quinta-feira, 27 de setembro de 2018

TANCOSo PR o PM, o MDN, o CEME,.......
E a pouca vergonha?
Num passado muito recente publiquei considerações sobre este lamentável assunto. Vem isto a propósito de mais uns artigos recentes para que me chamaram a atenção, incluindo aquelas "famosas" caixas em jornais com setas para cima e para baixo, ou com bonecada depreciativa, onde o actual CEME é colocado nas ruas da amargura. Pessoalmente também penso que o general que continua à frente do Exército se tem colocado muito a jeito, e evidenciado entre outras coisas, uma inabilidade assustadora.
Mas vem tudo isto a propósito sobretudo pelos desenvolvimentos dos últimos dois dias, envolvendo designadamente a Polícia Judiciária Militar. E com estes eventos creio que tudo se modifica outra vez, e para cada vez pior.

Na revista Visão de 19 de Julho, Ricardo Araújo Pereira gozava com a telenovela Tancos. A dada altura do texto dizia ele que o caso Tancos teve o grande mérito de introduzir na discussão pública a bonita palavra paiol, no plural: paióis.  As rondas aos paióis, o assalto aos paióis, a visita do presidente aos paióis.
Depois recomendava o lançamento de um movimento estético, chamado "paiolismo". Em gozo pleno, o texto prossegue enumerando a sequência de declarações lamentáveis protagonizadas por ainda mais lamentáveis criaturas. 
Com as detenções e suspeitas dos últimos dois dias, o que pensar agora?
Sinteticamente, que nenhuma bota bate com a perdigota e que desde o Presidente da República ao PM e ao MDN, nenhum deles pode ser levado a sério, em nenhum se pode confiar.

- parece-me evidente que o silêncio ensurdecedor sobre o assunto, o que aconteceu realmente, responsabilidades, consequências, é inaceitável. Mesmo tendo em conta que o tempo da justiça é mais lento. Uma coisa desta gravidade, não deveria persistir no "limbo", e ainda por cima qualquer cidadão comum tem agora ainda mais o direito de desconfiar desta gentinha toda;
- por outro lado, é inacreditável o papel do Presidente da República; não poderia algum dos seus assessores dar-lhe um papel escrito com a sucessão de factos e notícias, e as sucessivas e patéticas declarações do MDN, do anterior CEMGFA, do PM e, sobretudo, dele próprio, Presidente, para observar as incoerências e os sacos de vento em que se transformaram todos? Ou foram sabendo coisas e foram-se atrapalhando?
Como costuma dizer Marcelo Rebelo de Sousa - isto é a democracia? 
- Dá agora a sensação de que o roubo de Tancos não foi como em tempos quase sugerido, uma obra de um gangue do crime organizado com ligações à Máfia, nem de uma qualquer rede de terrorismo internacional;
- Querem agora fazer crer, por outro lado, que foi um indivíduo o autor do roubo e não houve colaborações nem no roubo nem nas patéticas devoluções com prenda grátis?

Esta deplorável e inqualificável telenovela pode ter uns ligeiros méritos, méritos por poder ajudar à reflexão sobre o caso a que qualquer cidadão tem direito, e ocorre-me assim o seguinte:

> Que real significado tem a designação Comandante Supremo das Forças Armadas (Artº 120º, CRP) ?
> Que significa para muita gentinha a expressão - dignidade intelectual, e honestidade política?
> Que funcionamento das instituições?
> Que garante do funcionamento das instituições?
> Responsabilidades? O caso está nas mãos da justiça mas, e as responsabilidades pelo acompanhamento e gestão políticas do caso? Sendo real que todos os antecessores de Azeredo Lopes e de António Costa têm imensas culpas em tudo o que respeita o lamentável estado a que conduziram as Forças Armadas, isso é desculpa para 3 anos de governação? Isso é desculpa para a telenovela Tancos?

Oremos pois, aguardemos, suspiremos, tenhamos muita fé mas muita fé, lembremo-nos que somos os melhores dos melhores, que está a ser feito tudo mas mesmo tudo, e ainda só passou um ano e.......(um ano não, semanas...), o tempo da justiça é outro, e os estatutos dos militares das Forças Armadas valem o que valem como se tem visto, e tenhamos portanto muita mas mesmo muita pachorra para aturar tudo isto.
Desgraçado País.
AC

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