segunda-feira, 30 de maio de 2016

BERLIM
Berlim evoca muitas coisas. Era eu menino e moço, há sessenta anos, deliciava-me com umas bolas de Berlim de Cascais, e outras nas praias. Evoca-me o nazismo e horrores perpetrados por Hitler e seus sequazes. Muitas pessoas continuam a considerar que tudo isso se passou como se todo o povo desconhecesse e não colaborasse ou anuísse. A velha história - "ai se eles soubessem".
No presente, Berlim lembra-nos que é o motor económico da Europa, que manda na Europa, por muita azia que cause à "La grandeur de la France" ou à "velha Albion".
Vem isto a propósito da viagem do PR em visita oficial a Berlim.
O PR anda de certa maneira a seguir certas pisadas de Paulo Portas isto é, a fazer viagens de diplomacia económica, em prol da defesa da economia, das exportações, e a lembrar que Portugal voltou a ser bom aluno. Oxalá com diferentes resultados.
Porventura o PR não se esquecerá, não desconhecerá até, as diferenças abissais entre Portugal a Espanha a Itália e a Grécia. Nos planos, geopolítico, geoestratégico, populacional, e económico.
O nosso PR é, certamente, uma pessoa encantadora, simpático, convincente, com enorme poder de argumentação, inteligente, espertalhão, mas isso não é suficiente para compensar os desequilíbrios da balança. E Portugal, é pequenino, um torrãozinho de açúcar Queiroziano, mas não convence. Não chega.
Pelas minhas contas, o que conta, o que vai contar a seguir a 23 de Junho próximo, é se a Espanha se vai inclinar à esquerda. Se isso acontecer, é mais que certo levar com sanções e nós também. Ah, mas Passos Coelho pugnou por aplicar as orientações de Bruxelas. Mas não chegou e, continhas feitas, em 2015 ainda ficámos acima de 3,00‰. O resto são cantigas.
Ah, mas no passado França e Alemanha furaram os 3,00‰. Não interessa.
Em Portugal tende-se a esquecer o passado, a génese do lamentável estado em que continuamos.
A este propósito lembro-me sempre daquele homem humilde, que aforrou, que andava de suspensórios, barba sempre por fazer durante dias e a tratar das suas mercearias e vários armazéns, a trabalhar de Sol a Sol. Mas aforrou, e mandou os filhos estudar para Coimbra. E, um dia até, emprestou dinheiro a um finório da terra, dito fidalgo, mas galdério, das chamadas boas famílias, mas trabalhar isso é que era bom. Claro, um dia a riqueza familiar do passado foi-se. Ajoelhou.
E o humilde, o labrego, andou sempre com a espinha direita. E os filhos formaram-se. E aprenderam a nunca dar passos maiores que as pernas. Não, não é ficção.
Aguardemos pelas eleições em Espanha.
Ah, e já agora, quanto a bancos, os nosso jornalistas económicos, com e sem laço, continuam uns queridos. Entre outras coisas, a nunca se insurgirem contra a pouca vergonha da malandragem ligada aos vários negócios e negociatas, quanto ao desaparecimento de dezenas de milhões de euros há anos, quanto à pouca vergonha de passarem os anos e não há culpados. Da pouca vergonha na CGD estou convicto de que nunca haverá culpados. Foi alguém de Marte. Ah, e como se estas pouca vergonhas não se soubessem em Berlim e, em paralelo com desígnios obscuros de concentração bancária, estes escândalos não incentivassem a isso mesmo.
AC

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