(sublinhados da minha responsabilidade)
O FAZEDOR de VAZIOS
Alexandre Borges
Alexandre Borges
António Costa deixa uma economia que se alimenta de duas coisas: turismo e impostos; uma, volátil; a outra, canibal.
Sai na semana em que o Presidente do STJ declarou que a corrupção está a crescer.
Um dia, quando olharmos para trás, será estranho perceber qual foi o legado de António Costa.
António Costa foi o segundo primeiro-ministro que mais tempo governou no Portugal democrático. Mais tempo do que Sócrates, mais tempo do que Passos, muito mais tempo do que Soares.
Um dia, quando olharmos para trás, será estranho perceber qual foi o legado de António Costa.
António Costa foi o segundo primeiro-ministro que mais tempo governou no Portugal democrático. Mais tempo do que Sócrates, mais tempo do que Passos, muito mais tempo do que Soares.
Durante oito anos, não fez uma reforma.
Gabou-se de sentir “calafrios” de cada vez que ouvia a expressão “reformas estruturais”.
Conduziu o governo mais rico dos últimos 50 anos em Portugal, consequência do reforço das verbas europeias e do contínuo somar de recordes no arrecadamento fiscal, e não fez nada com o dinheiro.
Aumentou o salário mínimo, mas deixou enterrar o médio; distribuiu esmolas, mas só aumentou o número de pobres. Cavaco tinha o CCB e as estradas; Guterres a Expo lançada por Cavaco; Durão os estádios lançados por Guterres; Sócrates as estradas duplicadas e as eólicas; Costa deixa um buraco aqui e um pasto ali, para o aeroporto que nem sequer conseguiu decidir onde fazer.
Durante oito anos, somaram-se os desastres.
Durante oito anos, somaram-se os desastres.
Na Administração Interna, quando Pedrógão ardeu e o Estado colapsou. Quando nada daquilo alguma vez voltaria a acontecer e, afinal, aconteceu logo em Outubro.
Quando agentes do SEF mataram à paulada um cidadão estrangeiro e, a seguir, simplesmente, se desmantelou o SEF.
Quando o ministro andou a vender golas anti-fogo que, afinal, eram inflamáveis, e acabou a atropelar um homem na autoestrada e nem saiu do carro.
Quando Costa segurou esse ministro contra tudo e todos – até alguém lhe dizer que ia perder as eleições se não o deixasse cair.
Porque, durante oito anos, a única coisa que pareceu importar a António Costa foi isto: o poder. Para fazer o quê? Ninguém sabe. Ninguém viu.
Na Defesa, foi o pior ataque.
Na Defesa, foi o pior ataque.
Do embaraçoso roubo das armas de Tancos ao escândalo do secretário de Estado envolvido num caso de corrupção, passando pelos Leopards oferecidos à Ucrânia de que, afinal, só se aproveitavam três e pelo navio da Marinha em que os próprios militares se recusaram a embarcar e que acabaria a avariar em plena missão, meia dúzia de dias depois.
Nas infra-estruturas, tivemos ministros e adjuntos à pancada.
Na economia, um ministro inútil, desmentido pelos seus próprios secretários de Estado.
Durante oito anos, António Costa criou os maiores governos de sempre, entre pastas que não existiram – Economia, Ciência, Cultura, Planeamento, Coesão Territorial (o que quer que isso seja), e outras cujos titulares chegam ao fim envoltos nas maiores suspeitas – Finanças, Infraestruturas, Negócios Estrangeiros.
Durante oito anos, António Costa criou os maiores governos de sempre, entre pastas que não existiram – Economia, Ciência, Cultura, Planeamento, Coesão Territorial (o que quer que isso seja), e outras cujos titulares chegam ao fim envoltos nas maiores suspeitas – Finanças, Infraestruturas, Negócios Estrangeiros.
Oito anos em que a única coisa que cresceu foi o PS e os seus tentáculos, estendendo-se ainda mais pelas empresas públicas, pelos órgãos reguladores, por tudo o que mexe, e onde tudo, cada vez mais, em Portugal, depende de uma só coisa: a fidelidade a quem seja, circunstancialmente, líder do Partido Socialista.
Durante oito anos, António Costa tentou, acima de tudo, ser ambíguo. Que as suas palavras pudessem querer dizer o máximo de coisas possíveis, de maneira a nunca se comprometer com nada.
Durante oito anos, António Costa tentou, acima de tudo, ser ambíguo. Que as suas palavras pudessem querer dizer o máximo de coisas possíveis, de maneira a nunca se comprometer com nada.
Nas vezes em que arriscou não o fazer, foi o fracasso absoluto: nos médicos de família que todos os portugueses iam ter e cada vez menos têm; nos milhares de casas que se ia construir e que nunca saíram da imaginação sabe-se lá de quem.
A TAP foi o símbolo do seu reinado: comprou-a de volta para a voltar a vender e nem isso conseguiu levar até ao fim.
Pelo caminho, fez o país gastar milhares de milhões de euros e, o que ainda é pior, anos de vida. Para absolutamente nada.
Mas o mais estranho, o mais inexplicável, foi a bazófia.
Mas o mais estranho, o mais inexplicável, foi a bazófia.
Durante oito anos, António Costa deixou acumular o que tentou desvalorizar como “casos e casinhos”.
Incompetências, mentiras, acusações de corrupção dentro do seu governo, entre pessoas cada vez mais próximas do seu círculo.
Se, a princípio, ainda tentou manter a uma distância de segurança a tralha socrática, a dado momento chamou-a, como agora se vê, para dentro do seu próprio gabinete. E apesar de tudo, de todos os avisos, de todo o histórico, continuou a cantar de galo, cada vez mais alto, cada vez mais arrogante, de forma cada vez mais gratuita, por pura e simples exibição da mesma coisa: o poder.
Na semana passada, tentou achincalhar o Presidente, a oposição, o regime, colocando o ministro cuja cabeça há tanto tempo Marcelo pedira a encerrar o debate do Orçamento – e a dar-se ao cinismo supremo de citar essa mesma “sua excelência” Marcelo.
Na semana passada, tentou achincalhar o Presidente, a oposição, o regime, colocando o ministro cuja cabeça há tanto tempo Marcelo pedira a encerrar o debate do Orçamento – e a dar-se ao cinismo supremo de citar essa mesma “sua excelência” Marcelo.
Parecia ter tudo sob controlo – mais sob controlo do que nunca.
Para cair, afinal, descontroladamente e sem aviso, uma semana depois. Fica, ao menos, uma declaração digna na demissão, e uma das poucas sem ambiguidades que alguma vez logrou fazer.
Oito anos volvidos, deixa Portugal ainda mais pobre.
- António Costa demite-se do Governo e deixou:
- A maior carga fiscal de sempre: 36,4% do PIB;
- A maior dívida pública de sempre: 276 mil milhões de euros;
- O maior número de portugueses sem médico de família de sempre: 1,7 milhões de portugueses;
- 42,5% dos portugueses em risco de pobreza, antes de transferências sociais:
- O menor número de processos findos nos tribunais portugueses desde 1985: 524 mil (com exceção de 2020, ano de maior impacto da pandemia);
- O ano de menor acesso dos cidadãos à justiça desde 1979: 484 mil processos entrados nos tribunais portugueses;
- O pior mês da história do Serviço Nacional de Saúde, nas palavras do próprio Governo;
- 583 mil utentes em lista de espera para consultas;
- 235 mil inscritos em lista de espera para cirurgias;
- 32% dos utentes a serem atendidos para lá do tempo recomendado;
- Médicos e enfermeiros em guerra;
- Professores e auxiliares em guerra;
- Forças Armadas em processo de falência e com níveis operacionais em risco;
- Crise total na habitação, impossibilidade de os portugueses conseguirem casa para morar; e
- A própria Economia a começar a definhar, o último trimestre já foi de contração.
Esta é uma fotografia real, com dados oficiais, de alguns dos mais importantes indicadores da sociedade que somos.
É neste quadro que António Costa se demite.
Oito anos volvidos, deixa Portugal ainda mais pobre.
- António Costa demite-se do Governo e deixou:
- A maior carga fiscal de sempre: 36,4% do PIB;
- A maior dívida pública de sempre: 276 mil milhões de euros;
- O maior número de portugueses sem médico de família de sempre: 1,7 milhões de portugueses;
- 42,5% dos portugueses em risco de pobreza, antes de transferências sociais:
- O menor número de processos findos nos tribunais portugueses desde 1985: 524 mil (com exceção de 2020, ano de maior impacto da pandemia);
- O ano de menor acesso dos cidadãos à justiça desde 1979: 484 mil processos entrados nos tribunais portugueses;
- O pior mês da história do Serviço Nacional de Saúde, nas palavras do próprio Governo;
- 583 mil utentes em lista de espera para consultas;
- 235 mil inscritos em lista de espera para cirurgias;
- 32% dos utentes a serem atendidos para lá do tempo recomendado;
- Médicos e enfermeiros em guerra;
- Professores e auxiliares em guerra;
- Forças Armadas em processo de falência e com níveis operacionais em risco;
- Crise total na habitação, impossibilidade de os portugueses conseguirem casa para morar; e
- A própria Economia a começar a definhar, o último trimestre já foi de contração.
Esta é uma fotografia real, com dados oficiais, de alguns dos mais importantes indicadores da sociedade que somos.
É neste quadro que António Costa se demite.
E, acrescento eu:
- Não há um único hospital novo
- Não há ferrovia de alta velocidade
- Obras em ferrovia e electrificação de troços muito atrasadas
- Creio que a emigração dos mais qualificados não pára
- Os sem abrigo aumentaram brutalmente
- Apesar das bazófias de estarmos a caminhar bem temos os salários mais baixos da Europa
- Devia-se equacionar com brevidade uma terceira travessia sobre o Tejo, ferroviária pelo menos
- O cadastro nacional está por fazer, quem é dono do quê
- E, resumidamente, estão muitos sectores do país a colapsar, educação, justiça, saúde, Forças Armadas, agricultura, ordenamento territorial, etc.
António Cabral (AC)
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