quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

AUTOEUROPA
Nota prévia: não sei o suficiente sobre este assunto, para formular uma opinião segura.
Tenho várias sensações e muitas dúvidas, e como conheço "alguém" conhecedor dentro da fábrica vou arriscar partilhar umas quantas dúvidas.
> Como foi o processo para vir para cá a Autoeuropa? 
Terá sido muito difícil convencer a Alemanha a encorajar o grupo VW (e na altura, mais a Seat e Ford) a implantar a fábrica em Palmela?
Terá sido porque passada mais ou menos uma década sobre uma certa estabilização da sociedade portuguesa? Reconheceram lá fora que se podia confiar em Portugal?
> Entretanto saíram a Seat e a Ford. Só por razões técnicas?
> Entretanto, entre alguns modelos novos (ex:VW EOS), outros a serem terminados, com mais ou menos percalços, a fábrica foi avançando.
> Entretanto, durante uns anos, assistiu-se a uma certa estabilidade/ paz social, trabalhadores /administração, com um nome a ser sempre associado ao BE.
> Entretanto, países como República Checa, e outros na zona da antiga esfera soviética, para não falar de Marrocos, México, os próprios EUA, nunca terão deixado de batalhar para cativar fábricas quer de produtores alemães como de França, ou reino Unido, ou Suécia.
> Entretanto, em Portugal, a justa luta do PCP em guerra aberta com o BE e o aparente e patético imobilismo do PS, estão a mostrar que o desfecho a médio prazo para a fábrica em Palmela pode vir a ser exactamente como muitos outros - encerramento a prazo.
> Entretanto, Arménio Carlos recomenda juízo à administração da fábrica, e recomenda ao governo que determine o início da produção de carros eléctricos.
> Entretanto, aposto, na VW há semanas que devem andar uns tipos a viajar pela Ásia, pelo Leste, a preparar o futuro em 2022/ 2024, altura em que o T Roc terá porventura uma lavagem de cara (perspectiva optimista), ou cessará a produção em Portugal.
 Se assim vier a acontecer, oxalá que não, a justa luta do PCP e do BE terá resultado em cheio. 
Quanto as trabalhadores, certamente poderão nessa altura estar ufanos da defesa dos seus direitos, só que os direitos não vão conseguir colocar o pão na mesa em casa de cada um.
Como última nota e apesar de, como refiro no início, quase nada conhecer de certos meandros, não tenho grandes dúvidas de que a actual tabela salarial e o horário de trabalho possam estar longe daquilo que seria desejável.
O meu ponto é que me parece que a luta sindical, a luta entre os partidos esquerdistas, está completamente afastada da real defesa de trabalhadores, sobretudo se considerarmos as várias empresas que, se Palmela estoirar, estoiram igualmente.
Se a administração da fábrica, e sobretudo a casa mãe, deviam porventura ponderar de forma diferente o assunto, também não tenho dúvidas que da parte dos sindicados a mesma postura é exigível. 
Mas temo que só estejam a olhar para o curso prazo, e para a sua lutazinha.
Talvez se venham a dar mal.
AC

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