que digo acima aplica-se inteirinho a TRUMP e à China, aos quais não falta a parte militar. Trump, aparentemente cada vez mais louco, decide mandar ás malvas o acordo de Paris. Numa reação imediata.......parvalhão
Mas, certamente, muita coisa está por trás. Não tem nada a ver com o ex presidente Carter, mas deste também diziam - o gajo do amendoim!!!!
Tal como muita coisa está por trás da imediata vontade da China em tornar-se ainda mais proeminente na cena internacional.
Os apressados, os precipitados, os fracturantes que fiquem com a sua. 
Eu creio que, Alemanha, UE/ França, EUA, China, Rússia estão sentados em frente ao tabuleiro de xadrez.
GEOPOLÍTICA, PODERES NACIONAIS. 
Nada vai ficar como até aqui.
E quanto ás alterações climáticas, não me fio nos estudos dos que dizem sim nem nos que dizem não. Sei que os Setembros na minha aldeia nunca mais foram semelhantes aos que se verificaram entre 1969 a 1985.
António Cabral (AC)

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