Hoje, 19 de Maio, pelas 2340 horas, fará 47 anos que, quando o navio em que eu prestava serviço durante a guerra em África navegava em ocultação total de luzes e em postos de combate/bordadas, fui/ fomos atacámos por bombordo no rio Cacheu, na Guiné, hoje Guiné-Bissau, numa zona mais acima da base dos fuzileiros, Ganturé.
Como todos, menos um, dos que estavam no exterior do navio, tive muita sorte. Estava uma noite de espectacular luar.
Morreu um comando africano, dos vários que transportávamos depois de uma incursão no Senegal e junto a quem rebentou o primeiro e único projéctil/ granada lançado pelos então guerrilheiros do PAIGC.
Morreu um comando africano, dos vários que transportávamos depois de uma incursão no Senegal e junto a quem rebentou o primeiro e único projéctil/ granada lançado pelos então guerrilheiros do PAIGC.
Houve feridos, um incêndio, e o navio teve danos vários, inclusive um rombo abaixo da linha de água.
Passadas semanas, um relatório da DGS (Direção Geral de Segurança), confirmou a morte de todo o grupo de guerrilheiros atacantes.
Não era de esperar o contrário, pois tinham que infiltrar-se pelas densas árvores junto ao rio, e ainda que sem serem vistos de bordo, ficavam enrodilhados no espesso arvoredo. A reação de fogo do navio e de todo o pessoal armado que estava no exterior e era muito, e que terá durado para aí um minuto no máximo, varreu com aço literalmente toda a zona.
Passadas semanas, um relatório da DGS (Direção Geral de Segurança), confirmou a morte de todo o grupo de guerrilheiros atacantes.
Não era de esperar o contrário, pois tinham que infiltrar-se pelas densas árvores junto ao rio, e ainda que sem serem vistos de bordo, ficavam enrodilhados no espesso arvoredo. A reação de fogo do navio e de todo o pessoal armado que estava no exterior e era muito, e que terá durado para aí um minuto no máximo, varreu com aço literalmente toda a zona.
Como se viu no local na manhã seguinte ao ataque, uma zona enorme quase circular de árvores zurzidas, sem folhagem, sem ramos pequenos, sem casca. Tudo branco. O tempo voa, 47 anos!
Eu não esqueço.
Eu não esqueço.
E recordo, com emoção, todos os que estavam comigo, e que depois do final de 1973 nunca mais encontrei. Recordo, também, todos os que connosco conviveram naquelas paragens Africanas, de 29 de Outubro de 1971 a 28 de Julho de 1973.
Andam para aí muitos que não esquecem nada, porque quase nada ou mesmo nada sabem.
Mas sobretudo não sabem respeitar.
Não respeitam os que como eu andaram na guerra e que felizmente regressaram quase sem sequelas.
Andam para aí muitos que não esquecem nada, porque quase nada ou mesmo nada sabem.
Mas sobretudo não sabem respeitar.
Não respeitam os que como eu andaram na guerra e que felizmente regressaram quase sem sequelas.
Mas acima de tudo não respeitam os milhares de portugueses que regressaram de África com sequelas e os seus familiares, e não respeitam os familiares dos que tombaram pela Pátria.
Esquecem além disso, o que a CRP estabelece, e o que está em letra de lei na legislação que enquadra a Defesa Nacional e a sua componente militar, que é constituída pelas Forças Armadas.
Dever de tutela, respeito pela lei, verticalidade, honestidade intelectual, respeito pela história do País, estes e outros valores são lixo para a “gentinha” que desgraça o País.
António Cabral (AC)
Dever de tutela, respeito pela lei, verticalidade, honestidade intelectual, respeito pela história do País, estes e outros valores são lixo para a “gentinha” que desgraça o País.
António Cabral (AC)
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