sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

A QUESTÃO ASSÉDIO
Reparei nas notícias que houve uma festa ligada ás coisas do cinema onde compareceram actrizes vestidas de negro. Como forma de protesto, se bem percebi. Uma, pelo menos, de vermelho bem vivo recusou, ... e deu muito nas vistas!!.
Há tempos li um artigo de opinião, no JN, da responsabilidade de João Gonçalves, que reproduzo:

>> As "artes e espectáculos" mundiais, com epicentro fatal nos EUA, têm estado a ser tomadas de assalto por aquilo que apelido de assédio retroactivo. É um tema recorrente no espaço público, político ou não, agravado pela rápida disseminação através das redes sociais. Uma frase deixada cair no Twitter é o bastante para atear um incêndio mediático de proporções incalculáveis. A sugestão de uma mão descaída a roçar um braço, um pénis ou um seio, ainda no século XX, tem força imediata de acto "impróprio", mesmo que na altura não houvesse um murmúrio, uma queixa ou, mesmo, uma mão descaída. O cumprimento vulgar e surpreendido pela beleza circunstancial pode ser relevado como insulto. A troca de fotografias ou de filmagens "em tempo real", ditas ousadas, através das mais distintas plataformas tecnológicas, não preocupava excessivamente a opinião pública porque se tratava, salvo no crime de pedofilia, de matéria privada: dos filhos e das filhas adolescentes, deles e delas, deles e delas com outros. Algumas das "neo-vítimas" que participaram nestes jogos - alguns de poder, é certo, mas alguns destes também consentidos anos a fio até porque a subserviência à autoridade para obter favores é uma velha história, como lembra Camille Paglia - entretanto descobriram-se enojadas e vá de arruinar, sem contemplações, a vida pessoal e profissional de uma data de gente. Cá tenta-se imitar esta deriva puritana e hipócrita em pequenino. Pessoas que se imaginam subtis, porque aparecem muito sem saber dar uma para a caixa, "queixam-se" em abstracto do nada que não lhes acontece. Umas porque se supõe femininas retardadas, outras porque são simplesmente parvas. Como quase tudo o que chega a Portugal, talvez a "inveja do pénis", estudada por Freud, só agora, já morta e enterrada, emergiu nestas pobres cabeças pequeno-burguesas. "As mulheres, tanto como os homens, têm a obrigação de preservar a sua dignidade humana, sem recurso a tribunais a posteriori", escreveu Paglia. Por outras palavras, "rectidão e auto-respeito" em vez de "humilhações" artificiais e oportunistas. Sabe-se como isto começou, todavia ignora-se como vai acabar numa sociedade que desaprendeu a viver com medo e que teme tudo. Assim sendo, justifica-se terminar com uma pergunta-resposta de Camille Paglia, tirada do livro "Vampes & Vadias". "Qual seria o meu conselho para os sexos? Eu diria para os homens: Mantenham-no teso! E para as mulheres diria: Lidem com isso!"<<

Tudo isto me tem feito meditar. 
Ainda por cima dizem por aí que 100 mulheres, a maioria francesas, assinaram uma carta a dizer coisas ao contrário das de negro.
Continuo com dúvidas.
AC

Sem comentários:

Enviar um comentário