quarta-feira, 6 de outubro de 2021

O Estado a que isto chegou 

- 28 de Setembro (onde é que já ouvi falar desta data?) a 2 de Outubro do corrente ano é o período durante o qual, aparentemente, se desenvolveram decisões políticas e administrativas que acabaram por "explodir" na praça pública com reverberações diversas. Mas isto vem muito lá de trás.
Refiro-me obviamente ao que uns dizem ter sido protagonizado pelo ministro da tutela formal (MDN) das Forças Armadas (FA), outros dizem envolver naturalmente o primeiro-ministro (PM), outros consideram que por trás de tudo estão eles e muito também o actual chefe do estado-maior general das Forças Armadas (CEMGFA), outros ainda que o Presidente da República (PR) está envolvido desde o princípio (quando começou?), e ainda alguns, como eu, entendem que de há muito todos estão metidos nesta pouca vergonha e que o chamado almirante das vacinas há muito tempo saberia do desejo do poder político o querer para Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). Poder político bem persuadido pelo primeiro assessor militar do MDN, o CEMGFA.

- Tem sido muito glosada a reação do PR travando, dizem, este estranho processo, que se percebe desenvolvido completamente à margem de normativos legais, à margem de princípios fundamentais, com desprezo absoluto pela Marinha, pelo seu actual chefe, pelos vice-almirantes no activo. O PR teve o cuidado de afirmar publicamente que o CEMA não sai, PARA JÁ! Nem vale a pena gastar muitas palavras mais, talvez esperar que não o exonerem no dia de finados. Parece-me evidente que todos, os calados na sombra, e quem se pronuncia publicamente, se qualifica a si próprio.

- Contrariamente ao que laconicamente se comunica NADA ESTÁ CLARO. E não está designadamente claro o envolvimento e desde quando do actual comandante supremo das Forças Armadas.
Cada semana que passa, e em relação aos mais diferentes sectores da sociedade portuguesa, é cada vez mais evidente o desprezo manifestado (por acções e inações) dos poderes políticos/ titulares de órgãos de soberania, por regras, por instituições, algo inaceitável num Estado democrático, de direito. 

- É trágico assistir-se cada vez mais ao - "servirem-se e não, servirem a sociedade". Muitos dos tristes "actores" do presente desprezam, culturas, história, até leis, actuando sem dignidade e sempre com jogos, ânsia de poderzinho pessoal e até vinganças. 
Não lhes importa manchar reputações de outrem, achincalhar procedimentos administrativos instituídos, queimar etapas, desprezar instituições. Não querem saber de princípios e valores, desprezam as palavras respeito, prestígio, coluna vertebral, hombridade.

- Isto não é nada bom para o nosso país, para a solidificação da democracia, do regime em que felizmente vivemos. Tenho-me interrogado, lá onde estão, o que pensarão disto tudo Melo Antunes, Salgueiro Maia e outros, que se esforçaram para alterar Portugal para melhor? Estou preocupado e muito zangado. 
E muito zangado porque ciente de que a realidade é terrível, e certos farsolas isso sabem perfeitamente. 
Sabem que não podem ser facilmente corridos, mesmo sendo conhecida lá no alto a sua tenebrosa manobra, e por isso prosseguem na sombra, sinistros.
António Cabral (AC)

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